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Chapéu
Saúde

Consulta revela impactos de metas abusivas e da Covid-19 nos bancários

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Catia Uehara apresenta os dados da Consulta Nacional

A Consulta Nacional, que teve seus dados apresentados durante a 25ª Conferência Nacional dos Bancários, encerrada no domingo 6, apontou os impactos negativos da cobrança abusiva por metas na saúde dos bancários e bancárias, além das sequelas apresentadas por trabalhadores que tiveram Covid-19.

Metas

Os participantes da Consulta Nacional elencaram como as quatro maiores consequências da cobrança excessiva pelo cumprimento de metas: preocupação constante com o trabalho (68%); cansaço e fadiga constantes (61%); desmotivação, vontade de não ir trabalhar (52%); e crises de ansiedade/pânico (46%).

41,9% dos trabalhadores afirmaram ainda ter feito uso de medicamentos controlados nos últimos 12 meses, percentual significativamente maior do que o mensurado na Consulta Nacional de 2022, que foi de 35,5%.

A categoria bancária representa cerca de 1% do emprego formal no Brasil, mas é responsável por 25% dos afastamentos acidentários pelo INSS por doenças mentais e comportamentais.  

"Esta discrepância está ligada a forma de gestão nos bancos, fundamentada na pressão excessiva pelo cumprimento de metas abusivas. No município de São Paulo, a realidade é ainda pior. 82% dos afastamentos acidentários (B91) de bancários são por doenças mentais. Nos últimos meses, infelizmente tivemos suicídios de trabalhadores na categoria. Além disso, 100% dos bancários que procuram diariamente a Secretaria de Saúde apresentam quadros de depressão, ansiedade ou Burnout. Este triste cenário e os dados da Consulta Nacional apontam claramente para a necessidade de os bancos respeitarem a cláusula 87 da Convenção Coletiva de Trabalho, que prevê o debate com as entidades representativas dos bancários sobre as formas como as metas são estipuladas e acompanhadas", enfatiza a secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Valeska Pincovai.

Os participantes da Consulta Nacional apontaram ainda as medidas prioritárias para criar um ambiente de trabalho mais saudável, ético, cooperativo e respeitoso. As três mais citadas foram a definição das metas, levando em consideração o porte da unidade, a região, o número de empregados, a carteira de clientes, o perfil econômico, etc; em períodos de redução do quadro de trabalhadores na unidade (férias, afastamentos, licenças), as metas devem ser proporcionalmente readequadas; e maior participação dos bancários na definição das metas e mecanismos de aferição.

"É preciso avançar em medidas que protejam a saúde mental e física de bancários e bancárias, que sofrem com as metas abusivas, sobrecarga de trabalho e assédio, além do medo constante das demissões. Nesse sentido, iremos fortalecer cada vez mais a campanha Menos Meta Mais Saúde, como forma de pressão para que os bancos se responsabilizem e tomem medidas concretas que combatam o adoecimento. Saúde é direito e precisa ser levada a sério", afirma Valeska.

Covid-19

Sobre a pandemia de Covid-19, a maior parte dos participantes da Consulta afirmaram ter ficado com sequelas após contraírem a doença (46%); 30% disseram ter contraído a doença, mas não tiveram sequelas; e a menor parte, 24%, não contraíram a doença. As três principais sequelas da Covid-19 relatadas pelos trabalhadores foram perda de memória; cansaço; e falta de atenção.

"Os dados apontam que a uma enorme parte da categoria bancária ficou com sequelas após a Covid-19. Sequelas estas que impactam na plena capacidade dos trabalhadores de cumprirem as metas impostas pelos bancos. Portanto, é fundamental e urgente que os bancos se abram para a discussão sobre formas de acompanhamento da saúde destes trabalhadores e adaptações para que possam exercer suas funções de forma plena e saudável", conclui a secretária de Saúde e Condições de Trabalho do Sindicato.

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