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Em uma coisa os dois lados concordam: o assédio moral é um problema nas agências bancárias e nos departamentos. “E isso já é um avanço conquistado pelos trabalhadores nesses anos de debate. Há algum tempo os bancos sequer reconheciam que o assédio existia”, afirma a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Juvandia Moreira, que faz parte do Comando Nacional dos Bancários.
Não há total consenso, no entanto, sobre as formas para combater esse mal que atormenta os trabalhadores e está na base do adoecimento da categoria.
Os bancos se comprometem a fazer treinamento com seus gestores sobre o combate ao assédio moral, mas não aceitam negociar o conteúdo desses treinamentos com os sindicatos. “E isso queremos resolver na próxima rodada de negociação”, explica Juvandia. “Há bancos que já têm cartilhas sobre o tema com conteúdos bastante inadequados, que não vão ajudar no combate ao assédio. Por isso é tão importante que os trabalhadores possam interferir na formulação desses materiais de treinamento.”
Denúncia – Outro entrave no debate dessa terça-feira está relacionado ao sigilo os denunciados. “Vamos voltar a essa pauta na rodada de negociação da próxima quarta-feira, 1º. O Sindicato têm a preocupação de não colaborar com a impunidade dos assediadores e de não inviabilizar a ação para solucionar esse problema”, informa a presidenta do Sindicato.
A cláusula sobre assédio moral na nova Convenção Coletiva de Trabalho deve prever uma declaração explícita por parte dos bancos signitários contra qualquer ato de assédio moral. Uma das discussões é a apresentação de dados setoriais sobre o problema nos locais de trabalho. E as denúncias dos bancários devem ser apuradas pelo banco que vai informar ao Sindicato o resultado num prazo máximo de 60 dias. A entidade sindical poderá preservar o nome do denunciante.
Mais saúde – Além do combate ao assédio moral e o fim das metas abusivas, a rodada de negociação abordou outras questões prioritárias para os trabalhadores. “Levamos à mesa nossas propostas para a promoção à saúde nos locais de trabalho, assim como a manutenção dos salários e direitos aos bancários afastados por motivos de saúde. É o caso da garantia de função para quem retornar de licença-médica.
Próximas Negociações - Ficaram agendadas quatro rodadas com dois dias previstos para cada uma delas, às quartas e quintas-feiras. Em 1 e 2 de setembro, as negociações sobre saúde prosseguem junto com as de segurança bancária. Na outra semana, 8 e 9 de setembro, acontece o debate sobre emprego. Nos dias 15 e 16 serão realizadas as negociações sobre remuneração.
Confira os principais itens da pauta de reivindicação
• Reajuste Salarial –11%
• PLR – três salários mais R$ 4 mil
• Piso – Salário mínimo do Dieese (R$ 2.157,88)
• Vales Alimentação e Refeição – Salário Mínimo Nacional (R$ 510)
• PCCS – Para todos os bancários
• Auxílio-educação – pagamento para graduação e pós.
• Emprego – Ampliação das contratações, combate às terceirizações, aprovação da Convenção 158 da OIT (contra demissões imotivadas)
• Cumprimento da jornada de 6 horas
• Fim das metas abusivas
• Fim do assédio moral
• Mais segurança nas agências bancárias
• Previdência complementar para todos os trabalhadores
• Contratação da remuneração total
• Igualdade de oportunidades
Dados da Categoria - Os bancários são uma das poucas categorias no país que possui Contrato Coletivo de Trabalho (CCT) com validade nacional. Os direitos conquistados têm legitimidade em todo o país. São 460 mil bancários no Brasil, sendo 130 mil na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.