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Chapéu
Ensino Comprometido

Baixo rendimento em pesquisa internacional preocupa futuro da educação no Brasil

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61% dos alunos brasileiros não conseguiram chegar à última questão da primeira prova durante a avaliação internacional de educação básica, o Pisa
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Foto: Marcelo Horn/ GERJ/Fotos Públicas

A educação brasileira está precisando de mais atenção a cada dia. É o que mostra uma recente pesquisa comandada pelo professor do Insper e da USP Naercio Menezes Filho. 

O resultado mostra que 61% dos alunos que participaram de uma importante avaliação internacional de educação básica, o Pisa, não conseguiram chegar à última questão da primeira parte da prova. O resultado final só poderia apontar que os alunos brasileiros foram mal na média geral. O Pisa mede o nível educacional de jovens de 15 anos por meio de provas de Leitura, Matemática e Ciências.

Para a socióloga e professora da Faculdade de Educação da USP Maria Victoria Benevides, em entrevista a Rádio Brasil Atual, não se pode atribuir esse desempenho apenas a uma eventual falta de motivação dos estudantes, mas a um problema mais profundo na educação brasileira.

É preciso, segundo a socióloga "avaliar as condições socioeconômicas desses alunos e principalmente de suas famílias". Já que segundo ela, não concluir a prova é uma ponta de iceberg.

“A situação não é de tristeza, é trágica, mas nos empurra, mobiliza e incentiva a lutar contra o descalabro da educação brasileira. E não só a educação, mas um conjunto de políticas sociais”, conta a diretora em entrevista à Rádio Brasil Atual.

“Quando fazemos pesquisas específicas, mais detalhadas, vemos que uma boa parte dos alunos de escolas públicas não tem em casa a possibilidade de um apoio, de um incentivo, porque, às vezes, a mãe é chefe da família, trabalha fora. Ou seja, não têm incentivos para fazer as lições e estudar, não têm essas condições”, enfatiza.

dirigente do Sindicato e vice-presidenta de Juventude da UNI Américas Lucimara Malaquias acredita que discussões precisam ir mais além. E que nada adianta se o sistema e a dinâmica da sala de aula não respeitar a diversidade dos estudantes. A discussão sobre a educação precisa envolver pais, alunos, professores e a sociedade como um todo.

“A falta de acesso dos alunos ao ensino de qualidade penaliza os mais pobres, aprofunda as desigualdades sociais e reduz o grau de competitividade do Brasil em relação a outros países por conta da falta de mão de obra qualificada. Por isso, o envolvimento de todos ajudará não só olhar o investimento mas, se discutirá a eficiência e fiscalização do sistema educacional no Brasil”, comenta a dirigente.

A socióloga também aborda que outro problema que pode estar na condição dos professores, e que acaba refletindo na sala de aula. “Na imensa maioria – não digo em todas – das escolas do sistema público os professores continuam sofrendo um verdadeiro abuso, no sentido de salários, de condições de trabalho e de reconhecimento da sociedade. E exatamente por conta dos salários baixos, muitos não conseguem "vestir a camisa" daquela escola, participar ativamente do projeto político-pedagógico, porque é obrigado a trabalhar em duas, três escolas, sai de uma e tem que ir correndo pra outra”, comenta.

 Para ela a questão é crucial e enquanto não buscar a valorização dos professores, que também tiveram uma formação em instituições escolares com esse tipo de deficiência, a situação nunca irá melhorar.

Lei do teto de gastos
 

A socióloga destaca também que o governo Temer só piora as condições da educação no Brasil, principalmente, após o congelamento dos gastos por 20 anos.

 “Essa legislação é de um governo ilegítimo. É criminosa contra o povo brasileiro. É um crime congelar políticas sociais por 20 vinte anos, incluindo aí a educação e a saúde. Isso nunca foi feito e não conheço outro país que tenha feito uma coisa horrorosa dessas. Acho que essa legislação tem que ser revogada e, isso tem que decorrer de manifestações populares com a maior prioridade”, afirma. 

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