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Release: Categoria bancária exige garantia de emprego

Linha fina
Mesmo com lucro de R$ 108 bilhões em 2019, bancos querem aumentar a rentabilidade investindo em tecnologia; setor perdeu 70 mil postos de trabalho em seis anos
Imagem Destaque

A manutenção do emprego foi o tema da segunda rodada de negociação entre o Comando Nacional dos Bancários e a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban), nesta quinta-feira (06). Para retomar a rentabilidade dos últimos anos, os bancos se concentram em uma dupla estratégia de redução de custos fixos (despesas de pessoal e despesas administrativas): intensificação da digitalização e do home office. Com um investimento ainda maior em tecnologia, o desafio para a categoria é preservar os empregos. O assunto volta a ser discutido até o fim da campanha.

"Embora o setor bancário seja o mais rentável da economia dão um péssimo exemplo para o país e demitem seus trabalhadores.  O movimento sindical bancário conseguiu conquistar, no início da pandemia, a interrupção das demissões nos bancos. Com isso houve uma redução de 58% dos desligamentos em abril e maio, em relação ao primeiro trimestre do ano. Mas as demissões devem aumentar nos próximos meses", disse a presidenta do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Ivone Silva, uma das coordenadoras do Comando Nacional, que representa a categoria na mesa com a Fenaban. "O lucro dos bancos segue batendo recorde. Em 2019, o lucro líquido dos cinco maiores bancos atuantes no Brasil (Banco do Brasil, Caixa Econômica Federal, Bradesco, Itaú-Unibanco e Santander), atingiu a marca de R$ 108 bilhões, o que representou aumento de 30,3% nos doze meses. Somente no primeiro trimestre de 2020 o lucro dos bancos somou R$ 18 bilhões".

Durante a pandemia, os três maiores bancos privados (Bradesco, Itau e Santander) se comprometeram a não demitir. Somente o Santander descumpriu o acordo e já são mais de 700 demitidos em todo o Brasil.

 

Tecnologia - Entre as prioridades da Campanha Nacional Unificada está a defesa dos empregos diante do impacto das novas tecnologias no setor financeiro que investe R$ 25 bilhões ao ano em TI, fazendo com que 63% das transações financeiras sejam realizadas em canais digitais, o que garante aos bancos enorme redução de custos administrativos e com força de trabalho, sem que esse lucro seja dividido com trabalhadores e clientes.

"Uma das reivindicações é a qualificação dos trabalhadores para serem readequados em novos cargos. A aplicação de tecnologia precisa de fato gerar ganhos para todos os agentes envolvidos no processo, ou seja, empresas, trabalhadores e consumidores, no entanto, não é o que se observa no caso dos bancos. Os clientes seguem pagando as mais elevadas taxas de juros e tarifas bancárias do mundo. E os bancários não tiveram suas jornadas reduzidas, ao contrário, há uma redução dos postos de trabalho e sobrecarga de trabalho", destaca Ivone Silva.

 

Emprego: Os dados do CAGED mostram que entre janeiro de 2013 e dezembro de 2019 os bancos fecharam no Brasil mais de 70 mil postos de trabalho, o que representa uma redução de cerca de 14% da categoria. Este processo se acentuou desde 2016, sendo que entre 2016 e 2019 os bancos cortaram cerca de 51 mil postos de trabalho no Brasil.

 

Nos anos 2000 com a retomada do crescimento econômico, com a ampliação do crédito na economia e com maior atuação dos bancos públicos o emprego nos bancos volta a crescer e chega a 513 mil bancários em 2012. Desde então o emprego nos bancos voltou a se reduzir e em 2018 (último dado disponível) a categoria bancária era formada por 453 mil trabalhadores. Essa redução desde 2013 se deve a intensa aplicação de novas tecnologias nos bancos e também a flexibilização trabalhista que se traduz em terceirização, por exemplo, através dos correspondentes bancários e outras formas de emprego precário no ramo financeiro.

 

 

Confira abaixo o calendário das rodadas de negociação:

• Dia 11/08 - 14h/16h Saúde e Condições de trabalho

• Dia 13/08 - 11h Igualdade

• Dia 14/08 - 11h Cláusulas Sociais

• Dia 18/08 - 11h/13h Cláusulas Econômicas

• Dias 20/08; 21/08; 25/08; 26/08, 27/08 e 28/08 (sem tema - discussão de outros assuntos e de pontos pendentes das mesas anteriores).

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