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Chapéu
Memória Sindical

Raquel Kacelnikas: um legado de amor, alegria e luta por justiça social

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Raquel: sorriso largo, alegria combativa e a firmeza necessária às mulheres que sabem a importância de lutar por seu espaço, por seus direitos (Crédito: Gerardo Lazzari / Cedoc)

A história centenária do Sindicato é escrita pela presença vibrante da luta das mulheres. Entre elas, a marcante passagem de Raquel Kacelnikas. Dirigente sindical por mais de duas décadas, destacou-se na luta trabalhista e em causas fundamentais à vida, como o feminismo, o combate ao racismo.

Bancária da Caixa Econômica Estadual de São Paulo desde 1977, e muito respeitada no banco que passou a se chamar Nossa Caixa em 1990, Raquel entrou para a diretoria do Sindicato em 1991.

Raquel, em 1991, durante a campanha pela eleição da Chapa 1 que levaria Gilmar Carneiro à presidência do Sindicato e ela à Secretaria de Finanças (Crédito: CEDOC)
Raquel, em 1991, durante a campanha pela eleição da Chapa 1 que levaria Gilmar Carneiro à presidência do Sindicato e ela à Secretaria de Finanças (Crédito: Cedoc)

Logo em sua primeira gestão, assumiu a Secretaria de Finanças da entidade que então contava com mais de 120 mil sócios. E ao lado de quadros como Gilmar Carneiro (presidente) e Ricardo Berzoini (Secretário-Geral), Raquel começava a deixar sua marca no movimento sindical bancário.

Depois, já sob a presidência de Berzoini, entre 1994 e 1997, a bancária da Nossa Caixa ocupou a Secretaria de Assuntos Jurídicos Individuais.

Em 1993, Raquel é a única mulher na foto que retrata a inauguração da gráfica dos bancários, a Bangraf. Tesoureira do Sindicato, figura ao lado de Ricardo Berzoini, então secretário-geral da entidade, Gilmar Carneiro, presidente, os dirigentes sindicais Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Meneghelli e Renato Silva (Crédito: Cedoc)
Em 1993, Raquel é a única mulher na foto que retrata a inauguração da gráfica dos bancários, a Bangraf. Tesoureira do Sindicato, figura ao lado de Ricardo Berzoini, então secretário-geral da entidade, Gilmar Carneiro, presidente, os dirigentes sindicais Luiz Inácio Lula da Silva, Jair Meneghelli e Renato Silva (Crédito: Cedoc)

Por um longo período, Raquel voltou a ocupar suas funções no banco estadual, mantendo sempre sua atuação firme na luta em defesa dos trabalhadores. Foi eleita Conselheira Representante dos funcionários da Nossa Caixa e lutou muito para manter a representatividade também no fundo de pensão Economus, onde esteve na suplência do Conselho Deliberativo, em 2006.

Não à privatização

Foram anos de luta aguerrida contra a privatização da Nossa Caixa. Em 2001, no final do segundo mandato do presidente Fernando Henrique Cardoso, e com Geraldo Alckmin governador de São Paulo, foi aprovado pela Assembleia Legislativa o projeto que previa a venda de 49% das ações do banco estadual.

Imediatamente, o Sindicato começou uma coleta de assinaturas pela manutenção do banco: era o início de uma luta que manteve a Nossa Caixa como instituição pública por muitos anos. E Raquel, ao lado das entidades de defesa dos bancários, teve atuação política competente e fundamental nessa empreitada de impedir que o banco fosse vendido ao setor privado.

A Nossa Caixa foi o último grande banco estadual não privatizado: graças à luta dos trabalhadores, acabou sendo incorporado pelo Banco do Brasil, em 2009, no segundo mandato do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Uma vitória significativa dos bancários na defesa do patrimônio público.

No abraço à Nossa Caixa, em maio de 2006, ao lado do presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino: um dos muitos atos em defesa do banco estadual, luta na qual Raquel foi liderança fundamental (Crédito: Mauricio Morais/Cedoc)
No abraço à Nossa Caixa, em maio de 2006, ao lado do presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino: um dos muitos atos em defesa do banco estadual, luta na qual Raquel foi liderança fundamental (Crédito: Mauricio Morais/Cedoc)

Na gestão de Luiz Cláudio Marcolino, entre 2005 e 2008, Raquel comporia novamente a direção do Sindicato. Entre 2008 e 2011, com Marcolino presidente, Raquel voltou à Secretaria de Assuntos Jurídicos Individuais.

Foi com Juvandia Moreira, primeira mulher eleita presidenta do Sindicato, em 2011, que Raquel assumiu a Secretaria Geral da entidade. Entre 2014 e 2017, ainda com Juvandia na Presidência, Raquel ocupou a Secretaria de Estudos Socioeconômicos. Permaneceu como dirigente até o fim dessa gestão, quando voltou às suas funções no banco até se aposentar.

Ato em defesa dos bancários, em agosto de 2013: Juvandia, primeira mulher na presidência do Sindicato em 90 anos de fundação da entidade, e Raquel, secretária-geral dessa gestão histórica (Crédito: Gerardo Lazzari/Cedoc)
Ato em defesa dos bancários, em agosto de 2013: Juvandia, primeira mulher na presidência do Sindicato em 90 anos de fundação da entidade, e Raquel, secretária-geral dessa gestão histórica (Crédito: Gerardo Lazzari/Cedoc)

Saudade

Na madrugada de 28 de junho de 2025, em Madri, na Espanha, aos 70 anos de idade, Raquel Kacelnikas morreu, enquanto dormia. Seu legado de amor, alegria e luta por justiça social será eterno.

Paulistana, filha de pai judeu lituano e mãe brasileira de ascendência negra e indígena, Raquel tinha um sorriso largo, uma gargalhada sonora, uma presença marcante. E a firmeza necessária às mulheres que sabem a importância de lutar por seu espaço, por seus direitos. Nas adversidades das assembleias de bancários, ganhava todos os debates com seu amplo conhecimento de causa e sua capacidade de argumentação.

Raquel durante o seminário Negro Plural, realizado em novembro de 2012: liderança sindical e cidadã combativa nas lutas antirracistas, feministas e em defesa da democracia e do povo brasileiro (Crédito: Mauricio Morais/Cedoc)
Raquel durante o seminário Negro Plural, realizado em novembro de 2012: liderança sindical e cidadã combativa nas lutas antirracistas, feministas e em defesa da democracia e do povo brasileiro (Crédito: Mauricio Morais/Cedoc)

A dirigente deixa um legado imenso que está impresso em cada conquista que faz a diferença na vida de milhares de bancários por todo o Brasil. Deixa ensinamentos que estão marcados em cada companheiro que com ela dividiu a dureza da lida, as alegrias da luta. Raquel deixa o marido Wagner e os filhos Pedro e Guilherme. E uma imensa saudade naqueles que tiveram a felicidade de acompanhar sua jornada.

100 anos de luta

Para celebrar seus 100 anos de trajetória, o Sindicato dos Bancários lançou um site voltado especialmete para seus registros históricos. O portal está repleto de depoimentos, histórias e conteúdos especiais relembrando e celebrando esse um século de luta. Acesse 100anos.spbancarios.com.br e conheça esse importante projeto de memória.

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