
Bancários e bancárias se uniram a trabalhadores de outras categorias neste primeiro de maio, Dia do Trabalhador, para pressionar pela redução da jornada, pelo fim da escala 6 X 1, pela taxação dos super-ricos e pela isenção do IR para quem ganha até R$ 5 mil.
Duarante a atividade organizada pela CUT-SP em Osasco, na grande São Paulo, os trabalhadores também protestaram contra a privatização dos serviços públicos na educação, na saúde, no Metrô e na CPTM; e cobraram a condenação dos golpistas que atentaram contra a democracia.
“É um dia de festa, de alegria, mas também de luta, e de consciência política e de classe. A gente precisa o tempo todo estar organizados e atentos para defender os nossos direitos. Nós estamos em uma conjuntura política, econômica e geopolítica na qual o mundo do trabalho está muito ameaçado”, alertou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, durante a atividade.

Neiva lembrou que os trabalhadores estão enfrentando jornadas exaustivas. “Não é à toa que a luta contra a escala seis por um está tomando essa dimensão. Não é um problema que afeta a categoria bancária, porque nós temos a jornada de seis horas, fruto de muita luta e organização do Sindicato ao lado categoria bancária, mas nós estamos reivindicando a jornada de quatro dias de trabalho. Porque isso aumenta a produtividade do trabalho e preserva as pessoas do adoecimento.”
“Além disso, a gente quer justiça tributária, quer pagar menos impostos, seja na renda, seja no consumo. E a gente quer que os super ricos paguem impostos. A gente precisa estar nas ruas, unir nossas forças e mostrar que a nossa pauta é importante”, afirmou.

Ivone Silva, vice-presidenta da CUT-SP, lembrou que a classe trabalhadora conquistou nos últimos anos aumento real do salário mínimo e a garantia, na Constituição Federal, de direitos como licença-maternidade, licença-paternidade.
“Essas direitos vieram com muita luta e organização, mas nós temos muito ainda a avançar, como a redução da jornada de trabalho. Temos de fazer um bom debate sobre a escala de trabalho. Não é possível as pessoas trabalharem seis, sete dias da semana sem folga. E também a isenção do imposto de renda até R$ 5 mil. A tabela não foi reajustada durante os quatro anos do governo anterior e nós, trabalhadores, estamos pagando mais imposto do que os empresários. Então é justo que quem ganha menos pague menos imposto; e quem ganha mais, pague mais imposto.”
“Essa é a nossa luta. E os trabalhadores precisam vir com a gente, mandando e-mail para os seus deputados, para os seus senadores, para que eles votem favorável à isenção do imposto de renda e também à diminuição da nossa jornada”, conclamou Ivone.
Marcha da Classe Trabalhadora
As manifestações do primeiro de maio foram realizadas três dias após a Marcha da Classe Trabalhadora, que reuniu milhares de pessoas em Brasília na terça-feira 28 de abril. Ocasião em que a pauta da classe trabalhadora com mais de 30 reivindicações, como o fim da exala 6x1 isenção de IR para quem ganha até R$ 5 mil e a redução do IR para quem ganha até R$ 7 mil.
Osasco: histórica na luta operária
Neste primeiro de maio, a CUT-SP optou por realizar atos descentralizados. Foram promovidas duas atividades. A principal em São Bernardo do Campo e outra em Osasco, onde os bancários se reuniram a outros trabalhadores na Praça do Samba para protestar e celebrar ao som de samba.
“Osasco é uma cidade com um histórico da luta operária, uma luta que gerou uma repressão muito grande, e que resultou no endurecimento do regime militar contra a classe trabalhadora”, lembrou Antonio Netto, dirigente do Sindicato e membro da direção da CUT-SP, fazendo alusão a greve da Cobrasma, ocorrida em julho de 1968, e que terminou com mais de 100 trabalhadores presos pelo regime militar.

“O primeiro de maio é um dia histórico de luta da classe trabalhadora. Um dia que marca os mártires de Chicago, os operários que iniciaram uma luta e foram brutalmente reprimidos e assassinados. O primeiro de maio é um feriado, é um dia em que a gente pode descansar, celebrar, mas sempre relembrar o histórico de luta, e por isso nós estamos em Osasco hoje,”
“Agora, a luta mais importante é a isenção do imposto de renda para quem ganha até 5 mil, para que os mais ricos deem como contrapartida essa isenção para a classe trabalhadora, ou seja, os pobres estejam no orçamento do Estado, e não pagando imposto, e os ricos estejam no imposto de renda. Além disso, a redução dessa extenuante jornada de trabalho, para que o trabalhador possa ter o direito ao trabalho, ao lazer e ao descanso”, reforça Antonio.
