Teve início nesta quarta-feira, dia 27, a primeira rodada de negociação entre bancários e banqueiros dentro da Campanha Nacional dos Bancários 2008. Foi debatida proposta de combate ao assédio moral que será redigida na próxima negociação. A denúncia desses casos poderá ser feita no Sindicato. A entidade irá encaminhar ao banco que terá prazo máximo de 60 dias para apuração e solucionar o problema.
Foi discutida a necessidade da criação de um manual de conduta para orientar as boas práticas de relacionamento e proibição a qualquer forma de assédio, com regras para orientar formas de prevenção ao problema.
“Precisamos criar condições para que o assédio moral, apontado como um dos problemas mais graves pela categoria seja banido nos bancos”, destacou Luiz Cláudio Marcolino, presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Os bancários também cobraram da Fenaban a extensão da 13ª Cesta Alimentação a todos os bancários afastados por motivo de saúde.
Calendário - No encontro de hoje foi estabelecido um calendário de negociações com mais quatro datas definidas: 2, 9, 16 e 23 de setembro. Em cada uma delas será mantida a negociação em bloco de reivindicações.
“Queremos muito mais do que aumento real de salário dos bancos que acumulam resultados expressivos seja em rentabilidade, lucro, ativos ou recorde na concessão de crédito. As condições de saúde, como o fim do assédio moral e das metas abusivas e a extensão de direitos a bancários lesionados, assim como segurança no trabalho, são reivindicações prioritárias”, reiterou.
Confira quais blocos serão discutidos
1º Bloco (27 de agosto) – Pendências da Campanha 2007
2º Bloco (2 de setembro) - Mesas temáticas: saúde, segurança e igualdade de oportunidades
3º Bloco (9 de setembro) – Emprego, itens sociais e cláusulas Renováveis
4º Bloco (16 e 23) – Remuneração Total, que inclui todas as cláusulas econômicas
Quinta-feira, 28 de agosto, Dia do Bancário - Os bancários vão à Paulista para comemorar o Dia do Bancário. As celebrações terão direito a bolo, apresentações de malabares e performances com perna de pau, grupos musicais, além da distribuição de pirulitos fixados com os principais eixos de reivindicação da campanha: aumento real, PLR maior, Plano de Cargos e Salários (PCS), fim da metas abusivas e do assédio moral, além do auxílio-educação para todos.
A partir das 9h, dois grupos formados por bancários e membros da bateria da escola de samba Águia de Ouro partem ao mesmo tempo dos dois extremos da avenida (da Praça Oswaldo Cruz e da sede do banco Safra, na esquina com a Rua Augusta) e se encontram em frente à matriz do Real, na região da Rua Pamplona.
Veja as principais reivindicações
Índice – reajuste de 13,23% (inflação mais 5% de aumento real)
Vale-alimentação – R$ 415 (mesmo valor do salário mínimo)
Vale-refeição – R$ 17,50 por dia
Participação nos Lucros e Resultados (PLR) – três salários mais valor fixo de R$ 3.500, sem teto, nem limitador.
Auxílio-creche – R$ 415 (mesmo valor do salário mínimo)
Pisos salariais – aumento progressivo, em três anos, até atingir o piso do Dieese, atualmente estimado em R$ 2.074, sendo incorporado 50% da diferença entre o piso da categoria (R$ 921,49) e o piso do Dieese neste ano, 25%, em 2009, e outros, 25% em 2010. Desta forma, neste ano, o piso da categoria passaria a valer R$ 1.497,75 para escriturários, R$ 1.947,07 para caixas e tesoureiros, R$ 2.321,50 para primeiro comissionado, e R$ 3.369,93 para gerente.
Plano de Cargos e Salários (PCS) – formulação de um PCS para todos. A proposta prevê 1% de reajuste a cada ano de trabalho. A cada cinco anos, esse reajuste será de 2%. O banco é obrigado a promover o bancário pelo menos um nível a cada cinco anos. A proposta de PCS determina, ainda, que os bancos são obrigados a treinar o trabalhador para a nova função por no mínimo 60 dias. E quando houver uma nova vaga, o banco é obrigado a fazer um processo de seleção interna para preenchê-la. Para cada cargo e função, o banco deve apresentar a grade curricular necessária e oferecer o curso aos trabalhadores dentro do expediente. Em caso de descomissionamento do bancário, a comissão será incorporada ao salário integralmente.
Fim da metas abusivas – Os bancários querem interferir nas metas que estão na base da gestão do sistema financeiro. As metas passarão a ser definidas com o movimento sindical, a partir do local de trabalho – agências ou departamentos – e levando em consideração a região, o porte das agências, o número de funcionários, a base de clientes e o perfil econômico local. Devem ser obrigatoriamente coletivas e não individuais, considerando a região e número de clientes. Deve ocorrer a redução das metas quando houver a diminuição de trabalhadores.
Contratação de remuneração total – Além do reajuste salarial, os bancários querem regrar a remuneração variável. A reivindicação é de distribuição de 5% da receita de prestação de serviços de forma igualitária entre todos os bancários. O pagamento deverá ser feito após a publicação do balanço trimestral. Além disso, 10% de toda a produção da agência deve ser distribuída entre os trabalhadores da unidade.
Novas conquistas – Auxílio-educação e a criação de um plano de previdência complementar fechado, com gestão compartilhada.
Emprego - Ratificação da convenção 158; defesa do emprego; cumprimento da jornada de 6 horas; contratação de mais funcionários, estabelecendo efetivo mínimo para o atendimento aos clientes.
Segurança - Instalação de portas de segurança em todas as agências bancárias já no auto-atendimento; pagamento de adicional de risco de vida no valor de 40% do salário para funcionários de agências e PABs.
Reivindicações Políticas
Defesa dos bancos públicos
Ampliação do crédito produtivo para investimentos, principalmente agrícola
Redução da taxa de juros
Regulamentação do artigo 192 da Constituição Federal (que estabelece o papel do sistema financeiro no país)
Linha fina
Bancários e banqueiros definem mais quatro rodadas. Soluções para o combate ao assédio moral abriram os debates
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