
Parlamentares da oposição e do centrão querem proteger os super-ricos e inviabilizar a isenção de IR até R$ 5 mil. O ponto de atrito é a fonte de compensação: enquanto o Governo Federal sustenta que o benefício deve vir acompanhado da taxação dos super-ricos, deputados e senadores ligados a partidos como PL, PP e União Brasil trabalham para suavizar ou eliminar a medida, protegendo privilégios no topo.
Em declaração ao ICL Notícias, a deputada Talíria Petrone (PSOL-RJ) afirmou que trata-se de uma tentativa de preservar a concentração de renda. "Eles dizem que não dá para um setor econômico do país pagar a conta. No fundo, querem manter a concentração de renda. Esse setor político sustenta que não se pode taxar 141 mil pessoas para beneficiar 20 milhões. Isso é um escândalo", criticou.
Desde a formulação do projeto do presidente Lula para isenção de IR para salários até R$ 5 mil, com descontos até R$ 7 mil, o Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região vem defendendo a medida e divulgando sua importância na categoria. Agora, diante da ofensiva do centrão e da oposição, a entidade reforçará sua luta em defesa do projeto e da justiça tributária.
"Na essência desse embate está o lobby intenso de setores como o sistema financeiro, o setor produtivo e partidos políticos que já começam a mirar as eleições futuras. O setor financeiro, especialmente os bancos, têm interesse em manter a carga tributária sobre eles inalterada ou até reduzida, dada sua forte influência e capacidade de pressão", afirmou Neiva Ribeiro, presidenta do Sindicato, em artigo recente sobre o tema.
Querem que você pague a conta
Ao buscar a aprovação da isenção de IR até R$ 5 mil sem a tributação compensatória dos super-ricos, a oposição e o Centrão buscam forçar o Executivo a realizar cortes nas áreas sociais. Afinal, sem a contribuição do topo da pirâmide, a compensação da isenção recairia sobre os mais pobres.
"O que está em foco para nós trabalhadores é uma maior justiça fiscal. A proposta central é que os mais ricos paguem uma parcela maior de impostos, permitindo que o Estado invista prioritariamente em programas sociais. Em resumo: é necessário reduzir as desigualdades sociais e fortalecer o papel do Estado na promoção do bem-estar da população", analisa Neiva Ribeiro.
Na prática, o impasse no Congresso escancara a disputa: de um lado, governo e movimentos sociais defendem um sistema mais justo, capaz de redistribuir renda e aliviar milhões de trabalhadores; de outro, oposição e centrão se alinham para blindar uma minoria de super-ricos, mantendo intocado um dos sistemas tributários mais desiguais do mundo.
