
Entre os dias 6 e 7 de julho, o Brasil sediou a 17ª reunião de Cúpula do Brics, no Rio de Janeiro, sob sua presidência rotativa. Reconhecido como uma voz expressiva do Sul Global, o bloco abordou temas centrais como cooperação na área da saúde, uso de moedas locais, financiamento climático, inteligência artificial, segurança internacional e fortalecimento institucional.
A conferência foi marcada por críticas do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, que ameaçou os países do grupo com a imposição de novas tarifas. Em seu discurso de encerramento, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva respondeu Trump defendendo os princípios de soberania nacional e multilateralismo. Lula também destacou a importância da ação coletiva frente aos desafios globais, como a crise climática e a desigualdade.
A presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Neiva Ribeiro, que integra o Conselho de Desenvolvimento Econômico Social Sustentável (CDESS), compartilha da agenda no presidente Lula nos Brics e vê o grupo como fundamental para o desenvolvimento do Brasil e de todo o Sul Global.
"As parcerias estratégicas discutidas entre os membros do Brics trarão muitos investimentos para o Brasil. Os ganhos não serão apenas de ordem econômica, mas também na saúde pública e no combate às desigualdades sociais. Por isso, a categoria bancária acompanha com interesse e atenção os desdobramentos dessa agenda tão importante para o nosso país", analisa Neiva Ribeiro.
Qual o impacto do Brics no seu cotidiano?
Atualmente composto por Brasil, Rússia, Índia, China, África do Sul, Irã, Arábia Saudita, Egito, Etiópia, Emirados Árabes Unidos e Indonésia, o Brics representa 39% do Produto Interno Bruto mundial com base na paridade de poder de compra, cobre 36% do território global e concentra quase metade da população do planeta.
A declaração política final da 17ª Cúpula apresentou compromissos que refletem os principais desafios contemporâneos. A seguir, os destaques do documento:
Novo Banco de Desenvolvimento
Na área financeira, o grupo reforçou o papel do Novo Banco de Desenvolvimento (NDB) como um instrumento estratégico de apoio ao Sul Global. A liderança da ex-presidenta Dilma Rousseff à frente da instituição foi respaldada, assim como a proposta de ampliação dos países membros. Entre os pontos destacados estão a promoção de financiamentos em moedas locais e a criação de uma Garantia Multilateral, voltada a impulsionar investimentos em infraestrutura e mitigar riscos de crédito.
Cooperação em saúde
Os países integrantes propuseram medidas para reforçar a governança internacional em saúde, manifestando apoio à Organização Mundial da Saúde (OMS) e à efetivação do Acordo sobre Pandemias. O grupo reiterou o compromisso com o acesso justo a vacinas e medicamentos e lançou a proposta de uma nova parceria voltada à eliminação de doenças socialmente determinadas.
Inteligência artificial e soberania digital
A cúpula também aprovou a Declaração sobre a Governança Global da Inteligência Artificial, defendendo uma abordagem responsável para o desenvolvimento tecnológico, com respeito à soberania digital e combate à fragmentação da internet. O documento atribui à ONU o papel central na condução das discussões sobre tecnologias emergentes, propondo normas internacionais que garantam acesso justo, segurança digital e proteção de dados.
Mudanças climáticas
A questão climática também foi pauta prioritária. Os líderes do Brics discutiram o financiamento climático e destacaram a urgência de ampliar os recursos destinados à adaptação, especialmente por meio de aportes públicos dos países desenvolvidos para apoiar populações vulneráveis aos efeitos das mudanças do clima.
