São Paulo – Desde 1999, celebra-se no dia 12 de agosto, por iniciativa da ONU (Organização das Nações Unidas), o Dia Internacional da Juventude. Durante todo agosto, o Mês da Juventude, são realizadas atividades com o objetivo de promover o debate e a sensibilização sobre temas relacionados à agenda desse grupo que corresponde a 24,1% da população brasileira.
No Brasil, as lutas da juventude ganham especial importância, uma vez que essa parcela da população, entre 15 e 29 anos, especialmente quando negra e pobre, é a vítima preferencial da violência, partindo muitas vezes do próprio Estado, através da repressão pelas forças policiais.
“A vítima da violência é, sobretudo, jovem, pobre e negra. Um verdadeiro genocídio desta grande parcela da população. Para mudar esta realidade, é preciso garantir educação de qualidade, emprego, erradicar a pobreza e a desigualdade, além de promover uma cultura de paz”, enfatiza o bancário do Bradesco e membro do Coletivo de Juventude do Sindicato, Márcio Vieira.
De acordo com a pesquisa Atlas da Violência, realizada pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) e pelo Fórum Brasileiro de Segurança Pública, mais de 318 mil jovens brasileiros foram assassinados entre 2005 e 2015. No intervalo desses anos, observou-se aumento de 17,2% na taxa de homicídio de pessoas entre 15 e 29 anos. Em 2015, as mortes de jovens corresponderam a 47,8% do total de óbitos no país.
A pesquisa confirma o perfil típico das vítimas de homicídios no Brasil: homens, jovens, negros e com baixa escolaridade. Entre 2005 e 2015, enquanto houve crescimento de 18,2% na taxa de homicídio de homens negros, a mortalidade entre não negros caiu 12,2%. No mesmo período, entre as mulheres não negras registrou-se queda de 7,4% nos homicídios, enquanto entre negras a taxa aumentou 22%.
Reformas – Outras ameaças à juventude brasileira estão incluídas na reforma trabalhista, recentemente aprovada pelo Congresso, e a reforma da Previdência, em tramitação no Legislativo. Ambas propostas pelo governo Temer.
“Os jovens entre 15 e 29 anos estão ingressando no mercado de trabalho ou no começo das suas carreiras. Com a reforma da Previdência, que estabelece tempo mínimo de contribuição de 25 anos e de 40 anos para o benefício integral, este jovem é forçado a ingressar cada vez mais cedo no mercado de trabalho, prejudicando seus estudos. Com a reforma trabalhista, se este jovem conseguir colocação no mercado, vai encontrar relações de trabalho precarizadas, com salários rebaixados e sem direitos”, avalia Márcio.
Capital paulista – O dirigente lembra ainda que a juventude também não está sendo respeitada pela Prefeitura de São Paulo. “O prefeito João Dória restringiu os horários de utilização do Passe Livre estudantil, congelou verbas da cultura e ataca expressões artísticas da juventude como, por exemplo, o grafite.”
Categoria bancária – Atualmente, 136 mil bancários entre 18 e 29 anos trabalham nas instituições financeiras do país. Eles representam 27% da categoria no Brasil. Em São Paulo, Osasco e região são 43 mil. Atuam principalmente como jovens aprendizes, estagiários, bancários e ainda como terceirizados, que muitas vezes sofrem com a precarização nas relações de trabalho, principalmente no teleatendimento.
Ato – Para celebrar o Mês Internacional da Juventude, o Sindicato promove o Ato da Juventude – Grito Pelas Diretas Já e Contra as Reformas no dia 24. A concentração será em frente à sede do Sindicato (Rua São Bento, 413, Centro, São Paulo), às 17h30. Após uma marcha pela região central de São Paulo, o ato será finalizado com um show no Café dos Bancários.
“A juventude trabalhadora precisa se mobilizar, ao lado dos seus sindicatos e dos movimentos sociais, para juntos lutarmos por mais espaços de cultura e socialização na cidade de concreto. O sonho da juventude é humanizar a cidade, colorir, trazer vitalidade, visibilidade e convivência social. Participe do ato e venha do jeito que quiser, com seu rasta, seu black, com ou sem maquiagem, mas com muita diversão, alegria e raça para sacarmos nosso grito! Precisamos derrotar o governo Temer e os retrocessos propostos nas suas reformas, mais um ataque aos sonhos de milhões de jovens que lutam alimentando a esperança de viver em um país mais digno no futuro. Abaixo o genocídio da juventude negra, abaixo a exclusão, a homofobia, por diretas já e pelo fim das reformas que penalizam a juventude. Viva a Liberdade!”, conclama Márcio.