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Venda da Liquigás abala a Petrobras

Linha fina
Para representantes dos trabalhadores do setor, negócio faz parte de um processo de desmonte da companhia de petróleo brasileira
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São Paulo – Teve início o processo competitivo para a venda da Liquigás, subsidiária da Petrobrás para engarrafamento, distribuição e comercialização de gás. A informação foi confirmada em nota divulgada na noite de quinta-feira 16. Porém, a companhia ressalta não existir, até o momento, qualquer acordo para a conclusão do negócio e nem mesmo deliberação por parte da sua Diretoria Executiva e pelo Conselho de Administração.

Para o presidente da FUP (Federação Única dos Petroleiros), José Maria Rangel, a venda da subsidiária, que detém 23% do mercado de distribuição de gás no país, é prejudicial para a própria Petrobras e também para a população.

“É mais que privatização. É inviabilizar a Petrobras. Quando você vende uma empresa responsável pela logística, como a Liquigás e a BR Distribuidora, você deixa a companhia nas mãos desse comprador. Além disso, a Liquigás faz a regulação do mercado de gás, cujo preço interfere diretamente na vida da população mais humilde do país”, critica.

“Somos completamente contra a venda de qualquer empresa subsidiária da companhia. A Petrobras é muito mais rentável como empresa integrada. Que refina, transporta e vende. Além disso, com a crise atual do setor de petróleo e gás, com empresas internacionais vendendo US$ 1 trilhão em ativos, o possível comprador vai querer arrematar a Liquigás por preço de banana”, acrescenta José Maria.

Privatização “embalada” – A presidenta do Sintramico-RJ (Sindicato dos Trabalhadores no Comercio de Minérios e Derivados de Petróleo do Estado do Rio de Janeiro), Ligia Arneiro Teixeira Deslandes, considera que privatizar subsidiárias responsáveis pela distribuição de produtos da Petrobras é uma decisão que busca “agradar” o mercado.  

“Sabemos que atividades de exploração e produção possuem alto risco associado e necessidade de investimentos imobilizados de grandes proporções. Mas, no caso da BR, o risco da atividade comercial é baixo, já que o mercado de venda de combustíveis está consolidado e o consumo de derivados do petróleo brasileiro cresceu significativamente nos últimos 12 anos”, explica a dirigente sindical.

“Basta replicar essas mesmas questões para entender as verdadeiras intenções em vender a Transpetro, a Liquigas, a rede de postos da Argentina/Chile e as térmicas: desmontar o sistema Petrobras com a finalidade de entregar o Brasil definitivamente ao capital estrangeiro”, conclui Ligia.


Felipe Rousselet – 17/6/2016
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