O lucro semestral do Itaú comprovou o que os trabalhadores afirmam na Campanha Nacional Unificada dos Bancários 2022 (campanha salarial): o setor financeiro vai muito bem e possui todas as condições para atender as reivindicações da categoria. Somente no 1º semestre de 2022, o Itaú obteve lucro líquido recorrente gerencial - que exclui efeitos extraordinários - de R$ 15.039 bilhões, alta de 16,2% em relação ao mesmo período de 2021 e de 4,3% em relação ao trimestre anterior. O lucro recorrente do 2º trimestre foi de R$ 7,679 bilhões.
O retorno recorrente consolidado sobre o Patrimônio Líquido médio anualizado (ROE) do banco foi de 21,2% no período, com alta de 2,0 pontos percentuais (p.p.) em doze meses.
“O resultado do Itaú, assim como de outros bancos que já divulgaram os seus balanços, demonstra que o setor permanece lucrando muito, mesmo em meio a crise social e econômica pela qual o país atravessa. Não existe justificativa para que os bancos, que possuem uma rentabilidade altíssima no Brasil, não atendam as reivindicações da categoria como 5% de aumento real, aumento maior no VR e VA; e PLR com aumento real na parcela adicional, entre outras”, destaca a diretora do Sindicato e bancária do Itaú Marta Soares.
Marta Soares, bancária do Itaú e secretária de Imprensa e Comunicação do Sindicato dos Bancários e Financiários de São Paulo, Osasco e Região
Emprego
Ao final de junho de 2022, a holding do Itaú contava com 87.703 empregados no país, com abertura de 2.092 postos de trabalho em doze meses. No entanto, no 2º trimestre foram fechados 557 postos de trabalho.
De acordo com o relatório do banco, esse saldo se deve à ampliação no número de assessores de investimentos e às contratações para a área de TI, visando acelerar o processo de transformação digital do banco. Já a queda no trimestre se deve ao programa de desligamento voluntário aberto no início do ano. Em doze meses, foram fechadas 250 agências físicas no Brasil e abertas 152 agências digitais, totalizando 2.791 agências físicas e 349 agências digitais ao final de junho de 2022.
“O saldo total de contratações apresentado no balanço não reflete a realidade enfrentada pelos bancários do Itaú, uma vez que o próprio banco admite ser resultado de contratações na área de TI e de assessores de investimentos. O que vemos hoje no Itaú, na prática, é o fechamento de agências, departamentos inteiros, com prazos muitas vezes mínimos para o trabalhador buscar a realocação, isso quando existe a vaga, o que resulta em aumento da sobrecarga de trabalho, adoecimento e inúmeras demissões. Não existe qualquer razão para que um banco como o Itaú, com o resultado que apresenta, promover demissões”, alerta Marta Soares.
Somente com o que arrecada com tarifas e serviços bancários - receita secundária que teve alta de 11,8% em doze meses, alcançando R$ 23 bilhões - o Itaú cobre o total das suas despesas com pessoal, incluindo a PLR, em 168,9%.
Outros números
A Carteira de Crédito cresceu 19,3% em doze meses e 5,0% no trimestre, atingindo R$ 1.084,1 bilhões em junho de 2022.
As operações com pessoas físicas (PF) cresceram 33,4% em doze meses, alcançando R$ 372,1 bilhões, com alta em todos os segmentos e destaque para o cartão de crédito (+43,1%), crédito pessoal (+35,6%) e crédito imobiliário (+35,3%). Já as operações com pessoa jurídica tiveram alta de 18,1%, totalizando R$ 295,4 bilhões. O segmento de micro e pequenas empresas (MPE) totalizou R$ 152,9 bilhões, com alta de 21,3% em doze meses, enquanto a carteira de grandes empresas cresceu 15% no período, totalizando R$ 142,6 bilhões.
O Índice de Inadimplência superior a 90 dias cresceu 0,3 p.p. em doze meses, ficando em 3% no 1º semestre do ano. Já as despesas com provisão para devedores duvidosos (PDD) cresceram 131,9% em relação ao mesmo período de 2021, totalizando R$ 14,6 bilhões em junho de 2022.
