O Sindicato dos Bancários de São Paulo, ao lado da CUT e das demais centrais sindicais, participou de ato para pressionar pela redução da Selic, a taxa básica de juros da economia. O protesto em frente ao prédio do Banco Central na capital paulista foi realizado nesta terça-feira 30.
Atos promovidos pelas centrais sindicais estão sendo realizados em todos os estados e cidades em que o Banco Central possui sedes. Houve manifestações também nas redes sociais, com a hashtag #MenosJurosMaisempregos.
Na mesma terça-feira 30, o Comitê de Política Monetária (Copom) se reúne para definir a Selic, atualmente em 10,5% ao ano. Mas os juros praticados na economia real são bem maiores.
Desde 2021, o Banco Central, comando por Roberto Campos Neto, indicado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, adota uma política monetária que mantém elevada a taxa básica de juros.
A partir daquele ano, o Copom iniciou um processo contínuo de elevação da Selic, que levou a taxa de 2% para 13,75%, percentual mantido de agosto de 2022 até agosto de 2023.
“Os juros altos comprometem o orçamento das famílias, são os principais responsáveis pelo endividamento e inibem a produção. A taxa Selic elevada obriga ainda o governo a gastar mais com juros do que com investimentos em políticas públicas. Esta é uma consequência da lei que garantiu autonomia ao Banco Central. A liberdade da autarquia para manter os juros elevados favorece principalmente as instituições financeiras, as maiores detentoras dos títulos da dívida pública. Vamos seguir pressionando, junto a diversos setores da sociedade, por uma redução ainda maior, principalmente diante do compromisso do governo atual com a responsabilidade fiscal.”
Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região
Desde 2022, o Sindicato está nas ruas pressionando pela redução da taxa de juros, uma demanda apoiada por 87% da população brasileira, segundo pesquisa Quaest divulgada em julho. Após intensa pressão dos movimentos sindical e sociais, o Copom iniciou um processo de redução que durou de junho de 2023 a junho deste ano.
Juros altos: o que significa?
Juros altos interferem no crescimento da economia, pois sufocam investimentos no setor produtivo, e incentivam aplicações no mercado financeiro, com retorno garantido por meio dos juros altos. Além disso, juros mais elevados encarecem o crédito concedido à população.
Em um ciclo vicioso, menor investimento no setor produtivo interfere na geração de emprego e renda, o que prejudica a economia de um modo geral – população com renda mais baixa e diante de juros mais altos acaba comprando menos. Com isto, o setor varejista deixa de encomendar das indústrias, que deixam de contratar, afetando na geração de emprego e renda.
Menor atividade da renda impacta ainda na arrecadação de tributos, ou seja, no orçamento público, reduzindo a capacidade do Estado em investimentos sociais.
Por outro lado, os gastos do governo com juros da dívida pública sobem, comprometendo parcela maior do orçamento público.
Segundo estimativas do Banco Central, a cada um ponto percentual na Selic mantido por 12 meses, o país gasta cerca de R$ 43 bilhões a mais com a dívida bruta.
Trata-se, portanto, de uma captura dos recursos do Orçamento pelo mercado financeiro, o que afeta investimentos públicos em saúde, educação, programas sociais e no bem-estar geral da sociedade.
Redução da Taxa Selic: luta da Campanha Nacional 2024
Em relação ao Sistema Financeiro, a taxa de juros elevada encarece, restringe e dificulta a concessão de crédito. Os bancos passam a ser mais seletivos e exigentes para quem busca recursos financeiros.
Na esteira da elevação de juros do BC, os juros bancários também se elevam, contribuindo para onerar o orçamento de famílias e empresas e, consequentemente, elevando a inadimplência, em outro ciclo vicioso.
“O sistema financeiro precisa se comprometer com o desenvolvimento do país, por meio da geração de empregos e da redução dos juros cobrados em empréstimos e cartão de crédito. Um dos eixos da Campanha Nacional 2024 é a redução da taxa básica de juros, para que o país alcance as condições necessárias a fim de avançar no crescimento econômico e na criação de emprego e renda”, afirma Neiva Ribeiro, uma das coordenadoras do Comando Nacional dos Bancários, que negocia com a Fenaban a renovação da Convenção coletiva de trabalho da categoria bancária.
“O futuro que queremos passa pela redução da taxa básica de juros, e os bancos, com todo seu poder econômico, têm o dever e a capacidade de contribuir com essa pauta, por meio da redução dos juros cobrados da população, o que beneficiaria as famílias e a economia”, acrescenta a dirigente.