São Paulo – A taxa de juros do cartão de crédito no Brasil é a mais alta entre todos os países da América Latina. A conclusão é do estudo divulgado pela Associação Brasileira de Defesa dos Consumidores (Proteste) nesta terça-feira 17.
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Apesar das recentes reduções da taxa básica de juros – a Selic –, que chegou a 8%, patamar mais baixo da história, os juros cobrados anualmente no cartão de crédito chegam a 323,14%, considerado pela Proteste “um valor exorbitante” (veja tabela abaixo).
Na Argentina, por exemplo, em que a taxa de juros é de 11,15%, no cartão é de 50% ao ano. Já no Peru, a segunda maior taxa de juros do cartão é de 55% anual. “Os indicadores econômicos dos países relacionados só reforçam o exagero das taxas de juros praticadas com cartões de crédito no Brasil”, explica a Proteste, em nota. “A comparação priorizou os países da América Latina porque países da zona do Euro e outros, além de praticarem taxas sabidamente inferiores às do Brasil, boa parte deles não financia saldos devedores de cartões de crédito”, informou.
A média foi calculada com base nos valores cobrados pelos cartões dos seguintes bancos e financeiras: Itaú, Bradesco, Santander, HSBC, Banco IBI, Banrisul, Caixa Econômica Federal, Citibank, Losango, Panamericano, Banco do Brasil, Banco BMG e BV Financeira.
Endividamento – De acordo com o estudo, os altos juros cobrados dos correntistas que recorrem ao financiamento por meio do cartão de crédito, o chamado crédito rotativo, são a principal causa do crescente endividamento do brasileiro, que paga, em média, uma taxa corresponde a 12,77% ao mês (ou seja, 323,14% ao ano).
Segundo Renata Almeida, analista da Proteste, em entrevista à Agência Brasil, há falta de transparência dos bancos no fornecimento dos dados sobre as taxas. “Com a briga dos bancos pela redução dos juros, eles não informam com facilidade a taxa cobrada nos cartões de crédito. Muitas vezes, o cliente só conhece a taxa real quando recebe a primeira fatura do cartão”, destacou.
Redação – 17/7/2012