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Trabalhadores brasileiros solidários aos gregos

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Em nota oficial, CUT informa apoiar luta contra “ajustes estruturais” impostos pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional
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São Paulo – A CUT (Central Única dos Trabalhadores) divulgou nota de apoio e solidariedade ao povo grego que rejeitou em plebiscito, realizado no domingo 5, as propostas feitas pelos credores internacionais para o pagamento de dívidas. Com 100% das urnas apuradas, 61,31% dos eleitores optaram pelo “não” enquanto que 38,69% dos gregos votaram “sim”.

“A Central Única dos Trabalhadores manifesta sua mais irrestrita solidariedade ao povo grego em sua luta contra a política de ‘ajustes estruturais’ imposta pela Troika (colegiado formado pela Comissão Europeia, Banco Central Europeu e Fundo Monetário Internacional para tratar da crise financeira na Europa)”, começa a nota, assinada por Vagner Freitas, presidente da CUT; Antonio Lisboa, secretário de Relações Internacionais da entidade, e João Felício, presidente da CSI (Confederação Sindical Internacional).

“No momento em que os especuladores internacionais declaram guerra financeira ao país e buscam manter seu receituário recessivo contra os investimentos públicos, os salários, as pensões, aposentadorias e empregos, somamos a nossa voz à de milhares de trabalhadores em todo o mundo pela justiça social”, acrescenta).

> Leia a íntegra da nota da CUT

João Felício, em entrevista ao Opera Mundi, acha que está na hora “de países europeus e os partidos de esquerda se aliarem e darem um basta a essa situação, enfrentando de forma conjunta as políticas de ajuste fiscal”, disse. “O que está acontecendo na Grécia, com a revolta da população, é a prova mais cabal de que existem caminhos para se resistir.”

Ele destaca alternativas como combate à sonegação, investigação de paraísos fiscais e tributação de grandes fortunas e heranças para essas políticas de ajuste fiscal que as nações centrais europeias estavam tentando emplacar na Grécia. “Somos a favor do equilíbrio das contas públicas. No entanto, precisamos discutir quem deve contribuir para esse equilíbrio. Historicamente, sobretudo na Europa, tem-se optado pela retirada de direitos sociais para resolver um problema de caixa dos governos. E isso não tem trazido desenvolvimento econômico. Se faz o ajuste, equilibra as contas, mas se provoca desemprego em massa e retirada de direitos. Isso está acontecendo com a Grécia, Portugal e com todos os países que estão nesse caminho.”

> Vídeo: assista à íntegra da entrevista no Opera Mundi

UNI Americas – O Comitê Executivo da UNI Américas também expressou sua solidariedade, em nota na quarta-feira 1º, durante a 17ª Reunião do Comitê Executivo Regional, em Bueno Aires, na Argentina. “O capitalismo selvagem que leva adiante a União Europeia, conduzido pela Troika, é incompatível com a democracia, o respeito aos direitos humanos e aos direitos mais básicos dos trabalhadores e trabalhadoras”, segundo a declaração.

“Nas Américas, sofremos a política de ajuste estrutural do FMI. Nos referimos a este período como a ‘década perdida’: os ajustes estruturais não criaram crescimento econômico, mas sim causaram perda massiva de empregos, deterioração da infraestrutura, volatilidade financeira e enfraquecimento das democracias que construímos com tanto esforço”, acrescenta.

ONU – Também a ONU (Organização das Nações Unidas) cobrou dos credores da Grécia consideração à garantia dos direitos humanos para fechar um acordo financeiro.

“Tenho a impressão de que a União Europeia (UE) se esqueceu que a lei internacional de direitos humanos tem e deveria ter um papel chave nas finanças”, declarou, em Pequim, Pablo Bohoslavsky, o especialista da ONU para direitos humanos. Ele ressaltou que a mensagem do povo grego foi clara: “não a mais medidas de austeridade”. “Na verdade, se olhar para os dados, as medidas de austeridade não ajudaram à recuperação do país”, acrescentou.

‘Democracia não pode ser chantageada’ – Após o resultado do plebiscito, o primeiro-ministro grego, Alexis Tsipras, declarou que a consulta popular “prova que a democracia não poder ser chantageada”. “Os gregos tomaram uma medida corajosa e é esta que irá mudar o debate na Europa”, afirmou.

Em pronunciamento em rede nacional, o chefe de Governo ainda disse que não há “soluções fáceis”, mas “soluções justas”, que devem ser buscadas e encontradas, se os dois lados quiserem isso. Tsipras anunciou que a votação não significa que Atenas esteja saindo da zona do euro, como muitos temem. “Nós devemos tirar essa questão fora da mesa completamente”, insistiu o premiê. E explicou que seu governo reiniciará negociações com os credores internacionais para tentar chegar a um acordo, destacando que a prioridade é a reabertura dos bancos e o retorno da estabilidade financeira.

Após o resultado, Tsipras falou por telefone com o presidente francês, François Hollande, e, segundo a televisão pública Ert, a conversa foi focada na forma de “fortalecer as negociações”. Hollande e a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, pediram a convocação de uma cúpula europeia extraordinária na terça 7.

Enquanto isso, na Praça Syntagma, em Atenas, grupos de manifestantes passaram horas celebrando o resultado, carregando milhares de bandeiras gregas e buzinando em sinal de apoio.


Redação, com informações do Opera Mundi e da Agência Lusa – 6/7/2015
 
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