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Diferença salarial das mulheres cresceu em 20 anos

Linha fina
Mesmo assim, Fenaban não avança no debate sobre igualdade de oportunidades. Nem dados do censo da diversidade foram apresentados
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São Paulo – A falta de dados por parte dos bancos e a postura dos negociadores da Fenaban impossibilitou avanços na mesa de negociação sobre igualdade de oportunidades da Campanha Nacional Unificada 2014. A reunião realizada na quinta-feira 28 encerrou a segunda rodada de negociação que na quarta 27 tratou das reivindicações de segurança.

> Bancos não estão nem aí com a vida dos bancário

O Comando Nacional dos Bancários cobrou da federação dos bancos a divulgação dos dados do II Censo da Diversidade, realizado entre março e maio deste ano. A Fenaban informou que os resultados ainda não foram finalizados e assumiram compromisso de apresentá-los na primeira quinzena de setembro.

“Ter acesso a esses dados é fundamental para que possamos verificar se algo avançou desde a realização do primeiro censo, em 2008. Dados públicos, como a Rais (Relação Anual de Informações Sociais), mostram que nada mudou”, afirma a presidenta do Sindicato, Juvandia Moreira, uma das coordenadoras do Comando. “Por exemplo, a Rais 2012 aponta que temos 17% de pretos e pardos (dados mais recentes) e o Censo divulgado em 2009 aparecia com 19%. Também lembramos que há 14 anos, ou seja, em 2000, a categoria tinha 43% de mulheres e com grau de escolaridade maior e mesmo assim elas continuam ocupando menos cargos diretivos e recebem salários mais baixos”, reforçou. “Atualmente ocupam 49% do total de postos de trabalho e recebem, em média, salários 24% menores que os dos homens. A diferença vem se acentuando ao longo dos anos, já que era de 21% em 1994. Essa realidade é ainda mais injusta quando se observa que as mulheres bancárias têm escolaridade maior que a dos bancários: 75% delas têm nível superior completo, enquanto entre os homens esse percentual cai para 69%.”

> Vídeo: Juvandia comenta negociações sobre igualdade

Diversidade – Os bancos dizem que se esforçam para a contratação de pessoas com deficiência (PCDs), afirmando serem um dos poucos setores que faz isso. De acordo com o negociador da Fenaban, Magnus Ribas Apostólico, apesar de ser difícil encontrar pessoas com deficiência com um mínimo de escolaridade, todos os bancos tem programas específicos pra contratar. Também informaram fazer “esforços” pra aumentar o número de negros e em especial de mulheres negras, orientando as empresas sobre o recrutamento e contratação desses profissionais, com a preparação dos gestores pra que tenham olhar para a diversidade.

Apesar de afirmar isso, recusaram-se a estabelecer uma cota de pelo menos 20% de negros e negras na categoria. A Fenaban informou ser contra cotas por achar que “isso não ajuda”.

“Discordamos e reforçamos que a política de cotas tem sido utilizada por uma série de setores para corrigir distorções históricas causadas pela injustiça social”, destaca Juvandia. “Antes da política de cotas para pessoas com deficiência, por exemplo, os bancos não contratavam PCDs. Por isso é tão importante respeitar cotas.”

Também disseram não ao abono de falta para reparos de órteses e próteses das pessoas com deficiência – coisa que alguns bancos inclusive já praticam.

PCCS – O Comando Nacional dos Bancários cobrou plano de carreira, cargos e salários (PCCS) com o objetivo de reduzir as desigualdades. Para a Fenaban isso já existe em todos os bancos, mas se recusam a colocar como garantia para os trabalhadores na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT).

Equidade – A adesão dos bancos ao Programa Pró-Equidade de Gênero foi cobrada pelo Comando. O programa federal busca “garantia da autonomia econômica e social das mulheres como condição estruturante para a transformação das condições de vida e das desigualdades, especialmente daquelas que vivem as discriminações decorrentes da desigualdade social, de gênero e racial”.

A Fenaban informou desconhecer o programa e que fará o debate com os representantes dos trabalhadores na mesa temática de igualdade de oportunidades.

Assédio sexual – O combate ao assédio sexual nos bancos foi a única reivindicação da categoria sobre a qual os bancos afirmaram também ser uma preocupação do setor. “Toparam discutir com o movimento sindical a realização de uma campanha de esclarecimento. Isso também será feito via mesa temática”, completa Juvandia.

Licença-paternidade – Sobre à reivindicação de ampliação da licença parental (tanto para os pais quanto para as mães, também em caso de relações homoafetivas) para seis meses, os negociadores dos bancos disseram não, alegando que isso só poderia ser convencionado por lei, pela Previdência Social.


Cláudia Motta - 28/8/2014

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