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Metalúrgicos acampam em frente à Mercedes

Linha fina
Protesto cobra readmissão de 500 trabalhadores e reivindica acordo de proteção ao emprego similar ao da Alemanha, onde fica a matriz da montadora
Imagem Destaque
São Paulo – Cerca de 300 metalúrgicos estão acampados na Praça dos Trabalhadores da Mercedes-Benz em frente à entrada principal da montadora alemã, em São Bernardo do Campo. O protesto começou na segunda-feira 8 em resposta à demissão de 500 funcionários da unidade, em 25 de maio.

Vídeo: veja reportagem especial da TVT

Segundo o diretor do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e coordenador do Comitê Sindical de Fábrica, Kleber Nunes, a manifestação não tem data para terminar. “Estamos reivindicando a readmissão dos colegas e que a montadora marque negociação para discutirmos formas de mantermos o emprego de todos os trabalhadores. Desde que caiu a produção de veículos, principalmente no ano passado, houve a redução de cerca de mil postos de trabalho na Mercedes de São Bernardo: de 11 mil empregados passou para cerca de dez mil funcionários. Isso sem considerar as dispensas atuais que lutamos para reverter.”

As demissões atingiram 500 dos 750 funcionários que estavam em lay-off (suspensão temporária do contrato de trabalho) desde junho do ano passado e deveriam retomar suas funções na segunda 15. Esses funcionários têm metade da remuneração paga pela empresa e o restante por recursos do Fundo de Amparo ao Trabalhador (FAT), mas não há recolhimento da Previdência Social – interrompendo o tempo de contribuição para contagem da aposentadoria – nem para o Fundo de Garantia por Tempo de Serviço. Durante o período de afastamento, as pessoas têm de fazer cursos de qualificação profissional e dispõem de verba de R$ 1,3 mil exclusivamente para essa finalidade.

De acordo com o dirigente sindical, além da readmissão dos metalúrgicos, está sendo proposto um acordo – com a participação do governo federal – chamado pelos trabalhadores de Programa de Proteção ao Emprego (PPE). “Na Alemanha, onde está a matriz da Mercedes, é acordado que se a produção cai por exemplo 10%, a jornada de trabalho reduz 10% e, na mesma proporção, a remuneração do trabalhador. No entanto, o governo alemão complementa o salário dos funcionários para que não tenham perdas. Queremos algo similar no Brasil”, explica Kleber Nunes. “Em vez de o governo brasileiro gastar com o seguro-desemprego que as dispensas demandam, esse mesmo recurso ajudaria num complemento salarial quando a produção recuasse. Um auxílio provisório, pois deixaria de ser repassado quando a produção no setor voltasse a aquecer. Além disso, o impacto na Previdência e no FGTS seria bem menor em relação ao lay-off. Seria apenas mudança de lógica, mas assegurando o emprego de centenas de pessoas.”

Kleber lembra que essa demanda já foi levada ao governo federal e conta, inclusive, com apoio da Anfavea (Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos e Automotores). “Estamos lutando em várias frentes e o mais gratificante é que as pessoas passam pelo acampamento e acenam ou disparam buzinas para saldar nossa luta que, na verdade, é de toda sociedade.”

O acampamento é mantido 24 horas por dia com o revezamento de três turnos. São doze barracas e foi montada uma cozinha comunitária. Os metalúrgicos também já fizeram manifestações em frente às concessionárias da montadora.
 
Jair Rosa – 10/6/2015
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