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Caixa lucra R$ 4,9 bi no primeiro trimestre, mas fecha agências e postos de trabalho

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Imagem de uma pilha de moedas, formando um gráfico de barras, acompanhada de uma seta para cima e o logotipo da Caixa

A Caixa obteve, no primeiro trimestre de 2025, um lucro líquido recorrente de R$ 4,9 bilhões, o que representa um crescimento de 71,5% na comparação com o mesmo período de 2024, e de 7,9% em relação ao trimestre anterior. Já o lucro líquido contábil atingiu R$ 5,8 bilhões, um aumento de 133,9% em 12 meses e de 27,5% no trimestre.

Por outro lado - apesar do bom resultado e do aumento de 1,7 milhão de novos clientes no trimestre, totalizando 155 milhões - a Caixa segue reduzindo o número de agências e empregados.

A Caixa encerrou o primeiro trimestre de 2025 com 83.770 empregados, o que representa um aumento de 463 postos de trabalho em relação ao trimestre anterior. Porém, em 12 meses, o banco público cortou 3.024 postos de trabalho.

Em 12 meses, foram fechadas 117 agências, 8 postos de atendimento, 21 unidades lotéricas e 234 unidades de correspondentes Caixa Aqui.

Crédito cresce e receita com tarifas cai

O total de ativos da Caixa aumentou 11,1% em 12 meses, alcançando R$ 2,091 trilhões no primeiro trimestre de 2025. O patrimônio líquido também cresceu, 6,5%, em 12 meses. Já a rentabilidade sobre o patrimônio líquido do banco ficou em 11,77%, aumento de 2,76 pontos percentuais em doze meses e 1,34 no trimestre.

Este aumento dos ativos foi influenciado principalmente pela alta de 10,7% na Carteira de Crédito Ampliada, em comparação ao mesmo trimestre do ano imediatamente anterior, totalizando R$ 1,266 trilhão. Quando comparado ao quarto trimestre de 2024, esse aumento foi de 2,4%.

O resultado positivo da carteira de crédito é decorrente do crescimento no crédito imobiliário (+12,7%), agronegócio (+9,9%), saneamento e infraestrutura (+6,7%), crédito de pessoa jurídica (+6%) e crédito comercial pessoa física (+5,5%). A taxa de inadimplência para atrasos superiores a 90 dias foi de 2,49%, com aumento de 0,15 p.p. ao longo de 12 meses, e de 0,52 p.p. em relação ao quarto trimestre de 2024.

Já as receitas com prestação de serviços apresentaram queda de 1,4% na comparação anual e de 11,5% em relação ao trimestre anterior. De acordo com a própria Caixa, esta receita foi impactada pela Resolução CMN nº 4.966/21, em vigor desde 1º de janeiro, que alterou regras sobre tarifas e serviços bancários.

Despesas com pessoal em queda

As despesas com pessoal da Caixa, incluída a PLR, diminuíram 2,4% em um ano e 3,4% no trimestre. Desta forma, a cobertura destas despesas pelas receitas secundárias do banco foi de 78,8%.

“Existe uma contradição entre o ótimo lucro da Caixa e a redução no número de empregados e unidades do banco público. Este modelo de gestão, do presidente Carlos Vieira, ignora o importante papel social do banco; impacta os empregados, cada vez mais sobrecarregados; e prejudica a população, principalmente em cidades distantes dos grandes centros e nas periferias, onde as pessoas dependem das unidades da Caixa para ter acesso a programas sociais, habitação, FGTS, crédito rural, entre outros serviços essenciais”, avalia o dirigente do Sindicato e empregado da Caixa André Sardão.

“Reforço ainda que o lucro da Caixa é fruto do comprometimento e qualificação dos seus empregados que, mesmo sobrecarregados, construíram este excelente resultado. Nossa expectativa é de que a direção do banco valorize isso em futuras negociações sobre os direitos destes trabalhadores”, acrescenta.

Redução de benefícios do REG/Replan turbinou o lucro

Enquanto os participantes do Plano REG/Replan, da Funcef, sofreram redução do valor do pecúlio e do cálculo das futuras pensões, a Caixa reconheceu, em seu resultado, uma receita extraordinária de R$ 900,7 milhões decorrente da realização de nova avaliação atuarial do plano, que resultou da reversão de despesas referentes ao chamado “custo do serviço passado” do REG/Replan Saldado.

O valor é superior à outras receitas do banco, como a venda das ações no follow-on da Caixa Seguridade (que teve um resultado bruto de R$ 839 milhões) e do resultado das subsidiárias para o chamado “conglomerado Caixa”, que alcançou R$ 864 milhões.

Considerando que a PLR dos empregados da ativa é impactada positivamente pelo bom resultado do banco, e que este resultado foi acrescido por redução de benefícios do Plano REG/Replan, a direção da Caixa colabora para um ambiente de cisão entre empregados da ativa e aposentados. Justamente nas vésperas da renovação do acordo específico do Saúde Caixa, no qual a unidade entre todos os trabalhadores é fundamental para garantir a manutenção dos princípios do plano e conquistar o reajuste zero nas mensalidades.

“Esta situação, na qual o lucro da Caixa foi alavancado em parte pela redução de benefícios e direitos dos empregados - como já havia acontecido na gestão Pedro Guimarães, com a mudança no regulamento do REG/Replan Não saldado, e na gestão Gilberto Occhi, quando impôs o teto de 6,5% da folha de pagamento para o custeio do Saúde Caixa - só comprova que a proposta de redução do equacionamento beneficiou mais a própria Caixa do que os participantes. E que a outra proposta, defendida pelo Sindicato, Fenae, Contraf-CUT e Anapar – era viável e muito necessária”, conclui o diretor do Sindicato e empregado da Caixa, Francisco Pugliesi, o Chico.

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