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Bancos não estão nem aí com a vida dos bancários

Linha fina
Recusa em debater assistência às vítimas de assaltos e sequestros evidencia posição das instituições na defesa do patrimônio acima de tudo
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São Paulo – Mais segurança nos locais de trabalho e respeito à vida dos bancários. Esse foi o tema que deu início à segunda rodada de negociação da Campanha 2014. A reunião continua na quinta-feira 28 com as reivindicações de igualdade de oportunidades.

Os representantes da federação dos bancos (Fenaban) ficaram incomodados com os números apresentados pelo Comando Nacional dos Bancários sobre a quantidade de assaltos às instituições financeiras no primeiro semestre de 2014. De acordo com pesquisa realizada pela Contraf-CUT e pela Confederação dos Vigilantes foram 403 assaltos a bancos em todo o país nesse período. Segundo a Fenaban, teriam sido 186 casos.

“Queremos ver os dados dos bancos, já solicitamos isso. Os nossos números estão comprovados por informações que foram publicadas”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “Conhecer essas informações é fundamental para o debate que tem por objetivo aumentar a segurança nos locais de trabalho.”

> Vídeo: Juvandia fala sobre a segunda rodada

Assistência às vitimas – O desrespeito dos bancos com a vida dos seus empregados ficou evidente quando entrou em debate a reivindicação de proteção às vítimas de assaltos, sequestros e extorsões, inclusive com a garantia de que não serão demitidos.

“Para os bancos essa é uma questão administrativa, disciplinar, não querem debater. Para nós é uma questão de respeito à vida. Estamos tratando do direito de um ser humano cuja família muitas vezes está em risco, nas mãos de bandidos, mas que eles demitem por descumprir regras. Isso deixou claro mais uma vez que estão preocupados só com seu patrimônio e não com as pessoas”, critica Juvandia, lembrando que as seis maiores instituições financeiras do país estão representadas na mesa: Banco do Brasil, Caixa Federal, Bradesco, Itaú, Santander e HSBC.

“Para os bancos, o empregado tem sempre de comunicar os sequestros, mesmo que haja vidas em risco. Não concordamos com isso e nem a Justiça concorda. Eles já perderam muitas ações judiciais em que foram forçados a reintegrar trabalhadores demitidos nessas condições”, completa a dirigente.

Juvandia lembra, ainda, que nem o que está previsto na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) está sendo cumprido pelos bancos e que isso também foi cobrado na mesa de negociação. A cláusula 32 garante o direito ao atendimento médico e psicológico, mas nem sempre isso acontece. Os bancos também negam, muitas vezes, a emissão da Comunicação de Acidente de Trabalho (CAT). O documento é fundamental, nesses casos, para a preservação de direitos do bancário que venha a sofrer sequelas em função do trauma do assalto.

Projeto-piloto – Os representantes dos trabalhadores cobraram a extensão para todo o Brasil das medidas implantadas no projeto-piloto, na região de Recife (PE). Houve redução de 50% nos assaltos e diminuição de 42,9% nos crimes de saidinha nessas agências onde foram implantadas medidas como biombos para tornar mais privativas as transações financeiras tanto nos caixas como no autoatendimento, câmaras internas e externas, além das portas de segurança. “Ou seja, o projeto-piloto conquistado na Campanha Nacional 2012 provou ter efetividade e queremos uma cláusula na Convenção Coletiva de Trabalho que estabeleça que essas medidas serão implantadas em todo o Brasil”, ressalta a dirigente.

“E eles podem. Os bancos investiram somente R$ 2,4 bilhões no primeiro semestre com segurança. Isso representa 8,6% do lucro dos cinco maiores. Têm de investir mais na proteção à vida de funcionários e clientes.”

A Fenaban ficou de debater a reivindicação com os bancos. “Os bancários querem mais segurança e vamos continuar cobrando resposta positiva para essa nova cláusula de segurança na CCT.”

Juvandia lembra que o Comando cobrou, ainda, a presença de no mínimo dois vigilantes em todas as agências bancárias, inclusive no horário do almoço. “Isso é lei e eles têm de cumprir.”

Chaves – Sobre a proibição da guarda das chaves das agências e dos cofres por bancários, a Fenaban reafirmou não ver problemas na prática. E informou que alguns bancos estão fazendo parcialmente e outros estão testando mudanças, mas que não conseguem operacionalizar a abertura de agência de forma remota, por intermédio de uma empresa.

O Comando dos Bancários lembrou que há instituições que já fazem dessa maneira e o assunto deve continuar sendo debatido na mesa temática de segurança. “Os funcionários dos bancos que ficam com as chaves são muito expostos ao risco, inclusive seus familiares e isso é inadmissível”, finaliza Juvandia. O tema deve voltar a debate na mesa temática de segurança.


Cláudia Motta - 27/8/2014

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