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São Paulo – Uma lavoura de tomate orgânico produz em média de seis a oito quilos por metro quadrado. Essa produtividade, porém, pode ser 60% maior, chegando a render 9,5 quilos, com a utilização de um fungo chamado Trichoderma. O resultado é de grande relevância porque o tomate é dos alimentos mais consumidos e mais envenenados segundo uma pesquisa da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). E porque derruba um dos principais argumentos da indústria de agrotóxicos, o de que só com uso de agroquímicos é possível aumentar a produção da lavoura. O estudo é da Unidade de Pesquisa de Agricultura Ecológica de São Roque (SP), vinculada à Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA), órgão da Secretaria Estadual da Agricultura.
Chefe da unidade e pesquisador, o agrônomo Sebastião Wilson Tivelli explica que os testes com os tomateiros, já publicados em revistas científicas desde 2008, identificam diversos benefícios do Trichoderma ao desenvolvimento. "Esses fungos facilitam a absorção e o aproveitamento de nutrientes importantes presentes no solo, como o nitrogênio, e melhoram a ação dos hormônios de crescimento, fazendo a planta crescer mais. Além disso, aumentam sua resistência à escassez de água, ao calor e protegem a raiz contra ataques de micro-organismos nocivos do solo, evitando doenças na planta", explica.
As propriedades benéficas do fungo já são conhecidas pelos cientistas em todo o mundo. No Brasil, é utilizado em 5,5 milhões de hectares de terra em várias lavouras para controlar doenças como o mofo branco, a fusariose e a rizoctoniose, que podem comprometer a produção em sua totalidade dependendo das condições ambientais.
Os fungos usados na pesquisa de Tivelli são estudados pela pesquisadora Cleusa Maria Mantovanelo Lucon, do Instituto Biológico, também ligado ao governo estadual. Sua coleção reúne 120 cepas do Trichoderma.
Além de capacitar produtores orgânicos para a utilização adequada do fungo nas lavouras de tomate da região de Ibiúna, bem como o manejo adequado do solo livre de agroquímicos, os pesquisadores disponibilizam tecnologia para a produção própria. Com isso, os agricultores não precisam comprá-lo das diversas empresas particulares que o comercializam.
Alface - Os pesquisadores de São Roque e do Instituto Biológico continuam estudando as melhores cepas para utilização em outros itens muito consumidos pela população, como alface crespa, coentro e acelga. A intenção é estimular a produção orgânica desses alimentos, que assim como os tomates, recebem banhos de agrotóxicos além do máximo permitido.
Segundo Tivelli, há muito conhecimento acumulado sobre estratégias agroecológicas que, combinadas, aumentam a produtividade das lavouras. É o caso da adoção de cercas vivas ou quebra ventos, que ajudam a proteger os canteiros da contaminação pelas gotículas de agroquímicos utilizados em plantios convencionais vizinhos.
Como oferecem condições adequadas para a vida de aranhas, percevejos e ácaros, entre outros predadores, essas estratégias funcionam também como obstáculos contra o ataque de pragas.
Ele recomenda ainda a utilização de adubos verdes e o uso de palha no solo para a produção, o que reduz a temperatura e aumenta a umidade, reduzindo a necessidade de irrigação. "No entanto, precisamos continuar fazendo pesquisas para oferecer mais alternativas para o agricultor produzir mais e com custos menores".
Pesquisa ameaçada - Pesquisas de relevância semelhantes à de São Roque, desenvolvidas em 16 outras unidades da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) estão ameaçadas por um projeto do governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
Por meio do PL 328/2016, que tramita em caráter de urgência e está para ser votado na Assembleia Legislativa, um conjunto de 79 imóveis considerados "inservíveis" pelo governo deverão ser vendidos. O estado espera arrecadar no total R$ 1,43 bilhão.
Na única audiência pública realizada para discutir o PL, na semana passada, o secretário-adjunto da Agricultura, Rubens Naman Rizek Junior, afirmou que o estado pretende elaborar novas listas. "Só a Secretaria da Agricultura tem mais de 900 imóveis e não consegue cuidar de todos", disse.
Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual - 29/8/2016
Chefe da unidade e pesquisador, o agrônomo Sebastião Wilson Tivelli explica que os testes com os tomateiros, já publicados em revistas científicas desde 2008, identificam diversos benefícios do Trichoderma ao desenvolvimento. "Esses fungos facilitam a absorção e o aproveitamento de nutrientes importantes presentes no solo, como o nitrogênio, e melhoram a ação dos hormônios de crescimento, fazendo a planta crescer mais. Além disso, aumentam sua resistência à escassez de água, ao calor e protegem a raiz contra ataques de micro-organismos nocivos do solo, evitando doenças na planta", explica.
As propriedades benéficas do fungo já são conhecidas pelos cientistas em todo o mundo. No Brasil, é utilizado em 5,5 milhões de hectares de terra em várias lavouras para controlar doenças como o mofo branco, a fusariose e a rizoctoniose, que podem comprometer a produção em sua totalidade dependendo das condições ambientais.
Os fungos usados na pesquisa de Tivelli são estudados pela pesquisadora Cleusa Maria Mantovanelo Lucon, do Instituto Biológico, também ligado ao governo estadual. Sua coleção reúne 120 cepas do Trichoderma.
Além de capacitar produtores orgânicos para a utilização adequada do fungo nas lavouras de tomate da região de Ibiúna, bem como o manejo adequado do solo livre de agroquímicos, os pesquisadores disponibilizam tecnologia para a produção própria. Com isso, os agricultores não precisam comprá-lo das diversas empresas particulares que o comercializam.
Alface - Os pesquisadores de São Roque e do Instituto Biológico continuam estudando as melhores cepas para utilização em outros itens muito consumidos pela população, como alface crespa, coentro e acelga. A intenção é estimular a produção orgânica desses alimentos, que assim como os tomates, recebem banhos de agrotóxicos além do máximo permitido.
Segundo Tivelli, há muito conhecimento acumulado sobre estratégias agroecológicas que, combinadas, aumentam a produtividade das lavouras. É o caso da adoção de cercas vivas ou quebra ventos, que ajudam a proteger os canteiros da contaminação pelas gotículas de agroquímicos utilizados em plantios convencionais vizinhos.
Como oferecem condições adequadas para a vida de aranhas, percevejos e ácaros, entre outros predadores, essas estratégias funcionam também como obstáculos contra o ataque de pragas.
Ele recomenda ainda a utilização de adubos verdes e o uso de palha no solo para a produção, o que reduz a temperatura e aumenta a umidade, reduzindo a necessidade de irrigação. "No entanto, precisamos continuar fazendo pesquisas para oferecer mais alternativas para o agricultor produzir mais e com custos menores".
Pesquisa ameaçada - Pesquisas de relevância semelhantes à de São Roque, desenvolvidas em 16 outras unidades da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) estão ameaçadas por um projeto do governo de Geraldo Alckmin (PSDB).
Por meio do PL 328/2016, que tramita em caráter de urgência e está para ser votado na Assembleia Legislativa, um conjunto de 79 imóveis considerados "inservíveis" pelo governo deverão ser vendidos. O estado espera arrecadar no total R$ 1,43 bilhão.
Na única audiência pública realizada para discutir o PL, na semana passada, o secretário-adjunto da Agricultura, Rubens Naman Rizek Junior, afirmou que o estado pretende elaborar novas listas. "Só a Secretaria da Agricultura tem mais de 900 imóveis e não consegue cuidar de todos", disse.
Cida de Oliveira, da Rede Brasil Atual - 29/8/2016