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Goldfajn defende aumento de déficit

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Em sabatina no Senado, indicado por Temer para o Banco Central defende medida que criticou há menos de um ano; também se disse contra limitação de juros pagos pelo governo
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São Paulo – “A solução então é aceitar o déficit primário? É a pior saída. Significaria mais inflação, recessão, queda de salário real e piora na distribuição de renda”, escreveu o economista Ilan Goldfajn em artigo publicado em agosto de 2015 no jornal O Estado de S. Paulo. Na terça 7, no entanto, o economista passou por sabatina no Senado Federal, que aprovou sua indicação para a presidência do Banco Central (BC) pelo governo interino de Michel Temer. Cabe assim defender as medidas de ajuste aprovadas pelo Congresso, entre as quais a que elevou de R$ 96,7 bilhões para R$ 170,5 bi o déficit primário deste ano.

Quem chamou a atenção para a contradição foi o senador Lindbergh Farias (PT-RJ), que destinou ao indicado uma bateria de perguntas para colocar a nu o governo interino de Michel Temer. “Como o senhor vai conseguir passar mais credibilidade em um governo sem credibilidade? Qual o efeito do afrouxamento (do déficit), da criação de 14 mil cargos e da criação de um teto para a as despesas sociais?”, indagou.

Segundo Lindbergh, se a medida de Temer que limita os gastos de saúde e educação à inflação do ano anterior estivesse vigente desde 2006, a situação da Saúde seria de uma evolução de R$ 46 bilhões para R$ 65 bilhões em 2015, e não os R$ 102 bilhões que efetivamente foram praticados. Com a medida, portanto, o orçamento da saúde teria perdido R$ 37 bilhões, em nome de um ajuste que, na verdade, só teria recaído em quem precisa de atendimento no serviço público.

Na expectativa de ter seu nome aprovado na sabatina, Goldfajn disse que já esperava a crítica pelos artigos que escreveu. “Essa questão dos R$ 170 bilhões, é claro que não é bom, mas tem de fazer o diagnóstico sobre qual o déficit verdadeiro. As medidas que vão estabilizar (a economia) são reformas olhando para o futuro, só olhar o curto prazo não vai resolver”, afirmou Goldfajn. Segundo ele, a economia voltará a crescer “na medida das condições, com controle das contas públicas”.

Durante seus questionamentos, Lindbergh também citou a questão das despesas nominais frente às primárias – as nominais incluem o pagamento de juros pelo governo, enquanto as primárias expurgam esse gasto. “Por que não tem controle das despesas nominais, por que o governo não limita o pagamento de juros pelos títulos da dívida?”, indagou o senador, lembrando que o déficit nominal explode com o pagamento de juros, atualmente perto de R$ 500 bilhões anuais. Goldfajn se limitou a dizer que o teto nominal poderia existir, “mas iria dificultar o trabalho do Banco Central, que precisa ter condições de enxugar a liquidez do mercado e isso é feito com títulos”. O indicado também não aprova a ideia de um teto para o pagamento de juros. Segundo ele, o limite tem de existir para a inflação, “porque ela é um imposto regressivo”.

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Rede Brasil Atual - 7/6/2016

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