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Chapéu
Campanha dos Bancários 2022

Na luta por democracia e direitos, bancários abrem a 24ª Conferência Nacional

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Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, durante a abertura da 24ª Conferência Nacional dos Bancários

Na noite desta sexta-feira 10, em São Paulo, foi realizada a abertura solene da 24ª Conferência Nacional dos Bancários. O evento ocorreu de forma híbrida, com parte dos delegados participando presencialmente e parte on-line, através de videoconferência.

Com o tema “Um país + justo pra gente, este é o Brasil que a gente quer”, bancários e bancárias de todo o país participarão, durante todo o fim de semana, de mesas de debates e definirão - a partir das propostas apresentadas por sindicatos de todo o Brasil, consolidadas nos congressos estaduais, e das prioridades apontadas por mais de 35 mil bancários na Consulta Nacional - a pauta de reivindicações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários e o plano de lutas da categoria até 2023.

Homenagem às vítimas da Covid-19  e do descaso do governo Bolsonaro 

Após ser composta a mesa da abertura solene, a 24ª Conferência Nacional dos Bancários prestou uma emocionante homenagem a todos os cidadãos brasileiros que perderam a vida para a Covid-19, entre eles bancários e bancárias, vítimas também da gestão trágica da pandemia pelo governo Bolsonaro, que negou a ciência; boicotou as medidas de proteção, diversas vezes no exemplo e nas palavras do próprio presidente da República; e atrasou a aquisição das vacinas, que poderiam salvar milhares de vidas se tivessem sido adquiridas na primeira oportunidade.

Ao som da interpretação de Elis Regina da música Canção da América, composta por Milton Nascimento, as luzes do abertura solene da 24ª Conferência Nacional dos Bancários foram apagadas, com a plateia iluminada pelas lanternas dos celulares de cada um dos presentes. 

Homenagem para as vítimas da Covid-19 e do descaso do governo Bolsonaro (Foto: Seeb/SP)

Não existe democracia sem movimento sindical forte

Na sua fala, a presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Ivone Silva, abordou a atual situação da democracia no Brasil, a necessidade de resgatá-la para construir o Brasil que a gente quer, e o papel fundamental dos sindicatos neste processo.  

“Todo nós queremos um Brasil democrático. E o que é a democracia? A democracia é a inclusão de todos, em todos os espaços. E isso, eu tenho certeza que o Comando Nacional dos Bancários faz muito bem. Quais são os espaços políticos hoje que tem duas mulheres coordenando? Qual espaço político que nós vemos tantas mulheres presidentas de sindicatos e federações como na categoria bancária? Qual a categoria que discute a inclusão como fazemos na nossa mesa de Igualdade de Oportunidades? Isso é a democracia. Fico muito feliz de pertencer a categoria bancária, que faz na prática a democracia do dia a dia. Além de democrática, a categoria bancária é solidária. Com o aumento da fome, nosso sindicatos ficaram disponíveis ao movimento social e arrecadaram toneladas de alimentos. A cada nova tragédia climática, a categoria bancária se colocou como um ponto de apoio para todos. Esse é o país que nós queremos, democrático e solidário”

Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
Ivone Silva durante sua fala na Conferência Nacional dos Bancários (Foto: Seeb/SP)

“E como resgatar a nossa democracia? Com uma pessoa que seja realmente democrática, que escute todo mundo, que pense que o país é de todos, que inclua os pobres no orçamento. E aí, é o Lula, que já provou que faz isso, e faz junto com todo mundo. Nos governos Lula e Dilma os movimentos sociais foram ouvidos. Foi assim que surgiram as cotas, o ProUni, Minha Casa Minha Vida, e várias outras formas de inclusão. É isso que queremos de volta (…) São os movimentos sociais que vão fazer a democracia voltar. E não existe democracia em lugar nenhum sem um movimento sindical forte. Foi por isso que fomos tão atacados. Eles sabem que para derrotar a democracia, a solidariedade, eles precisam atacar os sindicatos. E é isso que a nossa categoria discute aqui. Além da nossa minuta de reivindicações, queremos discutir qual é o Brasil que nós queremos”, enfatizou a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo. 

O sucesso dos bancários é fundamental para as demais categorias

O presidente da CUT, Sérgio Nobre, ressaltou que o sucesso da categoria bancária na Campanha Nacional é de fundamental importância para as demais categorias que terão campanha salarial este ano.

“Quando a gente conquista a reposição da inflação, a  PLR, quando a gente conquista em um momento de retirada de direitos, a ampliação das cláusulas sociais, e de proteção social, isso é de fundamental importância, porque isso unifica a categoria, mostra a importância da organização sindical e da solidariedade,  num momento em que eles estimulam o individualismo, a negociação individual. Por isso, o sucesso da campanha salarial dos bancários é de extraordinária importância e motivadora para as demais campanhas salariais.”

Nobre também lembrou que faltam três meses e meio para as eleições gerais que, segundo ele, definirão o que será o pais pelos próximos 20 anos. “É ganhar ou ganhar, e o Brasil não pode mais continuar na situação que está. É importante discutir com os trabalhadores o que significa o retorno da fome, da miséria, da pobreza, e nós não podemos mais continuar assim. E a saída é derrotar Bolsonaro e eleger Lula. Isso tem de ficar muito claro.”

Sergio Nobre participou da abertura da Conferência Nacional (Foto: Contraf/CUT)

O presidente da CUT também ressaltou a importância da criação das brigadas digitais como prioridade estratégica. 

“Nós precisamos atuar, e atuar muito bem nas redes (...). Precisamos dialogar com setores decisivos nas eleições e desconstruir a imagem do Bolsonaro (...) Uma das coisas que ele fala é que é cristão, evangélico. Esses dias um companheiro metalúrgico disse que é um crime Bolsonaro se colocar como evangélico. Você conhece algum que anda com revolver na cintura? Evangélico anda com a Bíblia. Esse cara não tem nada de cristão. O cristão é solidário com quem está doente, com quem passa fome, o cristão jamais desdenha de quem perdeu entes queridos, como ele fez na pandemia. Temos de mostrar isso, e as redes sociais serão de fundamental importância.”

Sérgio Nobre, presidente da CUT

Um momento histórico e dois grandes desafios

Aline Molina, presidenta da Fetec/CUT-SP, ressaltou o momento histórico pelo qual o país atravessa por conta da pandemia, que ceifou a vida de mais de 600 mil brasileiros e brasileiras, pelo sequestro da democracia e o desmonte do Estado brasileiro. 

Aline Molina, presidenta da Fetec-CUT/SP participou por videoconferência (Foto: Seeb/SP)

“Hoje temos 33 milhões de brasileiros passando fome. E não tem como ignorar isso. E não tem como a gente não olhar e pensar como é que nós vamos fazer para reconquistar o Brasil. E é tirando o Bolsonaro do governo e elegendo um governo democrático e popular. Então a gente tem aqui dois grandes desafios para esta conferência, que é debater o Brasil que a gente quer, um Brasil sem fome; e também aprovar nossa minuta para defender os direitos da nossa categoria, não perder nenhum direito e renovar a nossa CCT. A gente vive este momento tão delicado, mas está fazendo História.”

Aline Molina, presidenta da Fetec/CUT-SP

30 anos de Convenção Coletiva de Trabalho

Encerrando as falas da 24ª Conferência Nacional dos Bancários, a presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, lembrou que este ano a Convenção Coletiva de Trabalho dos bancários completa 30 anos, e ressaltou a força e a unidade da categoria.

“O tema mais importante para o Brasil é a discussão nacional. O Brasil que a gente quer. Este país está sendo destruído, desde o golpe que tirou a presidente Dilma. O estado democrático de direito, as ferramentas públicas de desenvolvimento econômico, as nossas riquezas, nossas empresas públicas, os direitos, a nossa organização coletiva, a organização sindical vêm sendo atacados duramente por aqueles que se unificaram para aplicar esse golpe, que era exatamente para mudar o país e concentrar mais riqueza, concentrar renda, entregar o patrimônio público.”

Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
Juvandia Moreira fechou as falas da abertura da Conferência Nacional (Foto: Contraf/CUT)

A dirigente enfatizou que a miséria na qual grande parte da população vive agora é resultado do golpe articulado pela elite, que não tem compromisso com o povo brasileiro e nem mesmo visão de país.

“E quem vai mudar isso somos nós. Nós temos a capacidade e a condição de organização. Nós, trabalhadores e trabalhadoras, somos 99% da população. A gente só precisa acordar e entender que nós somos 99%. Esse Brasil tem de ser de todos e todas. E todes. Gostando uns ou não. Nós podemos e vamos mudar este país.”

“É isso que a nossa conferência tem como missão. Fazer um bom debate da nossa pauta. Sairmos daqui com um bom plano de lutas, com um calendário de lutas, mobilizados, motivados e unificados em todas as nossas batalhas. Ter uma renovação dos nossos acordos e da nossa convenção coletiva, e mudar o nosso país para melhor. Acabar com a fome, com o desemprego, com a miséria, com a precarização, com a concentração de renda, com as desigualdades. Desta forma, eu declaro aberta a nossa 24ª Conferência Nacional dos Bancários”, concluiu Juvandia.

A programação da 24ª Conferência Nacional dos Bancários segue no sábado 10, a partir das 9h, e na manhã do domingo 11.

Participaram da abertura e farão parte da 24ª Conferência Nacional dos Bancários representantes da centrais sindicais CUT, Intersindical e CTB; da Fenae; das federações estaduais de bancários Fetec-CUT/SP, da Fetrafi-CUT/NE, da FEDERA Rio de Janeiro, da FEEB Bahia e Sergipe, da Fetrafi Rio Grande do Sul, da Fetec Centro-Norte, da Fetrafi Minas Gerais, da Fetrafi Santa Catarina, da Fetec Paraná, da Fetraf Rio de Janeiro e Espírito Santo, da FEEB São Paulo e Mato Grosso do Sul, além de dezenas sindicatos de bancários de todos os estados do país.

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