‘Me senti descartado como lixo’: GRNA do Itaú causa malefícios por onde passa

“Trabalhei 34 anos no banco Itaú e sempre imaginei aposentar com merecimento, com um desligamento mais humano, de uma forma que eu saísse sentindo orgulho de tudo que fiz pela empresa nesses 34 anos de trabalho e dedicação, mas não.”

O relato é de um dos oito bancários demitidos recentemente pelo novo Gerente Regional de Negócios Agências (GRNA) responsável pela área que engloba os bairros de Higienópolis, Lapa e Perdizes. Dois deles com mais de 30 anos de banco.  

Ele conta que foi tirado da agência onde trabalhava para fechar outra unidade bancária. Depois disso foi enviado para cobrir férias em outra agência. Neste meio tempo, o GRNA visitou a local e o chamou para conversar.

“Disse para eu ficar tranquilo, que eu iria receber uma agência. Foi bem enfático quanto a isso, até dizendo que gosta de olhar olho no olho, e para eu ficar tranquilo. Fiquei satisfeito com a conversa.”

Para sua total surpresa, ele foi demitido alguns dias depois. “Imaginem como me senti nessa hora depois de promessas e de sonhar com desligamento digno onde eu pudesse me despedir das pessoas, falar com orgulho que minha jornada no banco tinha chegado ao fim, receber uma placa de agradecimento... Tudo o que a gente imagina de uma empresa que diz olhar bem e cuidar das pessoas”, relata.

No Itaú há um compromisso de fazer um “desligamento humanizado” dos bancários com mais de 60 anos de idade e 30 anos de banco. O rompimento da relação de trabalho é feito gradativamente e pode levar meses. Há uma cerimônia de homenagem com participação de colegas e da família, e entrega de placa.

Mas o GRNA em questão não fez nada disso. Simplesmente demitiu dois bancários com mais de 30 anos de casa.

“Meu sentimento foi de que eu tinha sido usado por mais uns dias pelo meu conhecimento até não servir mais, e descartado como se descarta algo no lixo. Vi naquele dia que o que muitos falavam e eu não queria acreditar: fui apenas mais um numero que não era mais necessário. Tudo que dediquei por 34 ficou só em promessas não cumpridas e desrespeito por alguém que deu uma vida pela empresa com toda dedicação”, desabafa o bancário.

O Sindicato procurou o Itaú para denunciar o descaso com essas demissões, mas até agora o banco não respondeu. “O gestor faltou com o cuidado por não ter chamado para uma conversa esses dois empregados e por não ter feito um agradecimento de maneira respeitosa e honrosa”, critica Marcia Basqueira dirigente sindical e bancária do Itaú.

Já tentou demitir bancária com câncer

Esta não é a primeira vez que este mesmo gestor age de forma questionável. Ele já tentou demitir duas vezes uma bancária com câncer, mesmo com liminar impedindo sua dispensa, que só não ocorreu porque o Sindicato interveio. Também demitiu por justa causa uma bancária com 35 anos de banco sob a justificativa de que ela não tinha certificação CPA-10.

“Falta sensibilidade e sobra frieza. Mentiu, enganou e ludibriou com falsas promessas para em seguida demitir sem a menor empatia. Ainda mais quando é de nosso conhecimento que demissões de bancários com muitos anos de casa são feitas de maneira mais respeitosa, com placa, flor, chocolate, cerimônia. Seguiremos protestando e denunciando até que todos os trabalhadores do Itaú sejam tratados como seres humanos e não como números”, afirma Marcia.