Pular para o conteúdo principal

Bancários param em São Paulo, Osasco e região apesar de ação da Polícia

Linha fina
Bancos se valeram de interditos proibitórios para forçar a abertura dos locais de trabalho paralisados
Imagem Destaque
Cerca de 130 locais de trabalho estavam parados, até as 16h, em greve de 24 horas realizada hoje (28) pelos bancários de São Paulo, Osasco e região. A greve, conforme decisão dos bancários em assembléia realizada na noite de ontem (27), começou pela manhã no centro da Capital – com 70 agências e 12 mil bancários parados – e foi ampliada para os bairros e outras cidades da Grande São Paulo ao longo do dia. Na Zona Norte, 12 locais ficaram parados. Na Zona Sul, 2 e na Leste, 6. A região da Paulista e a Zona Oeste também tiveram dois locais de trabalho paralisados. Em Osasco e nos 15 municípios da região, 21 agências do Banco do Brasil e da Caixa Econômica Federal permaneceram fechadas.

A greve dos bancários ganhou força apesar do interdito proibitório utilizado pelos bancos ao longo do dia. O interdito é um instrumento jurídico utilizado pelas instituições financeiras para forçar a abertura das agências. “A utilização do interdito é um exagero dos bancos. Eles alegam risco ao patrimônio, quando tudo o que os bancários querem é exercer seu direito legítimo de manifestação na campanha salarial”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.

“Se essa utilização indiscriminada continuar e se disseminar por outras categorias, logo os trabalhadores não poderão mais realizar atividades ou mobilizações, sob pena até de prisão”, completa o dirigente. Os interditos são concedidos pela Justiça e prevêem multas que podem chegar a valores de até R$ 100 mil, em caso de descumprimento. Alguns proíbem a aproximação do Sindicato  num raio de 50 metros dos locais de trabalho e outros prevêem até a apreensão de coisas e pessoas que estejam em frente aos bancos admitindo, para isso, o uso de força policial. “Isso é uma afronta ao direito de greve”, diz Marcolino.

O Sindicato, para realizar a paralisação de 24 horas, desta quarta, cumpriu todas as determinações da Lei de Greve: aprovação em assembléia da categoria, aviso de greve com publicação de edital em jornal de grande circulação e comunicação à Federação Nacional dos Bancos, assim como aviso aos clientes. “Nós estamos cumprindo a lei. Não achamos justo que a Polícia Militar seja acionada para intervir, muitas vezes com violência, contra o direito de greve do trabalhador”, completa o presidente do Sindicato.

Reivindicações – Os bancários protestam contra a proposta apresentada pelos banqueiros no último dia 20: 4% de reajuste, mais R$ 1.000 de abono e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nos mesmos moldes da paga no ano passado, ou seja, 80% do salário mais valor fixo de R$ 733. Os banqueiros anunciaram, ainda, que pretendem retirar um direito dos trabalhadores: a 13ª cesta-alimentação paga no ano passado. Essa proposta foi rejeitada em duas assembléias de trabalhadores – uma na Praça do Patriarca, no dia 21, e outra no Bradesco Cidade de Deus, no dia 22. A Fenaban foi informada, mas até agora não marcou nova negociação.

As reivindicações dos bancários os banqueiros conhecem desde 11/8: reajuste salarial de 11,77%, PLR maior (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), valorização dos pisos, garantia de emprego e novas conquistas – como o 14º salário, 13ª cesta-alimentação, proteção salarial (reajuste sempre que a inflação acumulada alcançar 3%). Saúde é um dos eixos de campanha e há cláusulas de prevenção, reabilitação e isonomia dos trabalhadores afastados com os da ativa. Dentre as cláusulas sociais, há pontos como a promoção da igualdade de oportunidades e o controle de tempo de espera nas filas.

Também são reivindicados o fim da terceirização e a recontratação dos terceirizados; ampliação do horário de atendimento ao público para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho; medidas para coibir e combater o assédio moral; continuidade dos trabalhos da Comissão de Segurança Bancária; eleição de delegados sindicais nos
locais de trabalho.

A categoria – A data-base da categoria é 1º de setembro. No Brasil há cerca de 400 mil bancários. Em São Paulo, Osasco e Região são 106 mil trabalhadores distribuídos em torno de 3 mil locais de trabalho.
No ano passado, os bancários receberam reajuste salarial que variou entre 8,5% e 12,77% (no piso salarial), contra uma inflação de 6,4%. 
seja socio