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Na Boa Vista, o gerente do banco obrigou os funcionários a entrar pelo prédio do banco ao lado, subir até o 11º andar, pular janelas, passar pela casa do zelador, para chegar ao Bradesco pela escada de emergência de um prédio vazio. Os bancários foram expostos a risco físico, conforme apurou a reportagem da Folha Bancária, jornal do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região (fotos disponíveis).
Não faltaram policiais para obrigar a reabertura em todas as agências. Na da Sé uma dirigente do Sindicato, Jackeline Machado, foi presa. Jackeline conta que a PM arrancou as faixas do Sindicato e os bancários sentaram-se no chão para protestar, quando foram arrastados pela polícia.
“O que está acontecendo no Bradesco é um absurdo, mas não é de se estranhar. Esse banco é um dos que mais desrespeita os trabalhadores. Demite funcionários doentes e trabalhadores que estão há dois anos e meio de se aposentar, ou seja, perto da estabilidade pré-aposentadoria. Está sendo processado pelo Ministério Público por discriminação de gênero, raça e de idade”, relata Juvandia Moreira Leite, funcionário do Bradesco e secretaria-geral do Sindicato.
Ao mesmo tempo que acontecia tudo isso no Bradesco, no Itaú Ceic (Centro Empresarial, na estação Conceição do metrô) 8 mil bancários faziam atividade pacífica e em assembléia reforçaram a rejeição da proposta da Fenaban (foto no anexo).
A violência – As atividades no Bradesco hoje são um protesto contra a postura truculenta adotada pelo banco nas atividades da campanha salarial da categoria.
No último dia 23, a Cidade de Deus, centro administrativo do Bradesco e maior complexo bancário da América Latina onde atuam mais de 17 mil trabalhadores, parou suas atividades em protesto pela péssima proposta dos banqueiros na campanha salarial. A atividade duraria apenas até as 9h, quando seria realizada uma assembléia dos trabalhadores. Mas o banco convocou a Polícia Militar que agiu com extrema violência para forçar a entrada dos funcionários. No dia 28, durante a greve de 24 horas realizada pela categoria, o Bradesco novamente repetiu a dose e chamou a PM para tentar acabar com o protesto, direito legítimo dos bancários em campanha salarial.
“O tempo que os banqueiros perdem planejando como acabar com as atividades dos bancários, poderiam estar estudando uma proposta decente de aumento real de salário e PLR maior para os trabalhadores”, afirma o presidente do Sindicato, Luiz Cláudio Marcolino.
Campanha salarial – Não há negociação prevista na campanha salarial dos bancários. Há 50 dias com a minuta de reivindicações nas mãos, a Fenaban ofereceu, no dia 20, reajuste de 4% para salários, pisos e demais verbas salariais; abono de R$ 1.000 e Participação nos Lucros e Resultados (PLR) nos mesmos moldes da paga no ano passado, ou seja, 80% do salário mais valor fixo de R$ 733. Os banqueiros anunciaram, ainda, que pretendem retirar a 13ª cesta-alimentação paga no ano passado. Os bancários rejeitaram a proposta e votaram, em assembléia no dia 21, estado de greve – podem parar a qualquer momento – e um calendário de atividades que determinou a paralisação de 24 horas do dia 28. Caso não seja apresentada nova proposta, os bancários decidem, em Encontro Nacional no dia 1º de outubro, se entram em greve por tempo indeterminado a partir de 6/10.
As reivindicações – A minuta de reivindicações entregue aos banqueiros em 11 de agosto contém 100 cláusulas econômicas e sociais. Saúde é um dos eixos de campanha e há cláusulas de prevenção, reabilitação e isonomia dos trabalhadores afastados com os da ativa. Os bancários querem reajuste salarial de 11,77%, PLR maior (um salário mais valor fixo de R$ 788 acrescidos de 5% do lucro líquido distribuídos de forma linear entre os funcionários), valorização dos pisos, garantia de emprego e novas conquistas – como o 14º salário, 13ª cesta-alimentação, proteção salarial (reajuste sempre que a inflação acumulada alcançar 3%). Dentre as cláusulas sociais, há pontos como a promoção da igualdade de oportunidades e o controle de tempo de espera nas filas. Também são reivindicados o fim da terceirização e a recontratação dos terceirizados; ampliação do horário de atendimento ao público para das 9h às 17h, com dois turnos de trabalho; medidas para coibir e combater o assédio moral; continuidade dos trabalhos da Comissão de Segurança Bancária; eleição de delegados sindicais nos locais de trabalho.
A categoria – A data-base da categoria é 1º de setembro. No Brasil há cerca de 400 mil bancários. Em São Paulo, Osasco e Região são 106 mil trabalhadores distribuídos em torno de 3 mil locais de trabalho. No ano passado, os bancários receberam reajuste salarial que variou entre 8,5% e 12,77% (no piso salarial), contra uma inflação de 6,4%.