Imagem Destaque
A greve dos bancários ganhou força apesar do interdito proibitório utilizado pelos bancos ao longo do dia. O interdito é um instrumento jurídico utilizado pelas instituições financeiras para forçar a abertura das agências. “A utilização do interdito é um exagero dos bancos. Eles alegam risco ao patrimônio, quando tudo o que os bancários querem é exercer seu direito legítimo de manifestação na campanha salarial”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
“Se essa utilização indiscriminada continuar e se disseminar por outras categorias, logo os trabalhadores não poderão mais realizar atividades ou mobilizações, sob pena até de prisão”, completa o dirigente. Os interditos são concedidos pela Justiça e prevêem multas que podem chegar a valores de até R$ 100 mil, em caso de descumprimento. Alguns proíbem a aproximação do Sindicato num raio de 50 metros dos locais de trabalho e outros prevêem até a apreensão de coisas e pessoas que estejam em frente aos bancos admitindo, para isso, o uso de força policial. “Isso é uma afronta ao direito de greve”, diz Marcolino.
O Sindicato, para realizar a paralisação de 24 horas, desta quarta, cumpriu todas as determinações da Lei de Greve: aprovação em assembléia da categoria, aviso de greve com publicação de edital em jornal de grande circulação e comunicação à Federação Nacional dos Bancos, assim como aviso aos clientes. “Nós estamos cumprindo a lei. Não achamos justo que a Polícia Militar seja acionada para intervir, muitas vezes com violência, contra o direito de greve do trabalhador”, completa o presidente do Sindicato.
Reivindicações – Os bancários protestam contra a proposta apresentada pelos banqueiros no último dia 20: 4% de reajuste, mais R$ 1.000 de abono e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nos mesmos moldes da paga no ano passado, ou seja, 80% do salário mais valor fixo de R$ 733. Os banqueiros anunciaram, ainda, que pretendem retirar um direito dos trabalhadores: a 13ª cesta-alimentação paga no ano passado. Essa proposta foi rejeitada em duas assembléias de trabalhadores – uma na Praça do Patriarca, no dia 21, e outra no Bradesco Cidade de Deus, no dia 22. A Fenaban foi informada, mas até agora não marcou nova negociação.
As reivindicações dos bancários os banqueiros conhecem desde 11/8: reajuste salarial de 11,77%, PLR maior (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), valorização dos pisos, garantia de emprego e novas conquistas – como o 14º salário, 13ª cesta-alimentação, proteção salarial (reajuste sempre que a inflação acumulada alcançar 3%). Saúde é um dos eixos de campanha e há cláusulas de prevenção, reabilitação e isonomia dos trabalhadores afastados com os da ativa. Dentre as cláusulas sociais, há pontos como a promoção da igualdade de oportunidades e o controle de tempo de espera nas filas.
Também são reivindicados o fim da terceirização e a recontratação dos terceirizados; ampliação do horário de atendimento ao público para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho; medidas para coibir e combater o assédio moral; continuidade dos trabalhos da Comissão de Segurança Bancária; eleição de delegados sindicais nos
locais de trabalho.
A categoria – A data-base da categoria é 1º de setembro. No Brasil há cerca de 400 mil bancários. Em São Paulo, Osasco e Região são 106 mil trabalhadores distribuídos em torno de 3 mil locais de trabalho.
No ano passado, os bancários receberam reajuste salarial que variou entre 8,5% e 12,77% (no piso salarial), contra uma inflação de 6,4%.