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Jogo no Itaú é de assédio e demissões

Linha fina
No Centro Empresarial Conceição, cerca de dez funcionários foram demitidos da Superintendência de Patrimônio, Logística e Numerário. No Compliance, consultoria contratada aumenta apreensão
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São Paulo – Recentes demissões da Superintendência de Patrimônio, Logística e Numerário têm aprofundado o clima de tensão e insegurança vivido pelos trabalhadores do Centro Empresarial Conceição do Itaú Unibanco, Ceic.

Bancários relatam que as dispensas são sem nenhum critério e não relativas à “baixa performance”, sempre alegada pelo banco. Uma trabalhadora acredita que haja uma lista, com cartas marcadas, num sistema “sem meritocracia, num clima insuportável", diz.

Um fator que aumenta a desconfiança no Ceic é o trabalho de uma empresa de consultoria para mapear as atividades dos bancários na diretoria de Compliance e Controle Internos.

Segundo o dirigente sindical Sérgio Francisco, representantes de Sindicato já questionaram o banco. "O Itaú afirmou que essa consultoria diz respeito apenas em procedimentos internos. Porém, não é a primeira vez que contratam empresas assim antes de fazer uma leva de demissões", conta.

"Os trabalhadores que se sentirem ameaçados deverão procurar o Sindicato porque não vamos dar sossego enquanto as demissões continuarem e enquanto as metas forem impossíveis e abusivas, como acontece hoje", ressalta.

Sérgio Francisco aponta  que "o amor à camisa" pedido nas propagandas do Itaú é impraticável na medida em que os trabalhadores mostram-se doentes e extremamente descontentes com a gestão de pessoas.

De olho no lance - "É inconcebível que o maior banco privado do país, que apresenta lucros bilionários a cada trimestre, que prega a sustentabilidade e que patrocina a Copa do Mundo ainda tenha práticas que vêm na contramão da classe trabalhadora", destaca.

"Não há motivos para demissões porque os trabalhadores de todas as áreas estão sobrecarregados. Nada impede que os funcionários sejam realocados", propõe.

Para o dirigente do Sindicato, há uma contradição entre as demissões e os lucros da instituição financeira: " O quadro de funcionários vem sendo agressivamente reduzido, com uma política de corte de custos, pressão e assédio moral. Acontece que são os trabalhadores os responsáveis pelos ótimos resultados apresentados no balanço. É contraditório.”

Só entre janeiro e março deste ano, o Itaú fechou 733 vagas em todo o Brasil. Em um ano, foram 2.759 postos de trabalho a menos. As despesas de pessoal aumentaram apenas 3,8%, bem abaixo dos reajustes conquistados pela categoria bancária em 2013.

Enquanto isso, no primeiro trimestre, o lucro do Itaú cresceu 29% em relação aos três primeiros meses de 2013, com um lucro líquido de R$ 4,529 bilhões.


Mariana Castro Alves – 2/6/2014

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