Pular para o conteúdo principal

Ataques à Marina Silva escancaram violência de gênero que massacra, sem exceção, todas as brasileiras

Imagem Destaque
Ministra Marina Silva na Comissão de Infraestrutura

Nesta terça-feira, durante sessão da Comissão de Infraestrutura do Senado, na qual se debatia a proteção ambiental na Amazônia, a ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, foi vítima de violência política de gênero ao ser ofendida e silenciada por parlamentares. O caso escancara que nenhuma mulher, nem mesmo uma ministra de Estado, está livre de sofrer ataques misóginos e sexistas.

Um dos agressores, o senador Plínio Valério (PSDB-AM), líder do PSDB, disse que gostaria de separar "a ministra da mulher", porque "mulher merece respeito, a ministra não".

Cabe lembrar que o mesmo Plínio Valério, em 14 de março, durante cerimônia da Fecomércio (Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo), já havia proferido ataques violentos contra a ministra. "Imagine o que é tolerar Marina 6 horas e dez minutos sem enforcá-la", disse o senador na ocasião.

Por sua vez, o presidente da Comissão, senador Marcos Rogério (PL-RO), silenciou o microfone da ministra em diversos momentos e chegou a falar para a ministra que “ponha-se em seu lugar”.

Diante da violência política de gênero, a ministra Marina Silva exigiu um pedido de desculpas por parte de Plínio Valério, o que não ocorreu. A ministra então levantou-se e deixou a Comissão.

Marina Silva se manifestou em entrevista coletiva e através das redes sociais sobre a violência política de gênero da qual foi vítima. "Após mais uma agressão do senador Plínio Valério, lhe dei a opção de pedir desculpas, mas ele se negou. Por isso me retirei da sessão. Não posso aceitar ser agredida e não posso me calar quando atribuem a mim responsabilidades que não são minhas", declarou.

Já a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, manifestou o repúdio do governo Lula aos ataques misóginos contra a ministra do Meio Ambiente. "Inadmissível o comportamento do presidente da Comissão de Infraestrutura do Senado, Marcos Rogério, e do senador Plínio Valério, na audiência de hoje com a ministra Marina Silva. Totalmente ofensivos e desrespeitosos com a ministra, a mulher e a cidadã. Manifestamos repúdio aos agressores e total solidariedade do governo do presidente Lula à ministra Marina Silva".

Sindicato repudia violência contra a ministra Marina Silva

Em artigo, a presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Neiva Ribeiro, repudiou os ataques contra a ministra e alertou para o fato de que nenhuma mulher, até mesmo uma ministra de Estado, está livre de sofrer violência de gênero.

“A recente violência política sofrida pela ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, no Senado, por parlamentares, homens e brancos, não é um caso isolado, mas sim um reflexo de uma realidade alarmante enfrentada diariamente por milhões de mulheres no Brasil. Essa agressão simbólica e institucional está entrelaçada com a violência física, psicológica e sexual que atinge mulheres em seus lares, locais de trabalho e espaços públicos”, enfatiza a presidenta do Sindicato.

“Fica então um questionamento: Se esse tipo de violência atinge uma parlamentar, uma ministra de Estado, imagine o que não acontece com a trabalhadora invisibilizada e vulnerável? É a dura realidade brasileira, onde gênero e condição social se cruzam para aprofundar desigualdades e violências”, acrescenta.

Para a presidenta do Sindicato, o caso de violência contra a ministra Marina Silva se torna ainda pior por ela ser uma mulher negra. “O racismo estrutural se soma ao sexismo, ampliando a vulnerabilidade e a violência, evidenciando como a interseccionalidade de gênero e raça agrava as desigualdades e alimenta práticas violentas, mesmo — e sobretudo — contra mulheres que ocupam espaços de poder”.

Por fim, Neiva exige punição aos parlamentares que agrediram a ministra Marina Silva e reforça o compromisso do Sindicato na luta por uma sociedade mais justa, inclusiva e com oportunidade para todos. Livre de qualquer forma de violência e discriminação, seja ela de gênero, raça, classe ou orientação sexual.

"É imprescindível exigir punição exemplar no Conselho de Ética aos parlamentares que praticam violência política de gênero, reafirmando o compromisso com a democracia, a igualdade e o respeito às mulheres na vida pública", diz.

“Nesta sexta 30, será realizada mais uma rodada [de negociação] com os bancos sobre Diversidade, Inclusão e Pertencimento e temos orgulho de manter uma Mesa de Igualdade de Oportunidades no setor bancário, um espaço histórico e fundamental de diálogo entre as entidades sindicais e a representação patronal. A Mesa, que há décadas é referência no movimento sindical, busca combater as desigualdades de gênero, raça, orientação sexual e outras formas de discriminação no ambiente de trabalho, promovendo políticas inclusivas e de valorização da diversidade. Esse espaço tem permitido avanços importantes, como a ampliação de direitos, o fortalecimento de mecanismos de prevenção ao assédio e a construção de uma cultura organizacional mais respeitosa e igualitária”, conclui a presidenta do Sindicato e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários.

seja socio