
O Sindicato dos Bancários de São Paulo, por meio da Comissão de Organização dos Empregados (COE Itaú), se reuniu com representantes do banco nesta terça-feira 12 para tratar de demissões, fechamento de agências e realocação dos bancários afetados; segurança das agências; remuneração variável; problemas relacionados à afastamentos médicos; e denúncias pelo canal do banco.
O banco informou que 4.475 foram demitidos e 5.389 admitidos entre janeiro e julho de 2025. Mas 1.800 pediram demissão, o que deixa o saldo negativo em 886 postos de trabalho a menos.
“Muitos desses 1.800 pediram demissão porque não aguentam mais a cobrança e o assédio moral para atingir as metas abusivas, que vêm causando uma epidemia de adoecimentos por transtornos mentais, um quadro que os bancos se recusam a reconhecer, mesmo diante de inúmeros dados oficiais”, critica Valeska Pincovai, coordenadora da COE Itaú e Secretária de Saúde do Sindicato.
Fechamento de agências
De acordo com o banco, foram fechadas 197 agências, em um processo que envolveu 1820 trabalhadores, dos quais 86% foram realocados, 12% não foram e 2% pediram demissão. Além disso, mais 28 unidades estão em fase de encerramento, que afetará mais 252 empregados, “em fase de realocação”, segundo o banco.
Os representantes dos trabalhadores questionaram a realocação e cobraram que o Itaú informe a situação de cada funcionário. O banco vai avaliar a possibilidade de enviar os dados por região.
“O banco fala que realoca a maioria dos trabalhadores, mas não é isso que ocorre, porque jogam todo mundo de uma agência fechada para outra unidade que não comporta os bancários que deveriam ser realocados. Além disso, o banco está fechando cada vez mais agências, o que dificulta ainda mais a realocação desses trabalhadores”, diz Valeska.
Ainda sobre o fechamento de agências, o Sindicato cobrou do banco que o processo de realocação não exija travas de 18 meses no POC; e avaliação “acima do esperado”.
Segundo o banco, esses requisitos não existem para a realocação de agências que fecham. Nesses casos, são envolvidas as áreas de RH, Planejamento e Negócios.
Atendimento a aposentados
O Sindicato também questionou a falta de atendimento para os aposentados. O banco alegou que os clientes têm acesso ao atendimento por aplicativo e, depois que retiram o cartão, eles podem sacar no autoatendimento.
“O Itaú ignora o fato de que nem todos os aposentados têm conhecimento para utilizar o aplicativo, que nem sempre é capaz de resolver uma dúvida. Ao fechar agências e dificultar cada vez mais o atendimento humanizado, o Itaú promove uma verdadeira exclusão bancária, sendo que só com as tarifas bancárias o banco consegue pagar toda a folha de pagamento e ainda sobram dezenas de bilhões”, diz Valeska.
Segurança nas agências
A COE Itaú apresentou problemas na segurança das agências sem vigilantes, onde os caixas eletrônicos estão sendo abastecidos por dentro das unidades. Foram listados exemplos na Bahia.
Remuneração variável
O banco também apresentou o modelo de remuneração variável do Smart Pro, que será baseado em metas mensais e com pagamento semestral.
Os representantes do Itaú questionaram a incorporação da remuneração variável, principalmente para gestantes e licenciados.
Gera
Para a próxima reunião, a expectativa é retomar as pendências com a pauta do Gera no GT (grupo de trabalho) sobre problemas no SQV, avaliação de performance e treinamento.
Na parte da tarde, o GT de Saúde se reuniu e os representantes dos trabalhadores para discutir uma série de pontos.
Exame de retorno
Bancários com histórico de afastamento que retornam ao trabalho estão sendo convocados para realizarem exames diversas vezes. Segundo o banco, essa avaliação médica está sendo realizada a cada 60 dias nos casos de trabalhadores que retornam com restrição para atividades.
Os bancários não estão recebendo o resultado do exame de retorno no dia da sua realização. O banco informou que isso faz parte de um novo fluxo por meio do qual o trabalhador receberá o resultado por e-mail.
O Sindicato pediu que em alguns casos, como perícia presencial, o bancário precisa do exame original com o laudo médico. O banco disse que para esses casos irá criar um canal para solicitação.
Também foi cobrado do banco o direito a não concordância com o resultado do exame. O banco respondeu que está viabilizando a possibilidade de o bancário ter o direito de discordar por e-mail.
O Sindicato solicitou a desburocratização para acesso ao prontuário, já que é um direito do trabalhador. O banco se comprometeu a trabalhar nisso.
Descontos para licenças médicas
O Sindicato também cobrou que o banco seja mais claro na folha de pagamento em relação aos descontos vinculados às licenças médicas.
Foi cobrada ainda a questão do imposto de renda descontado depois de todos os débitos, o que causa confusão em muitos bancários, que não entendem a que se refere esse desconto. O banco informou que está desenvolvendo um sistema de previsão de desconto de IR nos casos de licença médica para evitar que esse problema ocorra.
Canal de denúncias
Mais uma vez foi reportada a falta de sigilo e de apuração no canal de denúncias do banco, e retaliações para quem faz uma denúncia.
O banco disse que o fluxo do canal tem a prática de informar ao denunciado em um segundo momento, depois que seu gestor é comunicado. Neste momento, o denunciado tem a prática de cobrar ou até ameaçar as pessoas que realizam denúncias.
Outro problema é a demora do retorno para a denúncioa, que não segue o prazo de 45 dias previsto na Convenção Coletiva de Trabalho.
