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“Foi uma atitude de extrema violência diante de uma manifestação legítima e absolutamente pacífica”, afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino. “Os banqueiros acham que têm direito de fazer uma proposta tão ridícula aos trabalhadores e não querem enfrentar protesto? Eles precisam aprender o significado da palavra decência. Ninguém saiu por aí quebrando banco porque não gostou da proposta, por que eles acham que podem bater em trabalhador. Os bancários fizeram passeata e vão fazer as paralisações que têm direito de fazer, pacificamente. Chamar a polícia para bater em trabalhador é uma vergonha!”, indigna-se Marcolino.
A atividade de paralisação começou às 5h e terminou as 9h30, quando os bancários fizeram assembléia e rejeitaram a proposta feita pelos banqueiros no último dia 20. Depois de mais de 40 dias com a minuta de reivindicações nas mãos, a Fenaban ofereceu reajuste de 4% para salários, pisos e demais verbas salariais; abono de R$ 1.000 e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nos mesmos moldes da paga no ano passado, ou seja, 80% do salário mais valor fixo de R$ 733. Os banqueiros anunciaram, ainda, que pretendem retirar a 13ª cesta-alimentação paga no ano passado. Em protesto, os bancários votaram em assembléia no dia 21 estado de greve – podem parar a qualquer momento – e um calendário de atividades que prevê paralisação de 24 horas no próximo dia 28. Caso não seja apresentada nova proposta, os bancários decidem, em Encontro Nacional no dia 1º de outubro, se entram em greve por tempo indeterminado a partir de 6/10.
Na rua – A partir deste sábado, com o início da primavera que os bancários querem conquistar, dezenas de outdoors serão espalhados pelas principais vias da cidade (veja arte no anexo). Com a frase “#$¨@**&/#<@##¨#!*&>@?|}#”, o outdoor traz as imagens dos presidentes dos principais bancos do país. “Queremos mostrar à população quem são os culpados pelos possíveis transtornos provocados por uma greve que os banqueiros estão obrigando os trabalhadores a fazer”, diz o presidente do Sindicato.
Reivindicações – A minuta de reivindicações entregue aos banqueiros em 11 de agosto contém 100 cláusulas econômicas e sociais. Saúde é um dos eixos de campanha e há cláusulas de prevenção, reabilitação e isonomia dos trabalhadores afastados com os da ativa. Os bancários querem reajuste salarial de 11,77%, PLR maior (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), valorização dos pisos, garantia de emprego e novas conquistas – como o 14º salário, 13ª cesta-alimentação, proteção salarial (reajuste sempre que a inflação acumulada alcançar 3%). Dentre as cláusulas sociais, há pontos como a promoção da igualdade de oportunidades e o controle de tempo de espera nas filas. Também são reivindicados o fim da terceirização e a recontratação dos terceirizados; ampliação do horário de atendimento ao público para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho; medidas para coibir e combater o assédio moral; continuidade dos trabalhos da Comissão de Segurança Bancária; eleição de delegados sindicais nos locais de trabalho.
A categoria – A data-base da categoria é 1º de setembro. No Brasil há cerca de 400 mil bancários. Em São Paulo, Osasco e Região são 106 mil trabalhadores distribuídos em torno de 3 mil locais de trabalho. No ano passado, os bancários receberam reajuste salarial que variou entre 8,5% e 12,77% (no piso salarial), contra uma inflação de 6,4%.