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Big Brother no Itaú para justificar demissões

Linha fina
Banco usa sistema de monitoramento por câmeras e funcionários do Compliance para encontrar erros no registro de ponto eletrônico e embasar dispensas; bancário deve tomar cuidado com anotações no sistema
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São Paulo – O Itaú inventou uma nova desculpa para justificar demissões injustificáveis: fraude no ponto eletrônico. O Sindicato recebeu o caso de duas bancárias de uma mesma agência que foram dispensadas por permanecerem no local de trabalho após registrarem a saída no ponto eletrônico.

Elas argumentam que continuaram dentro da unidade por causa da chuva que caía. Além disso, naquele momento, ainda segundo as bancárias, foram interpeladas pelo gestor e um funcionário do Compliance – setor responsável por inspecionar o cumprimento das normas e diretrizes impostas pela empresa.  

“Se virem as filmagens, verão tudo isso”, afirma uma das bancárias. “Não temos advertência ou feedback negativo, nem histórico de erro de ponto, sempre me mantive dentro da performance que o banco pede. É só pedir o levantamento.”

“É um verdadeiro descaso e desrespeito com o ser humano”, critica Valeska Pincovai, dirigente sindical e bancária do Itaú. “O funcionário trabalha no local e não pode nem se abrigar da chuva. Quer dizer, enquanto está no seu horário de trabalho, sendo explorado, ele serve. Depois é chutado para fora. Que vergonha, Itaú!”

Questionado, o banco alega que as funcionárias registraram o ponto e continuaram a trabalhar, ferindo as regras.

Big Brother – Denúncias que chegam ao Sindicato apontam que o Itaú está monitorando os locais de trabalho, por meio de câmeras e de funcionários da Dirco (Diretoria de Compliance), sendo esses os responsáveis por recomendar demissões.

“Nos departamentos não é diferente. Já recebemos denúncias de que problemas no sistema em algumas áreas impedem os trabalhadores de se registrar no ponto, gerando advertências. Como assim? Os bancários não podem ser culpados por erros no sistema”, protesta Valeska.

No caso das funcionárias da agência, o banco sequer deu uma advertência antes de demiti-las, ressalta Valeska.  “A punição foi radical demais. O Sindicato já cobrou do Itaú mudança de postura em relação aos acontecimentos e orienta os trabalhadores a tomarem muito cuidado com o registro eletrônico para evitar que sejam submetidos a mesma situação.”


Rodolfo Wrolli – 27/6/2016
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