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Futuro Comprometido

Mesmo com recuo de Temer, segue pressão para evitar cortes de bolsas da Capes

Linha fina
Além de várias manifestações pelo país, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e cerca de 30 entidades representativas assinaram um manifesto condenando essa medida aprovada pelo governo
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Foto: Clarice Castro/ GERJ/ Fotos Públicas

Mesmo com a sinalização do Ministério da Educação (MEC) de que o governo não fará cortes no programa de bolsa da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), a comunidade científica continua em alerta desde o dia 1º de agosto, quando saiu a notícia de que Temer (MDB) vai acabar com todo o programa de incentivo à pesquisa científica no país, a partir de 2019.

A Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e cerca de 30 entidades representativas das comunidades científica, tecnológica e acadêmica e dos sistemas estaduais e municipais de ciência, tecnologia em inovação assinaram manifesto e enviaram na sexta-feira 3, ao presidente Michel Temer e também aos ministros da Educação, Rossieli Soares da Silva, da Ciência, Tecnologia, Inovações e Comunicações, Gilberto Kassab, do Planejamento, Esteves Pedro Colnago Junior, e da Fazenda, Eduardo Refinetti Guardia alegando que caso o corte seja mantido, todos os programas de fomento da agência financiadora de pesquisa serão inviabilizados

> Leia aqui o manifesto

No ofício afirmaram também que, com essa politica, não haverá dinheiro nem para pagar as 200 mil bolsas de estudo a partir de agosto do ano de 2019. As entidades destacaram ainda que o corte contraria decisão do Congresso Nacional, que incluiu na Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) a proibição de redução de recursos para a educação e a saúde, em relação ao orçamento aprovado para 2017, corrigido pela inflação.

A filósofa Marcia Tiburi, que participou de uma manifestação contra essa medida, na Cinelândia, no Rio de Janeiro, disse, em vídeo publicado no Facebook, que "pesquisa é vida".  "A pesquisa científica não serve só para quem é bolsista. Serve para proporcionar uma vida melhor para todos os cidadãos. Educação é urgente."

O neurocientista Miguel Nicolelis também criticou a medida, via redes sociais, e destacou que se os cortes não forem revistos, podem representar a "última pá de cal" na ciência brasileira.

O ex-ministro da Educação Renato Janine Ribeiro, em reportagem publicada pela Rede Brasil Atual, ressaltou a gravidade da situação, já que o aviso foi emitido pelo próprio presidente do Conselho Superior da Capes, Abílio Baeta Neves, nomeado pelo governo Temer. Não se trata, portanto, de uma voz crítica da oposição.

A dirigente do Sindicato e bancária do Bradesco Karen de Souza também critica essa medida e se diz preocupada com o futuro dos jovens no Brasil. “Neste governo ilegítimo, a prioridade de Temer é manter aliados. É só observarmos que ele gastou absurdamente R$ 881,3 milhões liberando medida provisória para convencer deputados a aprovarem a PEC do teto de gastos, enquanto são necessários R$ 300 milhões para manter a manutenção dos programas da Capes e evitar o corte de bolsas”, critica a dirigente, acrescentando que essas medidas são um desastre para o país.

Cortes atingem quase 100 mil bolsistas

Caso Temer volte atrás e faça o corte no orçamento, a medida deverá atingir 93 mil discentes e pesquisadores, interrompendo os programas de fomento à pós-graduação no país, tanto os institucionais (de ação continuada), quanto os estratégicos (editais de indução e acordos de parceria com os estados e outros órgãos governamentais).

A Capes ainda alerta para o impacto negativo para os programas de formação de profissionais em parceria com instituições estrangeiras, o que pode implicar, inclusive, em problemas diplomáticos.

Apesar do MEC ter afirmado que o pagamento de bolsas não será suspenso, "a sociedade precisa se manter em alerta", finaliza Karen de Souza.

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