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Trabalhadores cobram investimento em segurança

Linha fina
Bancários e vigilantes querem que bancos sejam responsabilizados pelos riscos a que expõem trabalhadores e clientes
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Curitiba – Pela primeira vez uma Conferência Nacional dos Bancários teve um painel para discutir especificamente segurança bancária. O tema foi debatido na tarde desta sexta-feira, dia 20, e contou com a participação do coordenador do Coletivo Nacional de Segurança da Contraf-CUT, Ademir Wiederkehr, e do presidente da CNTV (Confederação Nacional dos Vigilantes), José Boaventura (foto).

Ademir fez uma exposição com números de pesquisas nacionais feitas em conjunto pelas duas entidades, focando dados da violência que afetam trabalhadores e clientes dos bancos. Boaventura analisou as principais lutas travadas por mais segurança, na busca da proteção da vida das pessoas.

Para eles, o cenário de descaso dos bancos torna necessária a ampliação da discussão sobre o tema e a pressão por mais investimentos em segurança. Segundo dados do Dieese, os cinco maiores bancos que operam no país apresentaram lucros de R$ 50,7 bilhões em 2011, mas os investimentos em segurança e vigilância somaram apenas R$ 2,6 bilhões, o que significa 5,2%, em média, na comparação com os lucros.

Conforme Boaventura, “o investimento em segurança feito pelos bancos é para a segurança do dinheiro, não das pessoas”. “Agência bancária é um local de risco e é preciso responsabilizar os bancos pela segurança dos bancários, vigilantes e clientes”, completou Ademir.

Mortes – Os dirigentes comentaram os resultados da última pesquisa nacional de mortes e assaltos envolvendo bancos, realizada pela CNTV e Contraf-CUT, demonstrando que 27 pessoas foram assassinadas no primeiro semestre de 2012.

> Sobe número de mortos em bancos

Foi destacada também a estatística da Febraban que mostra a redução de assaltos após instalação da portas de segurança a partir do final dos anos 1990. O número caiu de 1.903 em 2000 para 369 em 2010. “No entanto, houve aumento para 422 ocorrências em 2011, ano em que o Itaú retirou portas giratórias nas reformas das agências e o Bradesco inaugurou unidades sem esse equipamento e muitas com número insuficiente de vigilantes, o que é inaceitável”, denunciou Ademir.

Atualização da lei – Para os painelistas, todos os dados apresentados reforçam a necessidade de atualização da legislação federal de segurança que se encontra defasada diante do crescimento da violência e da criminalidade. Foi citado que o Ministério da Justiça está elaborando um projeto de lei que cria o Estatuto da Segurança Privada, ouvindo as entidades que integram a Comissão Consultiva para Assuntos de Segurança Privada (Ccasp), a fim de atualizar a Lei nº 7.102/83.

> Vídeo: vigilantes cobram cumprimento de lei

“Precisamos de um estatuto de segurança privada sim, mas com medidas eficazes e equipamentos adequados de prevenção para garantir a proteção da vida, eliminar riscos e oferecer segurança para trabalhadores e clientes”, disse Boaventura. “Queremos a obrigatoriedade das portas giratórias nas agências e postos de atendimento”, salientou Ademir.

Mais parcerias – O aumento das parcerias entre bancários e vigilantes foi reforçado durante o painel. Ademir defendeu a ampliação da luta por mais segurança e a unificação da data base para unir ainda mais as lutas das categorias e aumentar as conquistas.

Para Boaventura, a parceria é importante. “É preciso também ampliar legislações municipais que preencham os vácuos da legislação federal. Além disso, é necessário trazer a opinião pública para a discussão, já que o debate é também de interesse da população”, complementa.

Boaventura defendeu ainda que os vigilantes que trabalham em agências bancárias sejam preparados especificamente para atender o setor financeiro. Outra demanda é a responsabilidade pelo guarda das chaves das agências. “O porte da chave pelo vigilante fora do expediente é um perigo tanto para o vigilante, quanto para o bancário. Não queremos essa responsabilidade”, destacou.

Mesa temática – Na próxima mesa temática de segurança bancária com os bancos, a ser realizada no próximo dia 30, a Fenaban apresentará a estatística de assaltos a agências e postos no primeiro semestre desse ano. Além disso, a Contraf-CUT pautou o debate sobre os sequestros, buscando medidas de prevenção contra esse crime que, além de traumatizar, tem causado a demissão de muitos bancários.


Alan de F. Brito e Maricélia Franco
Rede Comunicação dos Bancários - 21/7/2012

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