
O movimento sindical tem alertado para os impactos negativos do fechamento de agências bancárias do Santander, que traz consequências diretas para trabalhadores e para a população. Nos últimos anos, o banco vem reduzindo significativamente o número de unidades físicas, justificando a medida pela digitalização dos serviços.
O fechamento de agências sobrecarrega as unidades restantes, resultando em superlotação e precarização do atendimento, além de gerar insegurança para os trabalhadores. Clientes que se deslocam para outras regiões encontram filas maiores e atendimento insuficiente, o que gera insatisfação e desrespeito ao consumidor.
Nesta segunda-feira, 19 de maio, Brasília foi palco de uma importante audiência pública promovida pelo deputado distrital Chico Vigilante (PT-DF), com apoio do movimento sindical. O evento teve como objetivo denunciar as práticas abusivas do Banco Santander no Brasil, especialmente o fechamento de agências e a terceirização irregular de atividades bancárias.
Apesar da justificativa de reestruturação e redução de custos, o Santander registrou um lucro líquido gerencial de R$ 13,872 bilhões em 2024, com um crescimento de 48,6% em relação ao ano de 2023. No primeiro trimestre de 2025, o lucro foi de R$ 3,861 bilhões, um aumento de 27,8% em relação ao mesmo período do ano anterior.
Observando o cenário setorial nacional, verifica-se que entre 2019 e 2024, a categoria bancária perdeu 30,6 mil vínculos de trabalho, uma redução de 7%, conforme dados da RAIS (Relação Anual de Informações Sociais). Contraditoriamente, no mesmo período, o Grupo Santander aumentou seu número de trabalhadores de 47,8 mil para 55,6 mil, uma alta de 16,37%. Essa disparidade causa estranhamento, especialmente considerando que o Santander fechou aproximadamente 280 agências, o que corresponde a uma redução de 10% de sua rede física.
Essa contradição se explica pela estratégia do Santander de transferir trabalhadores da estrutura do banco para empresas coligadas do conglomerado, que possuem CNPJs com CNAEs diferentes, muitas vezes fora do setor financeiro. Para ilustrar a situação, lembramos o caso das empresas F1RST, enquadrada em “Desenvolvimento de Programas de Computador sob Encomenda”, e a Tools, em “Preparação de Documentos e Serviços Especializados de Apoio Administrativo”.
A transferência de trabalhadores para empresas não bancárias permite ao Santander reduzir os custos com pessoal, já que as novas empresas adotam convenções coletivas menos favoráveis aos trabalhadores.
A estratégia de segmentação também fragmenta a representação sindical, retirando os trabalhadores da base dos sindicatos dos bancários e os enquadrando em categorias menos protegidas. Por exemplo, os trabalhadores da F1RST foram enquadrados no SindPD (Sindicato dos Trabalhadores em Processamento de Dados), cujas cláusulas coletivas são menos vantajosas do que a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários.
Além disso, a prática adotada pelo Santander afeta a arrecadação tributária do país, uma vez que a mudança na natureza jurídica dos contratos trabalhistas impacta negativamente na contribuição para a Previdência Social e para o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS), reduzindo recursos para políticas públicas.
O movimento sindical lançou uma campanha nacional contra a precarização das relações de trabalho no Santander, exigindo o reconhecimento dos trabalhadores como bancários quando desempenham funções típicas do setor financeiro. A luta continua com ações judiciais e a intensificação do diálogo com parlamentares para garantir que a categoria bancária seja protegida contra estratégias de precarização, desrespeito e desmonte.
