São Paulo - Duas em cada dez pessoas são afastadas do trabalho por medo do futuro, palpitações, insônia, falta de ar, sensação de paralisia, sintomas de ansiedade. As concessões de auxílio-doença por transtornos dessa natureza cresceram 17% em quatro anos, de 22,6 mil para 26,5 mil entre 2012 e 2016.
Os dados, da Secretaria de Previdência, foram divulgados em matéria da Contraf-CUT.
A ansiedade já é a segunda maior causa de afastamentos por transtornos mentais e comportamentais, grupo que também abrange depressão, esquizofrenia e problemas relacionados ao uso de drogas. Fica atrás apenas da depressão, que responde por 30% das concessões do benefício.
Setor bancário - O transtorno mental é uma das principais causas de afastamentos do trabalho no setor bancário, superando os casos físicos, como os de LER/Dort (Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças Osteomusculares Relacionadas ao Trabalho). Segundo levantamento do Dieese (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos), com base em informações do INSS, em 2013 foram 5.042 afastamentos por transtornos mentais e comportamentais (27% do total) e 4.589 (24,6%) por doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo.
Os dados apontam também que as condições de trabalho, principalmente nas agências bancárias, são fatores de risco. Por isso o tema é constantemente debatido na categoria e melhorias são sistematicamente cobradas dos bancos. Será assim, por exemplo, nos congressos nacionais da Caixa Federal (Conecef) e do Banco do Brasil (CNFBB), marcados para 30 de junho e 2 de julho, em São Paulo. No Conecef, saúde e condições de trabalho será o tema dos debates do Grupo 1, marcado para a tarde de sábado 1º. No CNFBB estará no Grupo 2, que trata da precarização do emprego.
A proporção de casos de transtornos mentais entre os bancários é muito maior do que entre trabalhadores de outros setores no Brasil, devido à pressão e ao assédio moral que sofrem pelo cumprimento de metas. Muitas vezes, os bancários somente conseguem afastamento após recorrer à Justiça para comprovar que o quadro tinha ligação com o trabalho.
Sábados - A estafa na categoria, advinda também da responsabilidade por lidar com grandes quantias de recusros, foi um dos motivos que levaram à redução da jornada da categoria para seis horas e à proibição da abertura dos bancos aos sábados. Entretanto, em mais um ataque da base do governo Temer aos trabalhadores, o senador Roberto Muniz (PP-BA) protocolou na quarta-feira 21 o Projeto de Lei 203/2017 propondo a revogação do art. 1º da Lei 4.178, de 1962, exatamente o que impede o funcionamento de "estabelecimentos de crédito" aos sábados, "em expediente externo ou interno".