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Itaú engana bancários com programa de vagas

Linha fina
Funcionários denunciam que é praticamente impossível se realocar, e o que é pior: depois de inscrito, quem não conseguir vaga em até 45 dias está na rua; para Sindicato, banco quer justificar demissões e trabalhadores devem denunciar
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São Paulo – O Itaú criou o programa Conectando Oportunidades, por meio do qual os bancários se candidatam a vagas disponíveis dentro do banco. Só que, ao invés de ajudar, a iniciativa está causando transtornos e muita insegurança. Os trabalhadores que se inscrevem no programa recebem comunicado interno informando que eles têm 45 dias para conseguir uma vaga. Caso contrário, serão demitidos.

“Na realidade, é um programa criado pelo banco para alegar que está realocando os trabalhadores e justificar seu esforço em dizer que a demissão é o último recurso, mas o que os funcionários nos dizem é que se trata de uma enganação, pois ninguém consegue se realocar”, critica Valeska Pincovai, dirigente sindical e bancária do Itaú. “É só ver o número de demissões que o banco vem realizando.”  

Diversos funcionários denunciaram ao Sindicato que se candidataram a dezenas de vagas (um chegou a se cadastrar em mais de 80) e não se enquadraram ao perfil de nenhum dos postos. O programa engloba tanto funcionários em busca de ascensão na carreira aqueles “à disposição”, expressão usada pelos gestores que não precisam mais dos serviços prestados.

“Acontece que o banco misturou tudo em um programa ineficiente em que a decisão final é do gestor e, para variar, o Itaú transfere a responsabilidade da realocação aos trabalhadores”, relata a dirigente.

Os bancários que se sentirem prejudicados podem procurar o Sindicato por meio do 3188-5200 ou pelo site (clique aqui e escolha o setor site). O sigilo é absoluto.

Limbo – Na Atec, diversos trabalhadores estão nesse limbo. “Alguns foram chamados ao Ceic para realização de entrevistas coletivas que não resultaram em nada, outros estão desesperados e não conseguem arrumar uma vaga que se enquadre no seu perfil”, afirma Valeska.

A coisa fica mais complicada para os empregados com mais de 40 anos, que não conseguem colocação. “A justificativa do banco é que ‘eles não têm mais brilho nos olhos’. Isto é pura discriminação”, protesta Valeska.

Para os representantes dos trabalhadores, a prioridade do Conectando deveria ser os bancários que tiveram suas atividades extintas e não de quem está buscando promoção. O banco deveria ter criado dois programas separados.

“Faltam funcionários na rede de agências e o banco não contrata e nem realoca, pois o objetivo é precarizar o atendimento físico para forçar os clientes a buscar as agências digitais e assim fechar as de tijolo e cortar mais vagas”, denuncia Valeska.

Cobrado, o Itaú relatou ao movimento sindical que esse programa auxilia a encontrar uma vaga e que já conseguiu realocar muitos bancários.

“O Itaú tem de mostrar à sociedade o seu verdadeiro papel social e buscar manter os empregos e não cortar postos de trabalho como vem fazendo ultimamente, ajudando a levar o nosso país para o buraco”, completa a dirigente sindical.


Redação – 1º/7/2016
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