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Campanha Nacional chega à Faria Lima

Linha fina
Movimento sindical percorre importante centro de finanças da capital paulista conscientizando população sobre desrespeitos e abusos dos bancos
Imagem Destaque

São Paulo – A região da Avenida Faria Lima é um dos principais centros financeiros do país, onde se localizam dezenas de agências e algumas concentrações administrativas dos principais bancos que atuam no Brasil. Mais uma região da cidade onde a Campanha Nacional 2014 dos bancários estreou na terça-feira 19.

O lema deste ano é: Bancos em 3D: demitem, desrespeitam, deprimem. Vamos mudar essa história. Com ele a categoria pretende chamar a atenção da sociedade, utilizando o bom humor e o universo cinematográfico para falar das agruras pelas quais passam trabalhadores e clientes.

"A minha rotina na agência daria um filme trágico. O nome poderia ser Um dia de Cão", brincou uma funcionária do Bradesco. Galhofas à parte, esse relato ilustra a realidade. Ela trabalha em meio a três mesas vazias e é a única responsável pela abertura de contas na unidade de grande movimento.

"Demitiram meus colegas, não contrataram ninguém para o lugar deles e acabou sobrando tudo para mim. As metas aumentaram muito. Tenho no máximo 15 minutos de almoço por dia, se não minha gerente me come o fígado", relatou.

Um bancário do Itaú foi objetivo ao retratar a rotina massacrante da atualidade. "Quem não consegue lidar com a pressão pelas metas, surta. Eu consigo porque o que escuto entra por um ouvido e sai pelo outro, mas quem é mais sensível não aguenta."

Para reforçar a divulgação dos abusos e desrespeitos perpetrados pelos bancos, dirigentes sindicais distribuíram à população o Jornal do Cliente, publicação que contém uma série de informações que ajudam a entender por que o atendimento nas agências não é condizente com o valor das tarifas.

"Eu pagava R$ 37 por mês para manutenção da conta. Um absurdo pelos servicinhos que eu tinha em troca", reclamou a instrumentadora cirúrgica Ana Cristina Diniz, que lia com atenção as informações do Jornal do Cliente.

> Leia página para os clientes

A publicação informa que os principais bancos atuantes no país lucraram R$ 57 bilhões em 2013."Gostaria de saber para onde vai tanto dinheiro. Ou melhor, prefiro saber para que tanto dinheiro", indignou-se Ana Cristina.

"A cada ano que passa os bancos diminuem os postos de trabalho e lucram mais em cima da exploração dos seus funcionários, o que leva a categoria ao adoecimento, principalmente por doenças mentais, como síndrome do pânico e depressão, e físicas, como lesões por esforço repetitivo", relata o dirigente sindical e coordenador da regional Oeste do Sindicato, Carlos Garcia.

Os dados do INSS comprovam. Em 2013, 18.671 bancários em todo o país foram obrigados a pedir licença médica. A maior parte (27%) com doenças psíquicas causadas pela pressão. Outros (24,6%) com adoecimento típico da sobrecarga e  esforço repetitivo (LER/Dort). São cerca de 50 bancários por dia se afastando do trabalho.

Para piorar o quadro de diminuição de funcionários, os bancos (fora a Caixa Federal, que está contratando) cortaram 19.190 postos de trabalho desde 2012 – 5.331 apenas no primeiro semestre deste ano. "Agora dá para entender porque o atendimento nos bancos é uma porcaria", revoltou-se o auxiliar administrativo Luciano Schmitz.

Ele aguardava para abrir uma conta no Santander. "Sou cliente do Itaú, mas não aguento mais aquele banco. Às vezes fico mais de 30 minutos esperando na fila. Estou mudando para ver se aqui é melhor, mas acho que vai ser a mesma coisa", declarou desanimado.

Em 2004 cada bancário cuidava de 236 contas correntes. Esse número subiu para 340 em 2013, salto de 44%. No mesmo ano, das quinze empresas com maior número de reclamações no Procon de São Paulo, cinco eram bancos. O Itaú liderou com 1.389 queixas, seguido do Bradesco, com 936.


Rodolfo Wrolli – 19/8/2014

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