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CUT protesta contra rumos da economia

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Ato será terça 28, em Brasília, quando ocorre reunião do Copom; Marcha das Margaridas e ato em defesa da democracia também estão programados
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São Paulo – A Central Única dos Trabalhadores (CUT) realizará na terça-feira 28 protesto contra os rumos da economia no país. A manifestação será em frente ao Ministério da Fazenda, em Brasília. “É o dia em que o Copom (Comitê de Política Monetária) se reúne para decidir a taxa de juros. Não podemos abrir mão de fazer a crítica e a disputa no campo da economia”, afirma o secretário-geral da Central, Sérgio Nobre.

> Nota: não à recessão, pela redução dos juros

“É preciso rever a estratégia do ajuste fiscal, que gera ganhos para os detentores de ativos financeiros, principalmente os bancos, e perdas para o setor produtivo. A prioridade deve ser a preservação do emprego e da renda do trabalhador. O Sindicato, junto com a CUT, está pronto para defender mudanças de rumo na política econômica, especialmente no que se refere à taxa básica de juros e redução de direitos”, diz a secretária-geral do Sindicato, Ivone Maria da Silva.

De acordo com o economista e coordenador técnico de atendimento sindical do Dieese Airton Santos, o aumento na taxa básica de juros – hoje em 13,75% ao ano, em comparação a 10,5% no início de 2014 – faz sentido como ferramenta para desaquecer a economia quando há excesso de demanda para produção insuficiente, cenário que não é o atual.  

“O aumento na taxa de juros só serviu para aumentar o desemprego e colocar os salários em queda. Se era isso que o empresariado queria, aumentar os lucros desta forma, isso foi obtido”, afirmou o economista em entrevista à Rádio Brasil Atual.

Segundo o professor de Economia da PUC-SP Antônio Corrêa de Lacerda, convidado pela CUT para fazer uma análise de conjuntura, a política econômica teve uma guinada conservadora no segundo mandato da presidenta Dilma Rousseff. Para ele, o ajuste é de curto prazo, uma vez que está centrado no corte de benefícios sociais. Ainda de acordo com Lacerda, os analistas que comentam nos grandes veículos de comunicação não são justos ao examinar a crise brasileira.

“O Brasil, nos últimos seis anos, teve uma inflação média de 6%. Ao contrário do que diz a mídia, vamos ter países de porte semelhante com o mesmo índice de 6%. Não vale a comparação, como fazem alguns analistas econômicos, que nos coloca ao lado de Peru, Chile e EUA. Temos que nos comparar com Índia, África do Sul, Rússia, que estão no mesmo patamar”, explica o economista, que prevê um cenário positivo em 2016. “Devemos ter uma inflação de 5%, que é uma expectativa acompanhada inclusive pelo mercado.”

Outros atos – Além da manifestação agendada para o dia 28, em frente à sede do Ministério da Fazenda, a CUT irá intensificar a mobilização para a Marcha das Margaridas, que será realizada nos dias 11 e 12 de agosto, também em Brasília. Já no dia 20 de agosto, a Central se somará a outras entidades como Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto (MTST), Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), União Nacional dos Estudantes (UNE) em um grande ato, que ocorrerá em São Paulo, na defesa da democracia e contra as tentativas de golpe no País.
Nota: não à recessão, pela redução das taxas de juros
As centrais sindicais brasileiras – CUT, Força Sindical, UGT, CTB, Nova Central e CSB – vêm a público manifestar posição contrária à política econômica do governo, caracterizada pela elevação da taxa básica de juros e o aperto fiscal.

A taxa Selic atual já atinge 13,75% ao ano, que significa, confirmada a previsão de inflação dos próximos 12 meses, segundo o Banco Central de 6,10%, uma taxa básica de juros reais de alarmantes 7,2% ao ano. Enquanto isso, a taxa de juros nos EUA e no Japão é negativa e, na Europa, levemente positiva.

Essa política derruba a atividade econômica, deteriora o mercado de trabalho e a renda, aumenta o desemprego e diminui a capacidade de consumo das famílias e, mais, reduz a confiança e os investimentos dos empresários, o que compromete a capacidade de crescimento econômico futuro.

A indústria encontra-se, em termos de produção física, abaixo da média do ano de 2008. O comércio apresenta uma inflexão negativa consolidada após anos de crescimento. Os serviços já se encontram em trajetória de desaceleração e os investimentos, não só permanecem em trajetória de queda, como a piora sobre a percepção futura limita qualquer expectativa de recuperação no curto prazo. Nesse contexto adverso somente os bancos estão ganhando. Depois de acumularem lucros muito maiores em 2014 (o do Itaú foi 30% maior e o do Bradesco, 25%) a despeito da estagnação econômica geral, os balanços do primeiro trimestre de 2015 atestaram novos aumentos dos respectivos lucros.

Para as centrais sindicais abaixo assinadas, o aumento da taxa de juros tem sido ineficaz no combate a inflação, encarece o crédito para consumo e para investimentos, causa mais desemprego, queda de renda, piora o cenário de recessão da economia e ainda contribui para diminuir a arrecadação do governo. E mais, concentra cada vez mais renda nas mãos de banqueiros e especuladores financeiros.

Nós, representantes das principais centrais sindicais brasileiras, defendemos a imediata redução da taxa de juros e a implementação de uma política que priorize a retomada do investimento, o crescimento da economia, a geração de emprego, a redução da desigualdade social, o combate à pobreza e a distribuição de renda.

São Paulo, 27 de julho de 2015.

CUT – Central Única dos Trabalhadores
FS – Força Sindical
UGT – União Geral dos/as Trabalhadores/as
CTB – Central dos/as Trabalhadores/as Brasileiros
NCST – Nova Central Sindical dos/as Trabalhadores/as
CSB – Central dos Sindicatos Brasileiros   


Redação - 27/7/2015

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