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Pesquisa escancara exclusão bancária

Linha fina
Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria e pelo Ibope aponta que 36% da população estão fora do sistema financeiro
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Brasília – Por não ter condições financeiras, mais de um terço da população brasileira – exatos 36% – não possui conta corrente ou poupança, revela a pesquisa CNI-Ibope Retratos da Sociedade Brasileira: Inclusão Financeira, divulgada nesta terça-feira, 12 de maio, pela Confederação Nacional da Indústria (CNI).

A pesquisa informa que quatro em cada cinco brasileiros, correspondendo a 78% da população, usam dinheiro como principal forma de pagamento, enquanto 13% lançam mão do cartão de crédito.  A utilização de dinheiro é mais comum entre as pessoas de baixa renda, atingindo 88% de quem ganha até um salário mínimo, contra 38% de quem possui renda superior a 10 salários mínimos. O cartão de débito aparece na terceira posição, com 6% de usuários, e na última posição, empatados com 1%, estão o cheque e o vale-alimentação.

O levantamento aponta o correspondente bancário – lotéricas, Correios e supermercados – como o serviço mais usado por quem tem conta em banco, sendo acionado por 84%. O correspondente bancário não pode ser considerado, porém, o de uso mais frequente, que recai sobre o caixa eletrônico, ao qual recorrem 16% daqueles que utilizam os serviços bancários quatro vezes ou mais por semana, contra 14% do correspondente bancário.

Renda e escolaridade – A principal razão da exclusão bancária, apontada por 60% dos entrevistados, é a falta de condições financeiras. Por faixas de renda, tal percentual atinge 69% entre os que recebem até um salário mínimo e 50% daqueles com mais de 10 mínimos. Por escolaridade, 67% daqueles com ensino até a 4ª série do fundamental não têm conta em banco ou poupança, contra 35% dos entrevistados com ensino superior.

O segundo principal motivo da exclusão bancária, alinhado por 11% das pessoas pesquisadas, é o alto custo bancário – ou seja, as tarifas e os juros cobradas pelos bancos. Segue-se a falta de necessidade, com 7%.

Entre os que estão incluídos no sistema bancário, a maioria utiliza os bancos para pagar contas (76%). Apenas 11% usam o sistema bancário para guardar dinheiro ou realizar aplicações financeiras. O recurso da internet para serviços bancários é feito por 14% dos que estão incluídos.

A constatação da pesquisa CNI-Ibope de quanto mais baixa a renda familiar, menor o grau de bancarização, pode ser aferida também pela constatação de que apenas 5% da população utiliza produtos como seguro, título de capitalização, previdência privada e consórcio. Considerando-se as pessoas com renda familiar superior a dez salários mínimos, essa participação sobe a 28%.

Poupança e endividamento – O hábito de poupar é comum a somente três em cada dez brasileiros. Na população com renda superior a dez salários mínimos, 66% fazem alguma reserva de dinheiro, percentual que é de 17% entre os que ganham até um salário mínimo.

A principal forma de reserva é a caderneta de poupança. Dos que guardam dinheiro com frequência, 68% utilizam a caderneta, que é seguida pela reserva de dinheiro em casa ou na conta corrente, ambas com 16% das respostas. As aplicações financeiras, como fundos de investimentos e CDBs, entre outras opções, são feitas somente por 3% da população.

O economista da CNI Danilo Garcia, que apresentou a pesquisa, disse que, na comparação com padrões internacionais, o brasileiro poupa pouco. “Temos um percentual relativamente baixo de poupança. Isso pode significar, entre outros fatores, que o crédito está sendo tomado para o consumo”, declarou.

O levantamento revelou também que quanto maior a renda, maior a probabilidade de endividamento. Entre os que têm rendimento  acima de dez salários mínimos, 53% estão endividados. O percentual de endividamento cai para 26% entre os que recebem até um salário mínimo. Os homens estão devendo mais do que as mulheres. Na média geral, 41% deles disseram estar com alguma dívida, contra 35% delas.

A opção de endividamento mais assinalada foi o cartão de crédito, com 32% do total. Em seguida apareceram o carnê ou caderneta direto com a loja (25%), outro tipo de financiamento ou empréstimo com o banco (20%), empréstimo consignado (17%), cartão de loja (16%) e empréstimos com financeiras (8%).

O limite do cheque especial representa apenas 5% do endividamento. Garcia explicou que as opções oferecidas pelos bancos permitiram uma migração do cheque especial, de juros elevados e de curtíssimo prazo, para dívidas de prazos maiores e juros menores. “Houve troca de dívidas”, completou.

A pesquisa CNI-Ibope Retratos da Sociedade Brasileira: Inclusão Financeira foi feita com 2.002 pessoas em 141 municípios entre 15 e 19 de março último. Tem margem de erro de dois pontos percentuais para cima ou para baixo.


Agência CNI Notícias - 12/6/2012

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