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Debate sobre o país abre encontro dos privados

Linha fina
Durante dois dias, delegados sindicais de todo o Brasil representam funcionários em discussões que resultarão em pautas específicas a serem entregues para HSBC, Bradesco, Itaú e BMB
Imagem Destaque

São Paulo - “Consolidando conquistas e avançando em direitos.” É com esse objetivo que funcionários dos bancos privados se reúnem na cidade de São Paulo, na terça-feira 7 e quarta-feira 8, para debater e definir as reivindicações específicas dos bancários do HSBC, Bradesco, Itaú e BMB, que serão entregues às instituições financeiras.

Logo após a abertura, os bancários analisaram a conjuntura política e econômica do país. Enfrentar o retrocesso, com grandes mobilizações, e em cada local de trabalho, está entre as prioridades da Campanha Nacional 2016. O "governo" interino de Michel Temer já se mostrou inimigo dos trabalhadores, com projetos de mudanças na aposentadoria, de privatizações, terceirizações e flexibilização da CLT.

A presidenta do Sindicato e vice-presidenta da Contraf-CUT (Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro), Juvandia Moreira (foto ao lado), compôs a mesa de análise de conjuntura ao lado do presidente da CTB, Adilson Araújo, e do presidente da Contraf-CUT, Roberto Von der Osten. Todos foram unânimes em destacar a necessidade de luta para enfrentar os financiadores do golpe, como os banqueiros.

“A luta é de classes” - Essa afirmação do presidente da Contraf-CUT joga luz sobre os problemas que a classe trabalhadora está enfrentando com o Congresso Nacional mais conservador desde 1964, o governo de Michel Temer e a “partidarização do Judiciário”, como definiu ao falar do papel atual da justiça brasileira.

Roberto fez uma análise do cenário encontrado pelos bancários na campanha de 2015 e disse que este ano tende a ser pior. “2016 não é um ano difícil, é muito difícil. Temos visto uma convergência entre empresários, grande mídia e um Judiciário partidarizado. Eles compraram o Congresso Nacional, financiando 70% dos parlamentares, para colocar em prática a pauta bomba contra os trabalhadores, com projetos como a terceirização. Mas também estamos em Brasília e nas ruas para fazer este combate.”

O dirigente afirmou que a marca da campanha deste ano será o enfrentamento dos planos econômicos, que pretendem colocar o trabalhador para “pagar o pato”, uma referência à campanha da Fiesp.

“Nós temos que disputar o coração e a mente de cada trabalhador, mostrar que A Ponte para o Futuro, deste governo golpista, leva à redução dos direitos trabalhistas. A luta é de classes, do trabalhador explorado, contra o patrão, o banqueiro explorador, e nós venceremos”, ressaltou.

“A disputa não é só no Brasil” - “Se eu dissesse que faria reforma na Previdência, que mexeria na CLT, que iria cortar recursos da Saúde e da Educação, eu seria eleita? Não seria. Para implementar esse projeto tiveram de dar um golpe, era o único jeito”, questionou Juvandia Moreira.

Para ela, os trabalhadores devem lembrar que a atual situação política do país esconde também interesses estrangeiros. “A disputa não é só no Brasil, sabemos que eles querem as riquezas do pré-sal, querem as obras de infraestrutura. A atual presidenta do BNDES era um dos principais nomes da privatização dos anos 1990, isso é prejuízo para toda a população, do pré-sal tiraríamos recursos para Saúde e Educação”, ressaltou.

“A luta é em defesa da democracia” - Adilson Araújo, presidente da CTB (Central de Trabalhadores do Brasil), foi outro participante do debate a levantar a importância de analisar a conjuntura do país de forma ampla, buscando inclusive suas raízes históricas. “No Brasil temos uma grande dívida histórica, fomos os últimos a abolir a escravidão, nossa Constituição feita somente nos anos 1980, nossa democracia adolescente. Essa Constituição, aliás, nos garantiu direitos, mas ainda está longe de nos garantir o bem-estar social”, pontuou.

Adilson acredita que nos últimos anos o movimento sindical deixou de enxergar este contexto, ignorando acontecimentos importantes do país e do mundo. “Tínhamos de entender a Primavera Árabe, o Ocupa Wall Street, o movimento de junho de 2013. O movimento sindical perdeu sua referência, com isso a bancada de trabalhadores no Congresso se reduziu de 83 para 46 e agora temos a composição mais conservada desde 1964. Por isso, a luta que nos une agora é em defesa da democracia”.

Santander – Os funcionários do Santander realizaram seu encontro em maio e estão em processo de negociação da pauta para o acordo aditivo à Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

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Rede Nacional de Comunicação dos Bancários - 7/6/2016

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