São Paulo – Em meio a um cenário de enfraquecimento dos bancos públicos e retirada de direitos, promovido pelo governo Temer e Congresso Nacional, delegados sindicais da Caixa reuniram-se na sede do Sindicato na quarta-feira 23 para traçar um plano de defesa da empresa e dos empregados. Os delegados tem a função de reportar reivindicações e problemas dos locais de trabalho ao Sindicato, que por sua vez cobrará a direção do banco.
> Cartilha: veja porque os bancos públicos são importantes para o país
E problemas não faltam: a Caixa reabriu o Programa de Desligamento Voluntário Extraordinário (PDVE), que pretende eliminar mais 5 mil postos de trabalho, somando-se aos 4,7 mil que já foram extinguidos na primeira fase do programa.
Uma reestruturação, iniciada em julho, está reduzindo o número de empregado e diminuindo as funções sociais do banco: as Gifug (gerências de Fundo de Garantia), Gigov (gerências que cuidam dos programas sociais) e as Cehabs (responsáveis pelo crédito habitacional, uma das principais funções sociais do banco).
“O empregado no geral está amedrontado, não sabe que rumo tomar diante das mudanças que estão ocorrendo, tanto dentro da Caixa, como por causa da reforma trabalhista”, relata um delegado sindical que atua em agência localizada em Aricanduva, zona leste da capital paulista.
Ele destacou que o atual momento econômico desfavorável muitas vezes impossibilita que as metas de venda de produtos estipuladas pelo banco sejam atingidas, ao mesmo tempo em que alteração na Gestão de Desempenho de Pessoas (GDP) permite retirar com mais facilidade a função comissionada do empregado que não conseguir atingir os resultados.
Além disso, no final de julho, o governo Temer revelou a intenção de mudar a forma de custeio dos planos de saúde de trabalhadores de empresas estatais, como o Saúde Caixa, impondo mais custos aos empregados públicos.
Paralelamente a todos esses problemas verificados na Caixa, a aprovação da reforma trabalhista representará uma série de prejuízos à classe trabalhadora, como a terceirização de todas as atividades de uma empresa – inclusive as públicas – e a possibilidade de alterar o cargo comissionado ocupado pelo empregado, revertendo ao cargo anterior, sem incorporar gratificações e adicionais mesmo após 10 anos na função.
Para enfrentar essa avalanche de retrocessos, os delegados propuseram uma série de ações: dentre elas atividades em defesa da Caixa planejadas de forma que eles possam participar; realização de um ato, no dia 14 de setembro, em conjunto com metalúrgicos e trabalhadores dos correios; um encontro estadual aberto dos delegados sindicais; atividades nas agências a fim de informar a base sobre todas as ações promovidas pelo governo atual que prejudicam os trabalhadores.
No mesmo dia da reunião, o movimento sindical deflagrou dia de luta em defesa dos bancos públicos, ameaçados pelo desmonte imposto pelo governo Temer.
“Do jeito que a situação está, ou os empregados se unem e se organizam para reagir a todos esses ataques, ou em breve não sobrará nenhum direito para nós”, alerta o dirigente sindical e empregado da Caixa Sérgio Anaz.