Nesta quinta-feira (19) o Comando Nacional dos Bancários esteve em reunião com representantes da Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) para a terceira rodada de negociação, discutindo saúde e condições de trabalho.
“O problema central do adoecimento, que são as metas abusivas, os bancos não trouxeram respostas durante a reunião. Esperamos que esse item avance até o fim da negociação porque esse é um item central na Campanha, uma preocupação dos bancários, que estão entre as categorias que mais adoecem no país”, disse Ivone Silva, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e região e uma das coordenadoras do Comando Nacional.
“A busca do lucro não pode acabar com a saúde de trabalhador”, ressaltou Juvandia Moreira, presidenta da Confederação Nacional dos Trabalhadores do Ramo Financeiro (Contraf-CUT), rebatendo a proposta dos bancos de “ranking positivo” para divulgar os trabalhadores que batem metas. “É preciso resolver o problema central, a forma impositiva das metas, de cima para baixo, e abusivas que adoecem a categoria.”
Dados - Se antes a maior causa de afastamentos eram lesões por esforço repetitivo, desde 2013 transtornos mentais e comportamentais ultrapassaram as LER/Dort e se mantiveram como as enfermidades com maior incidência. Isso evidência o quanto a política de gestão dos bancos, focada na cobrança abusiva de metas, assédio moral, competição e sobrecarga adoece o bancário.
Os bancos são o setor econômico responsável pelo maior volume de gastos do INSS com benefícios acidentários totalizando 5,73% do total de gastos entre 2012 e 2017, seguido pelos setores de Transporte rodoviário de carga com 4,04%, Administração Pública em Geral com 3,81%, Construção de edifícios com 3,77%, etc. Um dos motivos pelo maior volume gasto é a média salarial mais elevada no setor bancário em relação ao demais setores de atividade econômica. Além disso, os bancos são responsáveis por cerca de 1% do estoque de empregos formais no Brasil, e, no entanto, respondem por 4,71% do total de afastamentos por doença no país entre 2012 e 2017, ou seja, há uma desproporção entre o peso dos bancos na estrutura de emprego do país e no total de afastamentos por doença relacionada ao trabalho.
A Tabela mostra, de acordo com dados do Ministério Público do Trabalho (MPT), que 21,20% do total de afastados por transtornos depressivos recorrentes são da categoria bancária.
Proporção de afastamentos no setor bancário em relação ao total - doenças selecionadas - 2017 |
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CID |
Bancos |
Total |
Proporção |
F32 - Episodios Depressivos |
375 |
2.189 |
17,10% |
F33 - Transtorno depressivo recorrente |
169 |
796 |
21,20% |
F41 - outros transtornos ansiosos |
416 |
2.309 |
18,00% |
F43 - Reações ao stress grave e transtornos de adaptação |
463 |
3.170 |
14,60% |
Fonte: Observatório Digital de Saúde e Segurança no Trabalho (MPT-OIT) |
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Elaboração: Rede Bancários/DIEESE |
Consulta - Na Consulta Nacional dos Bancários, a categoria definiu como prioridades o aumento real (25%), manutenção de direitos (23%), combate ao assedio moral (18%) e manutenção do emprego (15%). Este ano, 60% dos entrevistados afirmaram estar dispostos a fazer greve para defender seus direitos, destacaram também que a aprovação da reforma Trabalhista foi péssima para o trabalhador (73%).
Cecilia Negrão
Assessora de imprensa do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região
(11) 99610-5594