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Nenhum cidadão foi prejudicado, nenhum banco depredado. Pelo contrário, as atividades promovidas pelos bancários de São Paulo, Osasco e Região são conhecidas pelo tradicional bom humor e criatividade. “Temos que usar e abusar da criatividade, já que do outro lado está um dos setores mais poderosos da economia. A desigualdade é imensa” afirma o presidente do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região, Luiz Cláudio Marcolino.
E essa desigualdade manifesta-se, muitas vezes, por intermédio de quem deveria equilibrar a balança: a Justiça. Ao longo dos anos, de forma ininterrupta, os bancos utilizam-se de decisões judiciais, conhecidas como interditos proibitórios, para tentar proibir seus funcionários de protestar. Só que os interditos tratam de preservação do patrimônio, como se ao fazer greve os bancários promovessem a “ocupação” dos seus locais de trabalho.
“Os bancários só lutam para tirar de um dos setores que mais lucra no país, sua parte em aumento real e participação nos resultados. Isso é um direito previsto pela nossa Constituição”, destaca Marcolino. O teor dos interditos varia: alguns obrigam os manifestantes a permanecer longe da agência, outros proíbem faixas, cartazes e até a utilização de som. As multas por desobediência chegam a R$ 100 mil.
Este ano não é diferente: os bancários nem entraram em greve e já são 12 interditos. O campeão é o Bradesco com quatro, depois vem o ABN com dois. Itaú, Unibanco, Banespa, HSBC, Sudameris e Citibank contribuem com um cada. Em 2004 e 2005 foram mais de 30. “Esse instrumento é concedido de forma errada e ainda vai contra o direito de greve. O que aconteceu no feriadão de setembro – a Fenaban pagando estadia para juízes num hotel no Nordeste – causa ainda mais preocupação: como vamos conseguir lidar com tamanha desigualdade nas relações entre patrões e empregados”, questiona o presidente do Sindicato.
Greve – Não há uma nova rodada de negociação prevista entre o Comando Nacional dos Bancários e a Fenaban. Diante disso, os bancários de todo o país preparam uma paralisação de 24 horas para a próxima semana. Na segunda-feira, dia 25, em São Paulo, os trabalhadores fazem assembléia, de acordo com os parâmetros da lei de greve, e no dia 26 pode haver greve geral. A categoria reivindica aumento real de salários, de 7,05%, além da reposição da inflação, e participação maior nos lucros e resultados – de 5% do lucro líquido linear, mais um salário bruto acrescido de R$ 1.500. No ano passado, os bancários receberam reajuste de 6% (1% de aumento real), mais R$ 1.700 de abono e PLR mínima de 80% do salário mais R$ 800, após seis dias de greve no mês de outubro.
Reivindicações – A minuta dos bancários foi entregue no dia 10 agosto, quando aconteceu a primeira rodada e foram apresentadas as cláusulas prioritárias. Outras rodadas aconteceram nos dias 21 e 29 de agosto, 15 e 19 de setembro. A data-base da categoria é 1º de setembro. No Brasil há pouco mais de 400 mil bancários, 106 mil deles atuam na base do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.
Além das cláusulas econômicas, os trabalhadores querem o fim do assédio moral e das metas abusivas; a isonomia de direitos entre trabalhadores aposentados, afastados e de bancos que sofreram fusões; a manutenção do emprego – por meio da proibição de dispensas imotivadas e da ampliação do horário de atendimento com dois turnos de trabalho – e a redução dos juros e das tarifas.
Além desses eixos, são consideradas prioritárias as cláusulas que reivindicam 14º salário; plano de cargos e salários para todos os trabalhadores; regramento da remuneração variável; aumento na gratificação de caixa; vale-alimentação de R$ 300; auxílio creche/babá de um salário mínimo; auxílio-educação para todos os funcionários; fim da terceirização de serviços; criação de comissão de segurança bancária; isenção de tarifas para todos os bancários; delegados sindicais em todos os bancos; programa de reabilitação profissional.