Foi realizada na última segunda-feira, 29 de maio, mesa de negociação entre o Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro) e a Fenaban (federação dos bancos).
"Os bancos precisam assumir de fato a responsabilidade do adoecimento do trabalhador, consequência da pressão absurda por metas abusivas, assédio moral, sobrecarga de trabalho e rotinas extremamente estressantes de trabalho. A mesa bipartite de Saúde precisa ser levada a sério pela Fenaban"
Valeska Pincovai, secretaria de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Fluxo para resolução de problemas
Na negociação, a representação dos trabalhadores do ramo financeiro propôs um fluxo para resolução de problemas que se arrastam há anos, como o endividamento dos bancários.
Mauro Salles, secretário de Saúde da Contraf-CUT, lembra que, durante a pandemia, a mesa permanente foi substituída por uma mesa específica sobre protocolos de segurança e prevenção à covid-19.
“Nós ficamos muito tempo sem realizar essa mesa específica, mas os problemas não pararam, até se agravaram, por conta da pandemia. Precisamos agora de um pacto de comum acordo para garantir que as normas de saúde acordadas na CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) tenham efetividade”, afirmou. “Nosso objetivo é apresentar propostas concretas para avançar em problemas relativamente fáceis de resolver – se efetivamente o objetivo seja a melhoria da saúde e das condições trabalho da categoria. Nós já temos um debate histórico, agora é hora de encaminhamentos concreto”, completou.
Descumprimento de cláusulas da CCT
Uma das reivindicações dos trabalhadores é a criação de um comitê bipartite para acompanhamento de eventuais descumprimentos de cláusulas da CCT. De acordo com o Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT, durante a pandemia foi realizada de maneira bem sucedida uma estratégia semelhante.
"Os sindicatos, de todo o Brasil, recebiam as denúncias, enviavam ao comitê, que procurava os bancos e retornavam para eles, com respostas e encaminhamentos para os problemas”, lembrou Mauro Salles.
Outra proposta é a criação de canais de diálogo com entidades e bancários para que haja o acolhimento adequado das demandas. Na avaliação da representação dos trabalhadores, quando o bancário necessita de tratamentos de saúde existe muita desorientação, falta de informações precisas, problemas no fornecimento de documentação, e no cumprimento da CCT.
Cláusula 61
Também foi reivindicado o aperfeiçoamento da cláusula 61 da CCT - que trata de Mecanismos de Prevenção de Conflitos nos Ambientes de Trabalho - com canais específicos para denúncias, com fluxo de apuração definido e transparente, e a participação dos sindicatos. "Diante de situações graves, 45 dias é um tempo muito longo para a apuração", avalia Salles.
PCMSO
Os dirigentes sindicais também cobram ter ciência do fluxo de informações do PCMSO (Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional), especialmente ao relatório anual.
Programa de Retorno ao Trabalho
Em relação ao Programa de Retorno ao Trabalho, previsto na cláusula 43 da CCT, os dirigentes enfatizaram que os bancos devem construir sua implementação junto com os sindicatos, garantindo a efetividade do que diz a cláusula. Por fim, o Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT cobrou da Fenaban a definição de um fluxo de encaminhamento dos bancários adoecidos com transparência e clareza nos procedimentos.
Outro lado
Por sua vez, após a apresentação das propostas da representação dos trabalhadores, a Fenaban pediu um tempo para estudar a pauta e retornou com a negativa sobre dar transparência aos dados do PCMSO, sugerindo a utilização de dados públicos, referentes ao ano de 2020.
A Fenaban se comprometeu a avaliar a reivindicação de criação de canal de denúncia e trazer uma proposta do que foi feito até o momento. Os representantes dos bancos também solicitaram mais informações sobre a criação de canais de diálogo com entidades e bancários. As demais demandas serão respondidas na próxima reunião.
O Coletivo Nacional de Saúde da Contraf-CUT se comprometeu a formalizar as reivinidicações e cobrou o máximo de celeridade da Fenaban para o retorno das demandas dos trabalhadores.
