A primeira rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e Federação dos Bancos (Fenaban) será realizada nesta quarta-feira, dia 27, a partir das 10h, no L'Hotel São Paulo (Alameda Campinas, 266, térreo, salas Lyon e Dijon). A pauta de reivindicações foi entregue aos banqueiros no último dia 13.
A exemplo de 2007, as negociações serão divididas em blocos de reivindicações e um novo tema só deve começar a ser debatido quando o anterior se esgotar, com as devidas soluções para os trabalhadores. Os bancários irão propor que o primeiro bloco a ser discutido seja o de questões temáticas: saúde, segurança e igualdade de oportunidades. O segundo bloco deve levar à mesa reivindicações de emprego, itens sociais e cláusulas renováveis. Os trabalhadores querem discutir no terceiro e último bloco a remuneração total, que inclui todas as reivindicações econômicas.
“Queremos muito mais do que aumento real de salário dos bancos que acumulam resultados expressivos seja em rentabilidade, lucro, ativos ou recorde na concessão de crédito. As condições de saúde, como o fim do assédio moral e das metas abusivas e a extensão de direitos a bancários lesionados, assim como segurança no trabalho, são reivindicações prioritárias”, disse Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região. “Vamos começar exigindo a retomada de pontos que avançaram no ano passado, mas que na conclusão da campanha não constaram da redação final e os compromissos assumidos não foram honrados”, diz Marcolino.
Na última campanha foi prevista, por exemplo, a criação de um canal de denúncia para captação, apuração, com prazo final estabelecido para solução e análise de possíveis desdobramentos dos casos de assédio moral. Além disso, havia a proposta de um programa de prevenção de doenças ocupacionais e de reabilitação de afastados.
Na pauta – Outros pontos que estarão na pauta da primeira rodada de negociação são a isonomia de direitos entre os trabalhadores afastados por doença e os da ativa – como a 13ª cesta-alimentação para todos –, avanços na igualdade de oportunidades – começando pela divulgação dos resultados do mapa da diversidade –, além do direito ao plano de saúde para parceiros do mesmo sexo. “Queremos tudo isso no papel, no contrato de trabalho, para que os bancários se apropriem de seus direitos”, completa Marcolino.
Campanha na rua - Nesta quarta, 27, os atos serão realizados em várias regiões da cidade de São Paulo e em Osasco, em frente às concentrações dos bancos, prédios onde funcionam os departamentos administrativos das instituições financeiras.
Quinta-feira, 28 de agosto, Dia do Bancário - Na quinta, os bancários vão à Paulista para comemorar o Dia do Bancário. As celebrações terão direito a bolo, apresentações de malabares e performances com perna de pau, grupos musicais, além da distribuição de pirulitos fixados com os principais eixos de reivindicação da campanha: aumento real, PLR maior, Plano de Cargos e Salários (PCS), fim da metas abusivas e do assédio moral, além do auxílio-educação para todos.
Veja as principais reivindicações
Índice – reajuste de 13,23% (inflação mais 5% de aumento real)
Vale-alimentação – R$ 415 (mesmo valor do salário mínimo)
Vale-refeição – R$ 17,50 por dia
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – três salários mais valor fixo de R$ 3.500, sem teto, nem limitador.
Auxílio-creche – R$ 415 (mesmo valor do salário mínimo)
Pisos salariais – aumento progressivo, em três anos, até atingir o piso do Dieese, atualmente estimado em R$ 2.074, sendo incorporado 50% da diferença entre o piso da categoria (R$ 921,49) e o piso do Dieese neste ano, 25%, em 2009, e outros, 25% em 2010. Desta forma, neste ano, o piso da categoria passaria a valer R$ 1.497,75 para escriturários, R$ 1.947,07 para caixas e tesoureiros, R$ 2.321,50 para primeiro comissionado, e R$ 3.369,93 para gerente.
Plano de Cargos e Salários (PCS) – formulação de um PCS para todos. A proposta prevê 1% de reajuste a cada ano de trabalho. A cada cinco anos, esse reajuste será de 2%. O banco é obrigado a promover o bancário pelo menos um nível a cada cinco anos. A proposta de PCS determina, ainda, que os bancos são obrigados a treinar o trabalhador para a nova função por no mínimo 60 dias. E quando houver uma nova vaga, o banco é obrigado a fazer um processo de seleção interna para preenchê-la. Para cada cargo e função, o banco deve apresentar a grade curricular necessária e oferecer o curso aos trabalhadores dentro do expediente. Em caso de descomissionamento do bancário, a comissão será incorporada ao salário integralmente.
Fim da metas abusivas – Os bancários querem interferir nas metas que estão na base da gestão do sistema financeiro. As metas passarão a ser definidas com o movimento sindical, a partir do local de trabalho – agências ou departamentos – e levando em consideração a região, o porte das agências, o número de funcionários, a base de clientes e o perfil econômico local. Devem ser obrigatoriamente coletivas e não individuais, considerando a região e número de clientes. Deve ocorrer a redução das metas quando houver a diminuição de trabalhadores.
Contratação de remuneração total – Além do reajuste salarial, os bancários querem regrar a remuneração variável. A reivindicação é de distribuição de 5% da receita de prestação de serviços de forma igualitária entre todos os bancários. O pagamento deverá ser feito após a publicação do balanço trimestral. Além disso, 10% de toda a produção da agência deve ser distribuída entre os trabalhadores da unidade.
Novas conquistas – Auxílio-educação e a criação de um plano de previdência complementar fechado, com gestão compartilhada.
Emprego - Ratificação da convenção 158; defesa do emprego; cumprimento da jornada de 6 horas; contratação de mais funcionários, estabelecendo efetivo mínimo para o atendimento aos clientes.
Segurança - Instalação de portas de segurança em todas as agências bancárias já no auto-atendimento; pagamento de adicional de risco de vida no valor de 40% do salário para funcionários de agências e PABs.
Reivindicações Políticas
Defesa dos bancos públicos
Ampliação do crédito produtivo para investimentos, principalmente agrícola
Redução da taxa de juros
Regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal (que estabelece o papel do sistema financeiro no país)
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