A Caixa registrou, no 1º trimestre de 2022, lucro líquido recorrente de R$ 2.5 bilhões, queda de 19,6% em relação ao mesmo período de 2021 e de 14,9% em relação ao trimestre anterior. O resultado foi impactado pelas provisões de risco de crédito referentes ao Programa Nacional de Apoio às Microempresas e Empresas de Pequeno Porte (Pronampe) e ao Fundo Garantidor de Investimentos (FGI). Desta forma, o lucro líquido gerencial, já considerando o impacto de 100% das operações de crédito do Pronampe e FGI, ficou em R$ 3 bilhões. Já a rentabilidade sobre o patrimônio líquido (ROE) foi de 14,17%, redução de 2,16 p.p.
Caixa precisa contratar mais
A Caixa encerrou o 1º trimestre com 86.850 empregados, com abertura de 4.974 postos de trabalho em doze meses. Esse crescimento atende à ordem judicial de convocação de aprovados em concurso realizado em 2014, após importante atuação da Fenae (Federação Nacional das Associações do Pessoal da Caixa), Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região.
Além disso, o número de novas contratações repõe apenas em parte a necessidade do banco público, que em 2014 chegou a ter 100.677 empregados. Como o aumento do número de postos de trabalho em 12 meses foi acompanhado do crescimento de aproximadamente 2,7 milhões de clientes, manteve-se em patamar muito elevado a relação do número de clientes por empregado (1.708,7 clientes por empregado), o que sobrecarrega os trabalhadores e os leva ao adoecimento.
“Foi uma importante vitória do movimento sindical e dos empregados que a gestão da Caixa fosse obrigada a contratar quase 5 mil empregados. Entretanto, a sobrecarga de trabalho a qual os empregados da Caixa estão submetidos permanece absurda e adoece os trabalhadores. Diante dos milhões de novos clientes, é urgente que a Caixa contrate mais empregados. Os bancários da Caixa estiveram na linha de frente no atendimento à população durante a pandemia e, mesmo submetidos a esta sobrecarga e condições de trabalho inadequadas impostas pela direção do banco, construíram um resultado histórico em 2021. Valorizar os empregados é contratar mais e oferecer condições de trabalho dignas para que exerçam suas funções. Além disso, enquanto banco público, é obrigação da Caixa repor seu quadro de funcionários pelo menos ao nível de 2014 para que a população tenha o atendimento adequado”
Tamara Siqueira, dirigente do Sindicato e empregada da Caixa
As receitas de prestação de serviços e com tarifas bancárias aumentaram 5,8% em doze meses, alcançando R$ 6 bilhões. Já as despesas com pessoal, incluída a PLR, cresceram 13,12% em doze meses, totalizando R$ 6,5 bilhões. Desta forma, somente com a prestação de serviços e com tarifas bancárias, uma receita secundária, a Caixa paga 93,06% de suas despesas com pessoal.
Vai ter luta
De acordo com a dirigente do Sindicato, não é prioridade de empresas públicas, como a Caixa, registrar lucros exorbitantes. “A Caixa, diferente dos bancos privados, cumpre um importantíssimo papel social para o país. É papel da Caixa, enquanto banco público, fornecer crédito mais barato e estimular a economia, além de financiar obras de infraestrutura, saneamento e fazer a operação de programas sociais. Função pública que está em permanente ataque por parte da atual gestão do banco e do governo federal, de viés extremamente neoliberal e privatista”, destaca Tamara.
“2022 é ano da nossa Campanha Nacional dos Bancários, no qual renovaremos nossa Convenção Coletiva de Trabalho e o Acordo Coletivo de Trabalho dos empregados da Caixa. Lutaremos juntos para defender nossos direitos, por novas conquistas, valorização dos empregados e também em defesa da Caixa 100% Pública e da sua função social. Para isso, é fundamental a participação de cada empregado nas assembleias e demais atividades da campanha. O primeiro passo é participar da Consulta Nacional, na qual os bancários indicam suas prioridades para a pauta de reivindicações. Juntos, como sempre, somos mais fortes”, conclui a dirigente do Sindicato.
Outros números
A Carteira de Crédito Ampliada teve alta de 11,2% em doze meses, totalizando R$ 889 bilhões. A carteira de crédito com pessoas físicas cresceu 19,8% no período, somando R$ 111,3 bilhões. No segmento de pessoas jurídicas, o aumento foi de 8,7% em relação a março de 2021, alcançando R$ 78,8 bilhões. Com saldo de R$ 570,5 bilhões e participação de 64,1% na composição total da carteira, o crédito imobiliário cresceu 10,1%, em doze meses. Já as operações de saneamento e infraestrutura elevaram-se 0,2% no período, totalizando R$ 92 bilhões. Por sua vez, o crédito rural cresceu 142,9%, somando R$ 21,2 bilhões em março de 2022.
A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,33%, com aumento de 0,29 p.p. na comparação com o ano anterior. As provisões para perdas associadas ao risco de crédito tiveram acréscimo de 25,34% no período, totalizando R$ 3,2 bilhões.