Após a recusa de discutir o déficit da Cassi na mesa de negociação da Campanha Nacional com o Banco do Brasil, o movimento sindical peitou a direção do banco e apresentou proposta de sustentabilidade do plano de saúde na mesa desta segunda-feira sobre saúde e condições de trabalho. O texto, elaborado pelo Sindicato em parceria com a Contraf-CUT e a Comissão de Empresa do BB, traz alternativas ao modelo de custeio que a direção do banco vem tentando impor.
“O que o BB quer é resolver a crise da Cassi com base no custeio, o que significa colocar o nosso salário para sanar um problema de gestão que é causado justamente pela inépcia do banco”, criticou o secretário de Assuntos Jurídicos do Sindicato e funcionário do BB, João Fukunaga.
O Banco do Brasil se retirou da mesa de negociação específica após a posse da nova diretoria eleita na Cassi, em junho deste ano, e informou que as discussões passariam a se dar só no âmbito interno da entidade. Sem respeitar o rito negocial, foi apresentada à diretoria executiva da Cassi uma proposta que prevê aumento da coparticipação do associado em exames e consultas; tenta se livrar do dependente cônjuge da ativa que passa para a aposentadoria; tenta criar novas diretorias e implementar o voto de minerva a favor do banco.
A própria governança da Cassi a partir dessa proposta do banco fez uma contraproposta que também retira direitos dos associados. O diretor eleito Luiz Satoru e o conselheiro eleito Sergio Faraco não conseguem esconder que querem ajudar o banco a cobrar dos associados, realizar cobranças por dependentes e prejudicar a gestão da Cassi favorecendo apenas o patrão – isto é o BB. É esta a proposta que querem levar ao corpo social para votação, em um ato de traição aos seus eleitores.
Em contrapartida, a proposta do movimento sindical vem no sentido de garantias e manutenção de direitos. O documento preserva o princípio da solidariedade, segundo o qual os associados contribuem de forma proporcional ao salário, independentemente da idade ou condição de saúde; defende a manutenção da Cassi sob o comando dos representantes dos associados, sendo gerida de forma paritária; dentre outros pontos.
Quanto à questão financeira, o documento propõe uma receita operacional nova de R$ 862,5 milhões/ano – o que representa R$ 4,3 bilhões entre 2019-23 – para reequilibrar liquidez e margem de solvência, fazer os investimentos necessários e ampliar o modelo assistencial. Esta verba viria de um aditivo ao Memorando de Entendimentos, definindo 1,5% para o corpo social, que corresponderia R$ 345 milhões para os associados ao ano, ou seja, R$ 1,725 bilhão de 2019 a 2023; e 1,5 vezes este valor a ser pago pelo banco, representando R$ 517 milhões ao ano, o que dá R$ 2,587 bilhões no mesmo período. Esta alteração sustenta a mesma metodologia contábil e legal que o banco construiu em 2016, inclusive dentro dos parâmetros da CVM695, e coloca de lado a CGPAR 23, que tanto o banco quanto a chapa Mais Cassi querem impor para os associados.
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Este remodelo do aporte possibilitaria inclusive o crescimento em 10% ao ano na rede de cobertura da Estratégia Saúde da Família (ESF), alcançando 300 mil associados em 2023. Além disso, a condição para se reavaliar os sistemas de custeio, gestão e saúde da Cassi como o próprio modelo assistencial com uma cobertura mais robusta em funcionamento, permitirão decisões mais acertadas e com temporalidades mais adequadas a partir de 2024.
“É possível sair da crise da Cassi com racionalidade, razoabilidade e negociação acima de tudo. Somente elaborando propostas sérias que vamos mudar o futuro da Cassi. A sustentabilidade, como defendemos, não é apenas um custeio, não é só colocar dinheiro para sanar o déficit. É investimento, captação e uma série de outros pontos que desenvolvemos nesta proposta”, defendeu Fukunaga.
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