Pular para o conteúdo principal

A quem interessa a reforma trabalhista e o fim dos bancos públicos?

Linha fina
Protesto do Sindicato em agência da Caixa na zona leste reforça que população não será beneficiada com mudanças que governo Temer e Congresso Nacional querem impor 
Imagem Destaque
Foto: Seeb-SP

São Paulo – No mesmo dia em que a reforma trabalhista está prevista para ser votada pelos senadores, o Sindicato deflagrou protesto em frente a uma agência da Caixa localizada em São Miguel Paulista, zona leste de São Paulo, para denunciar o desmonte dos direitos garantidos pela atual legislação que o governo Temer e o Congresso Nacional querem impor à população.

A proposta em tramitação no Senado altera mais de 100 artigos da Consolidação das Leis do Trabalho e vai permitir, dentre outros retrocessos, o fim da incorporação de função no salário; o trabalho intermitente (empregado fica à disposição do patrão, mas só recebe pelo período que efetivamente trabalhar); demissão em massa.

> Com reforma trabalhista, dê adeus à incorporação de função 

“Deixamos claro que essas mudanças não vão criar novos empregos, como o governo e a imprensa alegam. Vão precarizar os postos de trabalho já existentes e baratear a mão de obra, beneficiando apenas os patrões”, afirma o dirigente sindical e empregado da Caixa Chico Pugliesi. “E afirmamos isso com segurança porque nos baseamos em estudos de universidades renomadas como Unicamp e declarações de organismos globais, como a Organização Internacional do Trabalho”, acrescenta o dirigente.  

> Unicamp lança dossiê de contraponto à reforma trabalhista
Todo mundo que não é patrão é contra a reforma trabalhista

O protesto realizado nesta terça-feira 11 também enfatizou a importância dos bancos públicos para o desenvolvimento econômico, social e para o bem estar da população.  A Caixa, por exemplo, foi responsável por mais de 75% do crédito imobiliário concedido à população no ano de 2015, direcionando mais de R$ 370 bilhões para essa finalidade. Para efeito de comparação, no mesmo ano Itaú, Santander, Bradesco e HSBC responderam, juntos, por R$ 86 bilhões. 

O dirigente sindical Chico Pugliesi


Outro exemplo da importância dos bancos púbicos são as taxas de juros mais baixas do que as cobradas pelos bancos privados. O volume de empréstimos subsidiados concedidos pelo BNDES a empresas de menor porte saltou de R$ 750 milhões, em 2007 (já atualizados pela inflação do período), para R$ 11,5 bilhões, em 2014.

Por meio do Programa Nacional de Fortalecimento à Agricultura Familiar (Pronaf), o Banco do Brasil e o Banco do Nordeste (outros dois importantes bancos públicos) são responsáveis por cerca de 70% do volume de crédito concedido à agricultura familiar. Esse setor, por sua vez produz 70% dos alimentos consumidos pelos brasileiros.  

O Banco do Brasil recebeu do governo federal, em 2016, subsídios de R$ 3,5 bilhões para operar o Pronaf, que é aberto a todas as instituições. Mas apenas Banco do Brasil e BNB ofertam esse tipo de crédito, o que revela o desinteresse dos bancos privados em operações que oferecem pouco retorno financeiro. 

“Se esse programa diminuir, o custo dos alimentos consumidos pelos brasileiros vai aumentar. Se os bancos públicos acabarem ou tiverem sua função reduzida, a vida das pessoas será afetada e ficará mais difícil”, afirma Chico Pugliesi. “Reforçamos isso à população que enfrentou a fila da agência Ponte Rasa e ressaltamos os danos que a reforma trabalhista e o ataque aos bancos públicos promovidos pelo governo Temer significarão para o povo brasileiro.”

> Cartilha tem dados sobre a importância dos bancos públicos para o Brasil

Abaixo-assinado – Durante o ato foram recolhidas da população cerca de 300 assinaturas cobrando mais contratações de bancários na Caixa. O abaixo-assinado faz parte da campanha Mais Empregados para a Caixa, mais Caixa para o Brasil.

“A Caixa e o Banco do Brasil, juntos, perderam quase 15 mil postos de trabalho em um ano. Os dois bancos geram lucro e ajudam a promover a economia do país, portanto a quem interessa a diminuição da atuação dessas instituições?”, questiona Chico Pugliesi.

População participa de abaixo-assinado cobrando mais empregados para a Caixa

 

seja socio