Entre 26 de abril e 3 de junho, bancários e bancárias de todo o país participaram da Consulta Nacional, na qual apontaram suas prioridades para a Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2022. Os dados desta consulta foram apresentados na última mesa de debates deste sábado 11 da 24ª Conferência Nacional dos Bancários, realizada de forma híbrida, com a parte presencial em São Paulo.
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A mesa teve a coordenação de Ramon Peres, presidente do Sindicato dos Bancários de Belo Horizonte e Região; e foi composta por Maria Bethania Montarroyos, dirigente do Sindicato dos Bancários de Pernambuco; Ivone Colombo, presidente do Sindicato dos Bancários e Trabalhadores do Ramo Financeiro de Rondônia; Antônio Luiz Firmino, presidente do Sindicato dos Bancários de Curitiba e Região; e Vinícius de Assunção Silva, vice-presidente da Contra-CUT; além de Catia Uehara, economista da subseção do Dieese no Sindicato dos Bancários de São Paulo, que apresentou a Consulta Nacional.
“Gostaria de parabenizar os mais de 35 mil bancários que participaram da Consulta Nacional. O resultado reflete a real necessidade da categoria. Nas cláusulas econômicas, as principais reivindicações foram por aumento real, PLR maior, e reajustes no vale-alimentação e refeição. Entre as cláusulas sociais, a consulta apontou também o fim das demissões, manutenção dos direitos e o combate ao assédio moral. E mostra como a atual política dos bancos compromete a saúde dos empregados: um terço dos bancários responderam que usam medicamentos controlados”
Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
“A consulta nos mostra a preocupação dos bancários em eleger candidatos comprometidos com a pauta dos trabalhadores e fortalecer a democracia. Nossa campanha está inserida em uma conjuntura nacional ampla, em que os trabalhadores sabem dos desmontes promovidos nos últimos anos e reconhecem a importância da nossa mobilização”, acrescenta a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo.
A presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, Juvandia Moreira, destaca a representatividade da Consulta Nacional e conclama todos os bancários e bancárias para a luta nesta Campanha Nacional Unificada.
“É uma fase muito importante da nossa Campanha Nacional. É nosso pontapé inicial e ele foi dado em grande estilo, com participação de mais de 35 bancárias e bancários. Com isso, conseguimos identificar os anseios da categoria. Agora, contamos com a unidade e a mobilização de todos para sairmos vitoriosos dessa campanha”
Juvandia Moreira, presidenta da Contraf-CUT e uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários
Cláusulas Econômicas e Sociais
Quando perguntados sobre as prioridades em relação às cláusulas econômicas, na qual os bancários poderiam marcar três opções, a mais citada foi o aumento real nos salários (92%), seguido por reajuste diferenciado do VR e VA (62%); e aumento da PLR (58%).
Em relação às cláusulas sociais, a resposta mais frequente foi a manutenção dos direitos (71%); seguida do tema emprego (45%); e combate ao assédio moral (31%).
Saúde e adoecimento
A saúde do trabalhador bancário foi um tema muito abordado na Consulta Nacional, em diversas perguntas. Nas respostas dos bancários, fica claro que o modelo de gestão nos bancos, baseado na cobrança abusiva por metas, traz prejuízos tanto para a saúde física quanto para a saúde mental dos trabalhadores.
Quando questionados sobre quais os impactos da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas, 77% citaram “cansaço, fadiga e preocupação constante”; 54% falaram em “desmotivação, vontade de não ir trabalhar, medo de estourar”; 51% relataram “dor ou formigamento nos ombros, braços ou mãos”; 44% afirmaram sofrer de “crises de ansiedade/pânico”; e 42% possuem “dificuldades para dormir, mesmo aos finais de semana”.
Outro dado que chama muita atenção é o uso de medicamentos controlados como ansiolíticos, antidepressivos e estimulantes pela categoria bancária. Mais de um terço dos bancários que responderam a consulta, 35,5%, afirmaram que precisaram recorrer a este tipo de medicamento nos últimos 12 meses.
Covid-19
Sobre a pandemia de Covid-19, 53% dos trabalhadores que responderam a pesquisa afirmaram que contraíram a doença; 35,6% afirmaram que não; e 11% declararam não saber.
Teletrabalho
Quanto a regulação do teletrabalho (auxílio home office, controle de jornada, direito a desconexão, fornecimento de equipamentos, etc), 91% dos bancários afirmaram que ela deve ser feita por meio de negociação coletiva, entre bancos e entidades sindicais.
Pauta da classe trabalhadora
A classe trabalhadora aprovou uma pauta de reivindicações que está sendo apresentada aos candidatos, para garantir empregos, recuperar direitos trabalhistas e previdenciários e fortalecer a representação sindical.
Quando perguntados sobre a importância de eleger candidatos à Presidência e ao Congresso comprometidos com as pautas dos trabalhadores, 84,3% disseram considerar “muito importante”; outros 12,2% afirmaram ser “importante”; contra apenas 1,5% que colocaram a questão como “pouco importante; e 1,2% como nada importante.
Financiamento da luta
Por fim, a Consulta Nacional também questionou a categoria sobre como deve ser feito o financiamento da luta para manutenção e conquista de direitos. 94,8% disseram que deve ser “responsabilidade de todos os bancários, pois todos se beneficiam das conquistas”; e apenas 4,1% opinaram que deve ser uma responsabilidade exclusiva dos associados aos sindicatos.
Os dados completos da Consulta Nacional serão apresentados aos bancos durante as negociações da Campanha Nacional Unificada dos Bancários.
24ª Conferência Nacional dos Bancários
A programação da 24ª Conferência Nacional dos Bancários segue na manhã de domingo 11, quando serão apresentadas e votadas as propostas recebidas das conferências Estaduais e Regionais, além das resoluções e moções.