Nos últimos dias, por determinação do presidente da Caixa, Pedro Guimarães, foram demitidos o diretor-presidente da Funcef, assim como o diretor de Participações e a diretora de Investimentos do fundo de pensão dos empregados da Caixa. Outra mudança ocorreu nos conselhos Deliberativo e Fiscal: conselheiros eleitos em 2016 e seus suplentes tiveram o mandato encerrado por decisão do Conselho Deliberativo, o qual foi feito o uso do voto de minerva pelo presidente do órgão, indicado pela Caixa.
Como não foi publicada pela Funcef qualquer justificativa para as mudanças, resta aos participantes as informações que circulam na mídia. Segundo matéria publicada pelo site Investidor Institucional, uma fonte próxima dos acontecimentos afirmou que os diretores foram substituídos por duas razões: “falta de empenho em se livrar” dos diretores eleitos, considerados “comunistas” por Pedro Guimarães; e a negativa por parte destes diretores para o investimento na IPO da Caixa Seguridade.
Já o encerramento do mandato dos conselheiros eleitos teria sido baseado em parecer jurídico, tido como questionável, pois quebra a paridade de representação nos conselhos Deliberativo e Fiscal, estabelecida pelo Estatuto da Funcef e Lei Complementar 108/2001.
“A Funcef e os recursos dos participantes não pertencem à Caixa, e tampouco devem servir aos interesses do projeto privatista da direção do banco, que atua por ordem do governo federal. Os diretores demitidos eram contra investir recursos dos participantes na IPO da Caixa Seguridade. Nós, do movimento sindical, enquanto representantes dos empregados, também somos contrários a esse investimento, que enfraquece a Caixa. É um absurdo impor aos participantes da Funcef que sejam parte do processo de fatiamento e privatização do banco, em detrimento dos próprios interesses na gestão dos seus recursos”, critica Valter San Martin, dirigente sindical, aposentado da Caixa e Diretor da Anapar/Regional SP.
“Soma-se a isso, a informação, publicada pelo Investidor Institucional, de que Pedro Guimarães quer se livrar dos diretores eleitos da Funcef; o encerramento do mandato de conselheiros eleitos, com voto de minerva pelo indicado da Caixa; o processo eleitoral que se arrasta há mais de um ano; e a tentativa de alteração do Estatuto da Funcef por indicados do banco. Este quadro evidencia a ingerência por parte de Pedro Guimarães, presidente da patrocinadora, na gestão dos recursos dos participantes da Funcef. Para ampliar essa ingerência, a direção da Caixa ataca também a eleição para os conselhos, uma previsão legal da Lei Complementar 108/2001, fruto da luta dos participantes pela democratização e melhor governança da Funcef”, acrescenta.
O Sindicato cobra da direção da Caixa esclarecimentos sobre as informações vinculadas pela imprensa.