São Paulo - Apesar do recorrente discurso de responsabilidade social e das constantes quedas da taxa Selic, os bancos mantém os juros do cartão de crédito congelados na estratosfera. Segundo dados da Anefac (Associação Nacional dos Executivos de Finanças, Administração e Contabilidade), desde fevereiro de 2010, as taxas praticadas ficam perto dos 230% ao ano.
No mesmo período, a taxa básica de juros do país, a Selic, teve pico de 12,5% ao ano, no meio de 2011, e menor valor nos atuais 8,5% também ao ano. Desta forma, os juros do cartão de crédito chegaram a 18 vezes maior do que a Selic e, atualmente, são nada menos do que 27 vezes mais alto.
Se comparada com países da América Latina, a conclusão também é de que o valor cobrado aqui está nas alturas. Estudo divulgado no começo do ano pela Proteste, envolvendo Argentina, Chile, Colômbia, Peru, Venezuela e México, apontou que as taxas cobradas no Brasili são as mais altas da região, com média cinco vezes mais alta do que a segunda colocada Argentina.
Pressão - Nas mais recentes reuniões do Conselho de Política Monetária (Copom), responsável pela definição da Selic, houve seguidas reduções que levaram a taxa básica para os 8,5% ao ano, a menor desde 1986, quando teve início a série histórica. E deve vir mais por aí.
Segundo o presidente do Banco Central (BC), Alexandre Tombini, em depoimento na Comissão de Assuntos Econômicos do Senado Federal na terça 12, ainda não chegou à ponta toda a redução de 400 pontos na taxa básica de juros da economia.
A pressão vem também da presidenta Dilma Rousseff, que voltou, na mesma terça 12, a cobrar dos bancos a redução das taxas de juros. "Reduzir o custo capital do país é reduzir juros. Não se faz isso por decreto, e sim perguntando: qual é a nossa diferença que explica tecnicamente juros que não se compadecem com a qualidade da nossa situação econômica?", afirmou, segundo o jornal O Globo, acrescentando que o país tem a "inflação e finanças públicas sob controle".
Redação, com informações do O Globo e do UOL - 14/6/2012
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Desde fevereiro de 2010, taxa média cobrada pelas instituições financeiras fica perto de 230% ao ano
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